Raquel Baracat

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O que é uma equipe vencedora por Marcelo Veras

 

Ingredientes: Competências complementares, confiança e um norte claro

 

Não foram raras as vezes em que ouvi a seguinte pergunta em sala de aula: “Professor, como se constrói e se lidera uma equipe forte? E como se administra uma equipe com muitos talentos sem muitas brigas?”. Esta questão deve rodear a mente de muita gente. Do futebol às empresas, passando por qualquer projeto ou trabalho que tenha que ser feito em grupo, a crença (e ação) em relação a este tema separa o sucesso do fracasso. Um dos “memes” que mais gostei sobre a copa tinha quatro frases: “Portugal tem Cristiano Ronaldo. Argentina tem Messi. Brasil tem Neymar. E a Alemanha tem um time”. Perfeita para explicar as duas máximas dos trabalhos em equipe. A primeira é que o resultado sempre depende mais do todo do que de uma parte, por melhor que esta seja. A segunda, não menos importante, é que não basta ter o melhor em uma única posição e sim, pessoas muito competentes, cada uma no seu pedaço e, portanto, com competências complementares trabalhando em conjunto.

Acabo de assumir um novo desafio profissional, com uma equipe bem grande (aproximadamente 1.300 colaboradores) e bastante diversificada. Na minha primeira reunião com os principais líderes, deixei claro qual será o tom da minha gestão, principalmente em relação à gestão de pessoas. Não falei nada de novo e que já não tenha escrito aqui neste espaço, mas simplesmente o que acredito. Disse apenas que trabalharemos com alguns ingredientes básicos para o “prato” que iremos montar: Norte claro, meritocracia, confiança e respeito mútuos, pontualidade e assertividade. Ou seja, quero um ambiente onde todos se sintam seguros e confiantes em relação ao futuro da empresa. Além disso, onde todos saibam que o mérito será o principal indicador de avaliação do trabalho e onde as relações sejam pautadas pelo respeito, confiança e complementaridade. Estes, para mim, são os ingredientes que qualquer empresa precisa para que se construa um time forte e os resultados apareçam, cada vez melhores.

Os mais próximos me ouviram falar, desde o final da primeira rodada desta copa, que ela seria ganha pela Alemanha ou pela Holanda. Disse claramente que não acreditava no Brasil e nem na Argentina. Não tenho bola de cristal e entendo pouco de futebol. Mas aprendi, depois de 25 anos de carreira, a enxergar equipes de sucesso e equipes que fracassam. Estas últimas, invariavelmente, tinham estrelas que estavam muito acima da média da equipe e que eram tratadas (e se comportavam) de forma diferente. Não estou aqui dizendo que Neymares, Cristianos e Messis não devam ter o seu momento de brilho, mas hoje tenho plena convicção de que prefiro um time sem estrelas e mais homogêneo. Acredito mais na força do conjunto do que na salvação de uma estrela. Tenho errado cada vez menos neste tipo de previsão, principalmente no ambiente empresarial.

Ninguém é bom em tudo. Não há como ser. O “charme” e o desafio de construir uma grande equipe está exatamente neste pequeno “detalhe”. E a solução é uma só – criar um time onde cada um faz a diferença em alguma competência importante para aquele projeto. Tão simples quanto isso. Quando temos vários imperfeitos, mas que são muito bons em algo, trabalhando juntos com objetivos claros e com os temperos citados acima, bingo! É aí que reside o sucesso. É nisso que acredito. É assim que será em qualquer equipe que tiver que liderar.  Já fiz isso algumas vezes. Não é teoria administrativa, mas sim o (único) caminho para se montar um time vencedor. Até o próximo!

Marcelo Veras

 

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
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