Alguém aí sabe o que é autoestima e autoconfiança?
Sempre imaginei que, se algum dia resolvesse escrever sobre minha experiência como psicóloga (e há tempos venho acalentando este desejo), o faria começando por esta dupla: autoestima e autoconfiança.
Sempre me pego durante as sessões de psicoterapia com meus clientes, a desvendar o significado de ambas, apesar de não serem nem parentes por afinidade, do ponto de vista conceitual. O que ocorre é que a maioria das pessoas pensa ou concebe as duas como uma coisa só: o quanto eu consigo me amar.
Nos dias de hoje se fala muito sobre isso: “a fulana não tem um pingo de amor-próprio” (leia-se a fulana tem a autoestima baixíssima) ou o ciclano “não se valoriza” o que significa que o ciclano não confia em suas qualidades. Então vamos aqui iniciar nossas conversas (que espero sejam interessantes e longevas!), com uma diferenciação entre estas duas dimensões humanas que, têm uma importância fundamental em nossa relação com o mundo.
A autoestima é um estado emocional, que se origina na primeira infância, se forma junto da personalidade até por volta dos seis anos de idade e, depende fundamentalmente das figuras de afeto e do ambiente afetivo do qual fazemos parte. Sim, essa é dependente do quanto às pessoas a sua volta te amaram (ou o quanto você conseguiu captar deste amor) e alimentaram sua capacidade de amar! Famílias continentes, que apoiam e dão respaldo e, ao mesmo tempo, incentivam e soltam, formam indivíduos com uma boa autoestima. Já aquelas famílias que protege demais, é insegura ou desestimuladora e crítica, promove o rebaixamento da autoestima, enquanto construção.
Por outro lado a autoconfiança não depende de seu ambiente afetivo e sim do ambiente performático. Aqui, quanto melhor ou mais consistente for seu desempenho em qualquer situação, mais alta será sua autoconfiança. Ela depende exclusivamente das consequências diretas de seus comportamentos que, mostrarão seguramente se você está se saindo bem ou não. Uma história de vida com muitos acertos promove uma tendência a desenvolver uma autoconfiança elevada.
Portanto, um mesmo indivíduo pode ter autoestima baixa e autoconfiança elevada e vice-versa. É muito comum no processo de psicoterapia chegar-se as estas disparidades entre ambas, o que explica muitas dificuldades em desdobramento.
É muito importante conhecermos as razões pelas quais nos comportamos de determinadas maneiras e, como através de nossa história de vida, fomos levados a desenvolver este ou aquele perfil. Conhecer-se encurta o caminho entre as tentativas e os acertos, porque afinal, a gente erra menos fazendo escolhas mais coerentes com nossa essência.
E agora, quem arrisca avaliar sua autoestima e autoconfiança?
Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos
Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo.
Psicoterapeuta comportamental há 15 anos em consultório privado e, desde 2011, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil.
Minha grande busca é transpor os limites do consultório, viver e aprender a psicologia em outras fronteiras, levar a ajuda e receber o aprendizado.
Contato: fbvpsicologa@gmail.com