Crise ou sucesso – questão cultural
Quem nunca ouviu a expressão “o brasileiro deixa tudo para a última hora”? Ou aquela outra máxima “se não deu certo, era porque não era pra ser”?
Essas, dentre outras expressões, são muito comuns aqui no Brasil e são tratadas até com certa naturalidade, sabe lá o porquê.
Porém amigos, se elas já não são boas para a vida pessoal, imagine para a vida profissional; podem ser a linha tênue que separa o sucesso do fracasso.
Recentemente, fiz uma pausa nas minhas férias e desviei um pouco a viagem em busca de resposta para uma pergunta em especial (dentre outras): por qual motivo as Recuperações Judiciais nos EUA têm sucesso em 30% dos casos e no Brasil em apenas 1%.
Abrindo parênteses para definir, muito sinteticamente, o que são Recuperações Judiciais: são processos judiciais usados por empresas em crise financeira que buscam se recuperar, apresentando plano que, entre outras coisas, propõe a reestruturação do pagamento dos débitos, alongando prazos, prevendo descontos etc. Como exemplo, podemos citar o pedido recente da empresa OGX, de Eike Batista.
A resposta para a pergunta acima teve, como um dos pontos principais, a cultura do empresário norte-americano, que, apesar de ter o empreendedorismo e a cultura do risco nas veias, vale-se sempre de planejamento prévio e de consultas com profissionais que dão suporte ao seu negócio, em todas as fases (inicial, empresa estabelecida, empresa em crise etc.).
E é aí que eu me dirijo mais especificamente aos leitores empresários, ou que planejam a curto, médio ou longo prazos, abrir seu próprio negócio: procurem sempre fazê-lo consultando previamente profissionais de suporte, como consultorias econômicas, contábeis, jurídicas, de marketing etc.
Se você já tem sua empresa constituída, porém os negócios não vão bem e o cenário cada vez se mostra mais desfavorável, não espere que a luz vermelha acenda tanto a ponto de queimar seus olhos: procure profissionais que possam ajudá-lo a sair da crise.
O que percebo no dia a dia no contato com empresários é que grande parte não quer admitir que o negócio não está dando certo; outros até admitem, mas pensam que ninguém poderá ajudá-los a não ser eles próprios, visto que ninguém melhor que eles para entender dos seus negócios.
Obviamente eles têm muito conhecimento do negócio em si – esse pensamento não está equivocado. No entanto, existem várias outras esferas que precisam estar alinhadas para que a empresa supere a crise, ligadas, principalmente, as áreas citadas acima – econômica, jurídica, contábil, marketing/vendas etc. Ninguém pode dizer que tem conhecimento multidisciplinar a ponto de dominar todas essas áreas. “Cada macaco no seu galho”, não é mesmo?
Já se você tem sua empresa constituída, atualmente bem firme nos trilhos e os negócios vão “muito bem obrigado”, mesmo assim sempre tenha um time de profissionais de suporte para assessorá-lo, diante de todas as variáveis que podem ocorrer com o passar do tempo; afinal, mesmo que o mar pareça tranqüilo, sempre existem pontos que podem melhorar, não é mesmo?
"Fernando Pompeu Luccas é advogado, palestrante, membro da Comissão de Estudos sobre Direito Recuperacional e Falimentar da OAB/Campinas, Especialista em Direito Processual Civil pela Puc-Campinas, pós-graduando em Direito Empresarial pela Escola Paulista de Direito – EPD e em Recuperação de Empresas e Falências pela Fadisp/SP.
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