Série “Cinco segredos para superar a perda: 4. Generosidade e altruísmo equilibrado” - Coluna Psicologia por Leticia Kancelkis
Hoje vamos falar sobre o quarto segredo para superar a perda, qual seja, generosidade e altruísmo equilibrado e alguém diante deste título, pode questionar: “Eu sofri a perda. Sendo assim, como a minha postura é que deveria ser generosa e altruísta neste momento? Preciso receber e não me doar agora.”
De fato, quando perdemos, sentimo-nos vulneráveis, sofridos e carentes a ponto de precisarmos receber consolo, apoio, força. Parece nem haver qualquer possibilidade de fazermos um investimento afetivo em quem quer que seja, não é?
Investimento afetivo pode adotar várias formas: perdão, gratidão, expressões de amor... Liberar perdão exige generosidade, assim como sentir-se grato provém de uma capacidade de tirar os olhos de si mesmo e colocá-los sobre o outro, inclusive sobre a generosidade e postura altruísta que este outro pôde ter em relação a nós. A simples possibilidade de tirar os olhos de si próprio é capaz de amenizar muitas dores. Se o foco está constantemente na perda e no sofrimento decorrente dela, aí está um verdadeiro alimento para o último e as chances dele ser maximizado e não relativizado são imensas.
Olhar para o outro com amor, seja liberando perdão, seja sendo grato, seja lhe oferecendo algo de que esteja precisando ou que lhe faça bem, traz justamente a oportunidade de enfraquecer a própria dor, na medida em que se alimenta pensamentos, sentimentos e comportamentos capazes de produzir o bem e o prazer em produzi-lo. Bons sentimentos, neste caso, é que são maximizados e não o próprio sofrimento.
Que possamos pensar a este respeito no sentido de compreendermos também que não estamos sozinhos; não somos os únicos a sofrer e nos conscientizando disso, entendendo que sempre temos o que fazer por alguém que sofre, tornamo-nos também mais receptivos ao que o próximo pode fazer por nós, ajudando a diminuir nosso sofrimento.
Que sejamos capazes de imitar o movimento da respiração: Inspirar o ar bom e expirar o ruim. O ar bom, aqui, representando expressões de generosidade (inclusive consigo próprio) e o ar ruim a postura autocentrada, focada no próprio sofrimento, que intoxica, envenena se não for expulso.
Leticia Kancelkis
Coluna Psicologia
Formada em Psicologia desde 1999, Mestre e Doutora em Psicologia Clínica de referencial Psicanalítico pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas). Autora dos livros: “O Sol Brilhará Amanhã: Anuário de uma mãe de UTI sustentada por Deus” e “Uma menina chamada Alegria”. Atua como Psicóloga Clínica, atendendo também por Skype. Contato:leticia.ka@hotmail.com