Raquel Baracat

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Lulu x Tubby: aplicativos iniciam uma guerra dos sexos

Lulu, referente ao termo “Clube da Luluzinha’” usado quando um grupo de mulheres se reúne para tratar de assuntos ‘proibidos’ para homens, é o novo aplicativo voltado para o público feminino e funciona como todos os apps que usam o Facebook Connect.

Nele, as mulheres avaliam os homens através de uma série de tópicos como: educação, aparência, sexo, ambição, senso de humor, inteligência, caráter, comportamento, além de adjetivos sob a forma de #hashtag com frases do tipo “#seacha, #filhinhodamamãe, #nãovailigarnodiaseguinte e até #nãofaznemcocegas.

Somados geram uma nota média que aparece sobre a foto do perfil.

Tanto as avaliações dadas, quanto as visualizações e demais atividades permitidas pelo aplicativo são totalmente anônimas, identificadas apenas pelo nível de relação com o pretendente (ex-namorada, amiga, ficante) que a usuária selecionou.

 Os homens, logicamente, não podem entrar no sistema, são liberados apenas para visualizar seus perfis, além de alterar a foto e sugerir hashtags, mas caso queiram ser retirados do banco de dados podem baixar o app que identifica o gênero de quem fez o download pelo link com o Facebook ou pelo site do Lulu.

De acordo com o Portal G1, a estudante de relações internacionais Marina Castelo, de 20 anos, umas das usuárias da fase de testes do app em Campinas, diz já ter avaliado cerca de 300 rapazes. “Eu peguei mais no pé, tipo, uma vingança pessoal”, brinca. “[Os homens] Eles são muito folgados. Então, no Lulu, a gente consegue fazer uma vingança.” E acrescenta que já fugiu de uma “furada” graças ao Lulu. “Falavam que ele era ‘galinha’, usava Ryder. A melhor coisa é você poder, além de se vingar, ver a opinião que as meninas estão dando antes de você se meter numa encrenca com um carinha”, disse.

 Na mesma matéria, a estudante de administração Jenifer Besson, de 20 anos, também de Campinas, concorda. “Dá até para se vingar de alguns. Mas eu não sou uma dessas meninas. Eu fui sincera.”

 

Lançado em fevereiro nos EUA, o aplicativo já conta com mais de um milhão de adeptos americanos. O Brasil é o segundo país a receber o Lulu e é o líder de downloads da App Store e Google Play, ficando na frente do famoso Tinder (aplicativo de paquera que mostra fotos na tela, oferecendo apenas duas opções de interação: um X :‘nope’, ou ‘não gostei’ e um coração:‘liked’, ou ‘gostei’. Quando duas pessoas ‘se curtem’, o sistema avisa e o casal interessado pode se comunicar).

“O Brasil é um mercado que está crescendo muito com as redes sociais. E o Lulu é um app polarizador, provocante e tem tudo a ver com a mulher brasileira”, disse ao G1, Helene Hermes, gerente de marketing da Luluvise no Brasil.

 Acontece que essa nova ferramenta de inocente brincadeira pode virar um grande problema (inclusive para o Facebook), pois ascende discussões sobre invasão de privacidade, consequências (sérias) judiciais para quem usa e psicológicas para quem é julgado. 

Foi o que veio à tona na terça-feira (26), quando um estudante de Direito de 26 anos entrou com uma ação contra o aplicativo (a primeira petição contra o Lulu) ao se sentir ofendido sobre sua avaliação. Algo como: “mais barato que um pão com manteiga”, “bafo da morte” e “aparadinho”.

Leonardo Vizeu, advogado constitucionalista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RJ), disse que a iniciativa pode e deve ser seguida por qualquer um que se sentir lesado pela ferramenta.

“A Constituição garante proteção à intimidade e veda o anonimato. O sujeito exposto pode entrar com ação cível, por perdas e danos, ou penal, por difamação e crime contra a honra. O culpado pode pegar de três meses a um ano de detenção ou pagar multa de R$ 5 mil a 10 mil”, disse.

Já a Delegacia de Repressão a Crimes de Informática informou que é possível quebrar o sigilo do aplicativo e desmascarar os autores da suposta injustiça virtual. O mais difícil, porém, é lidar com as feridas psicológicas, diz a psicóloga Alexandra Araújo.

“Pessoas com baixa autoestima podem desenvolver quadro de depressão por acreditarem nos comentários. É uma plataforma perigosa, propícia para disseminar mentira, vingança e cyberbullyng”, avalia.

Tubby: a vingança dos homens

 

Depois de eles terem suas aptidões expostas para todas as mulheres, o Tubby- nome original do personagem Bolinha, amigo da Luluzinha, chegou para inverter o jogo.

Essa é a promessa de três brasileiros que decidiram pegar carona nas polêmicas em torno do Lulu e lançar um aplicativo reverso. No Tubby, homens podem fazer análises sobre as mulheres que conhecem usando hashtags.

"Não queremos causar muito, mas sabemos que a mente do brasileiro é criativa!", disse um dos criadores ao Olhar Digital do UOL, Rafael F., de 22 anos.

"Hoje em dia tudo é julgado muito superficialmente. Nosso app vai sim ser considerado machista por uns, e para outros vai ser apenas diversão. Ele é um app para homens relatarem suas experiências, apenas. Não o consideramos machista e nem queremos passar esta imagem", analisa ele.

O download do app já está disponível, tanto para Android quanto IOS. Além de estar sendo criado um algoritmo que detectará hashtags ofensivas para que elas não se espalharem pelo serviço, as mulheres também terão como ser retiradas do banco de dados e se manter longe do Tubby, como é feito com os homens no Lulu.

Pois é, a guerra dos sexos virtual foi declarada!

Só espero que ambos os aplicativos se preocupem com os comentários feitos em forma de hashtags. Alguns, a meu ver, são BEM ofensivos. Pronto, falei.

  ( FONTES: UOL, IG, GLOBO, G1,TERRA E GOOGLE)

Milena Baracat é formada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). 

Atualmente atua com profissionais  no desenvolvimento, tratamento de acervos, informatização e tecnologia da informação aplicada para bibliotecas particulares e privadas.