Raquel Baracat

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O chocante livro "Presos que menstruam" - Entretenimento por Milena Baracat

“Orange is the New Black” é uma série da Netflix baseada no livro homônimo de Piper Kerman, que narra os perrengues que Piper Chapman (Taylor Schilling) passa quando se vê obrigada a trocar sua vida confortável em New York às dificuldades da vida na penitenciária federal ao ser condenada por tráfico de drogas.

Como sou muito fã da série, me interessei logo de cara pelo recém-lançado livro “Presos que menstruam” que conta sobre o real sistema carcerário brasileiro para mulheres. Confesso que fiquei chocada! A luta diária dessas mulheres por higiene e dignidade, fez da série “Orange is the New Black”, até então impactante, parecer *história da Carochinha. A começar pela comparação das prisões limpinhas dos Estados Unidos às “masmorras medievais” malcheirosas e emboloradas brasileiras.

Com uma grande reportagem, a autora do livro Nana Queiroz (conhecida nas redes pela campanha do "Eu não mereço ser estuprada") ouviu e deu voz às presas -e às famílias delas- desde os episódios que as levaram à cadeia até o cotidiano no cárcere, mostrando de uma forma bem realista a perspectiva da vida de uma presidiária no Brasil.

Fruto de uma pesquisa de cinco anos, nas páginas do livro os relatos dessas mulheres invisíveis à sociedade e absolutamente negligenciadas pelo Estado são bem fortes, do tipo: a comida vem com cabelo e fezes de rato; bebês nascem em banheiros sujos na cadeia mesmo e com ajuda das outras presas; muitas mulheres dormem no chão revezando-se para poder esticar as pernas; os vasos sanitários têm descargas falhas e canos estourados causando mau cheiro; itens como xampu, condicionador, sabonete e papel são moeda de troca das mais valiosas e servem de salário para as detentas mais pobres, que trabalham para outras presas como faxineiras ou cabeleireiras.

Além disso, ainda tem a falta de: higiene, absorventes (muitas vezes elas improvisam com miolo de pão), papel higiênico para duas idas ao banheiro em vez de uma (como solução usam papel de jornal velho); exames como o de papanicolau, pré-natais e por aí vai.

A prisão é um mal necessário. Ela existe e tem atravessado os séculos porque a humanidade ainda não conseguiu uma nova alternativa de punição. Num momento em que se discute a situação do sistema prisional brasileiro com a redução da maioridade penal, vale a pena ler o livro e entender que antes de qualquer coisa, precisamos executar uma pena com humanização e ressocialização. Sinceramente, não sei como alguém que é submetido às situações mais degradantes como usar miolo de pão como absorvente interno ou ter que ter os seus filhos nos banheiros das prisões pela falta de estrutura do sistema público, pode sair de lá (cadeia) melhor do que entrou.

*historia da Carochinha: Todo mundo na infância já ouviu falar na dona baratinha “que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha” e quem quer casa com ela. Pois é, a mesma história que para nós chama “Dona Baratinha”, para os portugueses, em Portugal, chama História ou Conto da Carochinha.

Porém, em Portugal por se tratar de um conto tão antigo e que se tornou tão popular, passou a dar nome a qualquer história infantil que tenha sido publicado na época.

Já no Brasil, a Dona Carochinha, em figura, representa uma velhinha que conta histórias para as crianças, que quando foi “apresentada” pela primeira vez tinha a forma de uma barata. Ela passou a fazer parte do nosso folclore.

FONTE: http://cultura.culturamix.com/curiosidades/historias-da-carochinha-curiosidades

Milena Baracat

 

Formada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas). 

Atualmente atua com profissionais  no desenvolvimento, tratamento de acervos, informatização e tecnologia da informação aplicada para bibliotecas particulares e privadas.