Raquel Baracat

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Confiança para influenciar; Influência para Liderar"

Lições de meu encontro com Ken Blanchard -  A importância da Confiança para as relações humanas e seu impacto nos negócios no Brasil

No ano passado de conhecer e poder trocar algumas palavras com Ken Blanchard, co-criador do modelo de Liderança Situacional e outras ferramentas que aplico com grande freqüencia em meus treinamentos de Liderança e de Aceleração de Liderança.

Tenho utilizado sobretudo os conceitos mais recentes dele, abordados em seu livro "Liderança de Alto Nível" (2006) que é voltado justamente para a alta performance de organizações através de liderança e foi muito bom ver sua lucidez e novas idéias no auge de seus 74 anos, sem dúvida uma inspiração para todos nós. 

Junto a ele, estava também um importante autor que utilizo com frequência, Dr. Stephen Covey, um dos mais recentes estudiosos sobre o impacto da confiança para a velocidade das organizações ( "The Speed of Trust" *). O conceito é simples, imagine que você irá para comprar um carro. Existem dois vendedores, um de sua família e outro desconhecido. Para quem será que irá pedir mais documentos, histórico, referências, garantias de que realmente o carro não foi batido antes? A desconfiança também traz junto dela burocracia.


Existe um dado muito interessante sobre a confiança do Brasileiro em si e no outro. Nós somos um dos povos que mais se julga "de confiança", porém vivemos o paradoxo de também sermos um dos povos que mais desconfia do outro. Esta conclusão é resultado de uma pesquisa global chamada "World Values Survey", realizada entre 1995 e 2009, em que dentre muitos pontos, calcula-se para o povo de cada país um índice de confiança. A base do cálculo deste índice é:

Índice de Confiança - 100 + % dos respondentes que "confiam nos outros" - % das pessoas que acreditam que "nunca se é cuidadoso o suficiente quando lidando com outros"

Desta forma:
- o índice pode ser maior que 100, no caso de um alto número de respondentes dizendo que confiam em seus conterrâneos e tem um baixo índice de pessoas dizendo que precisa-se tomar bastante cuidado quando lidando com outras pessoas, enquanto do outro lado temos

-  um índice inferior a 100, em que os respondentes não confiam nos outros e também acreditam que "nunca se é cuidadoso o suficiente" quando lida com outras pessoas.

É interessante pensar que nossa nota foi abaixo de 20 neste índice, nos equiparando apenas a Indonésia, turquia e alguns países africanos, enquanto os países escandinavos deram uma aula de confiança. Veja que a própria China tem uma nota altíssima no índice de confiança. 

veja a pesquisa completa:

http://www.jdsurvey.net/jds/jdsurveyMaps.jsp?Idioma=I&SeccionTexto=0404&NOID=104

Ou seja, podemos inclusive inferir que muito da burocracia que temos no Brasil, que impacta em custos elevados, um sistema obeso de fiscalização e auditoria, bem como controles estruturados nas empresas, como ponto eletrônico, refletem apenasnossa cultura de desconfiança. Nós temos cartórios no Brasil! Imagine quantos recursos financeiros no país são direcionados para que um terceiro diga - "Sim, esta assinatura é sua mesmo" e quanto tempo já foi gasto, pelo indivíduo interessado ou por um courier, para receber um selo de autenticidade. 

Para apoiar este processo de transformação, gostaria de trazer alguns pontos da pesquisa mais recente de Blanchard, composta em seu livro "Trust Works" (ainda sem tradução). 

Quando estive pela segunda vez com Ken, discutindo sobre seu livro mais recente "Trust Works".

 

O modelo que Blanchard propõe em seu livro, escrito junto à Cynthia Olmstead e Martha Lawrence, é um modelo que chamaram de ABCD da confiança. 

O principal ponto do conceito que abordam é que confiança é resultado de nossas ações junto a outros. Desenvolver e manter confiança é uma tarefa em que deve-se ser o protagonista, ser ativo na contrução de vínculos com outras pessoas. 

Realmente, fazer todos os 4 quadrantes que eles propõe à maestria é difícil em um mundo corrido como o nosso, porém se formos manter os pontos principais, passa a ser mais simples e claro o que devemos fazer. 

 

  • Demonstrar capacidade de fazer de realizar, para que as pessoas confiem em nós pelo nosso conhecimento ou execução. 
  • Aja com integridade - reflita sempre se a outra pessoa sentirá se incomodado com algo que está fazendo, seja transparente e não apele para os atalhos para resultados mais simples, rompendo com princípios de certo e errado dentro de sua cultura.
  • Preocupe-se com os outros - entenda a perspectiva dos outros, contate-os, pergunte como a pessoa está. Demonstre real interesse no que a pessoa está passando.
  • Mantenha fidelidade - demonstre acima de tudo consistência em seu comportamento, o ser humano busca "previsibilidade" nas relações. 

Esta é uma humilde colaboração minha, na esperança de que possamos realmente desenvolver as pessoas, criando um país em que se possa confiar mais uns nos outros. 

Um forte abraço a todos

João Marcelo Furlan

João Marcelo Furlan é: Diretor Executivo Enora Leaders, Vice-Presidente de Expansão e Desenvolvimento de Regionais da ABRH-SP, é criador do Blog Liderama e membro do Comitê Externo de Avaliação do Insper;

Mestre em Marketing e Gestão Comercial pela SDA Bocconi (Itália) e ESADE (Espanha), é Administrador de Empresas pelo Insper, com extensões em Gestão de Mudanças pela Notre Dame University, Negociação Avançada e “Deal Design” pela Harvard Negotiation Institute e em High Potential Leadership Skills pelo Center for Creative Leadership;

Certificado em Design de programas de Liderança pela American Society for Training & Development (ASTD)

Atuou nas áreas Comercial e de Marketing da Whirlpool Corporation (Brastemp, Consul, Kitchen Aid) no Brasil e também como gerente de Marketing na Associated British Foods (Fleischmann, Ovomaltine, Twinnings). No exterior, foi diretor de Marketing e Vendas da Headway Dynamics nas Filipinas.

Como consultor da Enora Leaders, atualmente implementa e acompanha programas in company de desenvolvimento de competências e aceleração de liderança em empresas como Petrobras, Cielo, Gerdau, General Electric, Vale, Nivea, Elektro, Medley, Brookfield Incorporações e Syngenta.

Sua missão pessoal é ajudar a transformar o Brasil através da Educação.

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