A Segunda Revolução da Odontologia: Os Implantes
Um dos maiores sonhos dos profissionais da Odontologia ao longo da história sempre foi conseguir restaurar um dente perdido com naturalidade e efetividade. Inúmeras tentativas de se implantar diferentes tipos de objetos nos espaços dos dentes perdidos foram realizadas ao longo da história, sem, contudo, apresentar grande sucesso. Estudos arqueológicos encontraram vestígios de implantes rudimentares realizados pelos Egípcios, Chineses e Maias, de 3.616 a 2.637 aC, utilizando-se osso, pedras preciosas, metais, marfim e dentes humanos.
A 1ª tentativa de realizar-se um implante endósseo foi relatada em 1919, por Greenfield, utilizando um implante de iridioplatina. Ao longo do tempo, diversas outras tentativas de implantar materiais para substituição de dentes ausentes foram relatadas ao longo da história. Nenhuma destas tentativas apresentou resultados animadores de sucesso em longo prazo. Esses implantes apresentaram resultados desfavoráveis, com reabsorção óssea severa e altos índices de insucesso.
Assim, até os anos 80, o que a odontologia convencional oferecia para solucionar os casos de perdas dentárias eram as próteses removíveis retidas a grampo, altamente desconfortáveis e anti-estéticas, e as pontes fixas, que necessitavam de grandes desgastes nos dentes adjacentes às falhas dentárias para encaixe da ponte fixa sobre eles - portanto, para se restaurar um dente perdido, era necessário desgastar-se dois dentes bons!!!
Para as perdas de todos os dentes, a única opção de tratamento era a dentadura, tão desagradável e traumatizante para os pacientes que as utilizam... Nenhuma destas alternativas de tratamento contentava os dentistas e os pacientes mais exigentes.
A segunda grande revolução da odontologia foram os implantes osseointegráveis em titânio, propostos por Per Ingvar Brånemark. A descoberta destes implantes ocorreu acidentalmente em 1952, quando o Prof. Brånemark, um ortopedista sueco, estudava a circulação sanguínea em tíbias de coelhos, utilizando uma câmera de microscopia vital de titânio. Ao final dos experimentos, ao tentar remover as câmeras, o Prof. Brånemark notou que elas estavam fortemente unidas ao tecido ósseo das amostras, o que contrariava tudo o que já havia sido visto até então.
Foram então iniciados os estudos utilizando-se parafusos de titânio para comprovar este fenômeno, descrito como osseointegração, no qual se verifica a conexão rígida estrutural e direta entre osso vivo e ordenado e a superfície dos implantes de titânio submetidos a função mastigatória. Estes estudos foram iniciados na década de 60, porém só foram divulgados mundialmente 25 anos depois, após extenso acompanhamento de todos os casos realizados em longo prazo.
O sucesso impressionante alcançado com esses implantes de titânio abriram novas e empolgantes perspectivas, dando início à era da Odontologia Osseointegrável. A partir desta possibilidade, começaram os tratamentos de perdas dentárias totais, parciais ou unitárias com próteses fixas, de alta capacidade funcional e grande sucesso em longo prazo. Com isso, foram praticamente abolidas as próteses removíveis, e os desgastes em dentes adjacentes para confecção de pontes fixas.
Os materiais e técnicas associados aos implantes osseointegráveis evoluíram muito ao longo do tempo até os dias de hoje, possibilitando a imensa gama de tratamentos utilizados atualmente, como os implantes em carga imediata, os implantes imediatos, os procedimentos de regeneração óssea guiada (ROG), os procedimentos de cirurgia plástica gengival ao redor dos implantes (plástica periimplantar), as próteses em zircônia livres de metal, os procedimentos de engenharia tecidual para ganho de tecidos duros e moles (BMP, PRF), são exemplos de tratamentos de rotina nos consultórios odontológicos de alta performance, que permitem resultados de alta estabilidade estética e funcional, com redução considerável no tempo de tratamento, e minimização do desconforto durante a realização dos procedimentos. Todos esses procedimentos serão abordados em detalhes nas próximas colunas.
Por fim, devemos à Odontologia Osseointegrável, a segunda grande revolução da odontologia, os resultados que conseguimos obter nos Tratamentos Odontológicos atuais, com resistência e longevidade excepcionais, e resultados estéticos que beiram a perfeição.
Dr. Abílio Coppedê
Cirurgião-Dentista, Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela FORP-USP, Pós-Doutorando em Implantodontia pela UnG, Pós-Graduado em Cirurgia Avançada pelo IAP - São Paulo, Coordenador do Curso de Especialização em Implantologia pela ABO-Campinas, Professor do Curso em Cirurgia Avançada de Implantes Zigomáticos pela Uningá - Maringá, Coordenador do Livro "Reabilitando Maxilas Atróficas Edêntulas Sem Exertos Ósseos" pela Quintessence Internacional, Autor de diversos Artigos Científicos Internacionais e Nacionais, Autor de diversos Capítulos de Livros Científicos na área de Implantodontia, Membro da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral, Membro da Academia Brasileira de Osseintegração.
Coordenador do Departamento de Reabilitação Oral da Clínica Odontológica Sculpere Odontologia e Arte- Campinas (www.sculpere.com.br).