Raquel Baracat

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Ativistas de direitos animais combatem propaganda de foie gras com boicote


O Natal está chegando e os gansos engordando. Mas as campanhas dos ativistas por direitos animais estão pedindo aos consumidores que não joguem nesse ano um só centavo no chapéu da indústria de foie gras. As informações são do The Guardian.


O apelo veio enquanto agricultores que produzem a iguaria tradicional francesa emitiram um mea culpasurpreendente sobre a forma como é produzido o fígado do ganso e pato gordo.

Também veio logo após a decisão de dois famosos chefs de cada lado do canal – Gordon Ramsay no Reino Unido e Joël Robuchon na França – para deixar seu fornecedor de foie gras depois da publicação de fotografias chocantes que mostram a extensão do sofrimento suportado pelas aves.

Cifog, o órgão que representa os produtores de foie gras francês, admitiu que os agricultores podem ter “ido um pouco longe demais”.

A porta-voz Marie Pierre Pe disse que os produtores estavam determinados a ser mais abertos e transparentes sobre o aspecto mais controverso da produção de foie gras, a sonda gástrica ou alimentação forçada, de patos e gansos. Isso geralmente é feito pressionando um tubo pela garganta da ave e bombeando uma mistura de grãos para o estômago.

“Claro que a sonda gástrica não é muito romântica e por isso, evitamos falar sobre. Mas agora nós estamos tentando explicar cada vez mais”, disse Pe. “Na década de 1980 cerca de 30% a 35% de foie gras era produzido no leste europeu e tivemos que melhorar a produção para sermos mais competitivos, mas talvez tenhamos ido longe demais”, acrescentou.

Sébastien Arsac da associação “L214 Ética e Animais”, que divulga a campanha “Pare com a tuba gástrica”, disse que a produção francesa de foie gras é agora industrial e não tradicional. A França produz e consome 75% do foie gras do mundo.

Gostaríamos que os chefs criassem uma nova gastronomia francesa, não mais com base no sofrimento e maus-tratos de animais”, disse Arsac.”É difícil mudar as atitudes, porque as pessoas vêem foie gras como algo francês e tradicional, mas estamos vendo uma mudança lenta e as pessoas estão se afastando disso”.

Foto: Reprodução

L214, cujo nome deriva de uma lei no código rural francês, afirma que uma pesquisa que encomendou em 2009 mostrou que 18% dos consumidores franceses disseram recusar a comprar foie gras em razão da crueldade contra os animais. Esse número agora subiu para 29%, disse.

Um estudo científico de 89 páginas, aprovado em 1998 pela Comissão Européia, encontrou taxas de mortalidade entre as aves alimentadas à força de até 20 vezes maior do que a habitual. O relatório descrevia foie gras como o “fígado patológico de uma ave que sofre de esteatose hepática” – uma formação de células de gordura que, em humanos, geralmente seriam provocadas pelo abuso de álcool ou obesidade.

Os produtores dizem que o código rural decreta que “foie gras é parte protegida do patrimônio cultural e gastronômico da França”.

Xavier Fernandez, do instituto de pesquisa em agronomia de Toulouse , afirma que: ” A alimentação forçada não é mais chocante do que qualquer outro método de criação de animais. No final do dia, a verdadeira questão é se devemos ter ou não a criação de animais para consumo humano”. Deixando explícita a escolha abolicionista que devemos tomar perante qualquer forma de exploração animal.

Arsac disse que os ativistas dos direitos animais planejam ter um período sazonal ocupado. ” Os produtores estão gastando milhões em propaganda na TV na fase que antecede o Natal e ano novo. Nós temos que combater isso, lembrando às pessoas como o foie gras é produzido, causando sofrimento aos animais”.

 

Agnes Nääs é Servidora Pública Federal. Autora da fan page Amor de Bicho-MS. Ex radialista da Rádio Ataláia de Campo Grande-MS, na qual era responsável pelas matérias destinadas à saúde animal, prevenções de doenças e posse responsável.

Desde criança é apaixonada por animais, mas somente quando se mudou para Campo Grande-MS teve contato com outros protetores, veterinários e autoridades do ramo da saúde animal.