Mais gente, menos gestão
Ultimamente tenho tido bastante contato em empresas com equipes responsáveis pela área de Recursos Humanos. A criação desta área em empresas de grande porte e mais recentemente até mesmo nas de média e pequena estrutura já são um grande avanço quando temos como comparativo o cada vez mais obsoleto ‘D.P.’ (departamento pessoal) ainda presente em algumas empresas e em órgãos públicos.
Hoje há departamentos de recursos humanos que participam diretamente de decisões estratégicas de empresas. Cá entre nós isto é uma medida extremamente salutar, mas ainda não são todos os profissionais que conseguem ter a abrangência de visão necessária para isto. Na realidade, vem ocorrendo nos últimos dez anos uma transição conceitual de maneira mais acentuada no modo de encarar a função da área. E como já abordamos em colunas anteriores, mudanças podem gerar desconforto. Principalmente quando esta mudança é estrutural. E neste caso não se trata apenas de uma mudança estrutural, mas uma série de paradigmas que devem ser quebrados.
Durante décadas o foco das empresas era a elaboração dos processos, a parte gerencial, os resultados de modo geral e o desenvolvimento de habilidades diretamente ligadas à questão técnica. Hoje isto mudou e o foco deve ser nas pessoas. Nada mais normal em um mundo cada vez mais competitivo, onde há um nivelamento na qualidade da mão de obra e por inúmeros fatores a comunicação e a relação interpessoal está cada vez mais difícil. Contudo, há alguns itens que devem ser observados para que isto aconteça, dentre os quais está o preparo do gestor da área de recursos humanos.
O fato é que alguns gestores ainda não perceberam isto. Alguns já conseguiram enquanto outros simplesmente ignoram esta tendência. Há outros ainda que estão no meio do trajeto ou construindo uma ponte entre os dois pontos que separam a ideia da realização. Mas, dentre estes profissionais encontram-se aqueles que ainda não tomaram vulto da importância desta visão global e focam suas atenções apenas em processos, procedimentos, temas menos importantes e em clichês da área.
É preocupante quando em reuniões que participo ao invés de salientar os pontos que devem ser trabalhados e desenvolvidos alguns ficam mais preocupados em demonstrar ‘todo o seu conhecimento’ na área e abusam de termos ‘enlatados’. Já ouvi frases tão recheadas destes termos que perderam totalmente o sentido. Coisa do tipo: “É importante vermos direito o ponto sobre treinamento, porque o target envolvido está fora do meu budget. Acho que esta questão interfere no turn over e nos processos e está diretamente ligada à Geração Y, que tem foco no fator sócio ambiental e no business.”
Confesso que não entendi nada e que fiquei um pouco assustado com a miscelânea gramatical e conceitual que me foi apresentada. Não tive a oportunidade, mas se pudesse teria dito a ela duas coisas: Por favor, mude seu foco. Menos clichês e mais visão. Mais gente e menos gestão.
Dr. José Carlos Carturan Filho
Head Trainer da Elleven Desenvolvimento Humano, especialista em Medicina Comportamental pela UNIFESP/EPM (Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina) e manter Practitioner em PNL formado pela International Trainers Academy - Londres.
MBA em Gestão de Saúde e Marketing, professor do MBA de Gestão em Vendas da Universidade Paulista – Disciplina: "Comportamento do consumidor" e Cirurgião Dentista.
Formação em Hipnose Ericksoniana e Hipnose Clássica pela UNIFESP/EPM (Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina).