Raquel Baracat

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Suicídio - Coluna Psicologia por Leticia Kancelkis

Mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, de modo que acontece uma morte a cada 40 segundos no mundo. Esta é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.

É preciso que estejamos atentos a sinais como: isolamento, agressividade, tristeza freqüente, falas que contenham a ideia de que seria bom estar morto, contextos de perda, violência ou abuso.

Procurar escutar sem julgamentos a pessoa que apresente sinais como estes é fundamental e pode representar uma questão de vida ou de morte literalmente. O amor e sua expressão são o melhor remédio, injetado por meio da empatia, do colocar-se no lugar do outro.

Muitas vezes, sentimo-nos tão julgados, cobrados, punidos por nós mesmos, que pode parecer insuportável qualquer crítica, qualquer tentativa de alguém de nos convencer de que não devemos nos sentir do jeito que nos sentimos, porque o importante é ter saúde e outros clichês. “Não precisa chorar!” “Não fica assim, vai... Não é pra tanto!” “Levanta dessa cama! Até quando vai ficar assim?”

Está escrito que é importante chorar com os que choram, mas muitas vezes acabamos associando a lágrima ao sofrimento de tal maneira que parece que, se o outro não chorar, ele não estará sofrendo, quando, na verdade, ele está PRECISANDO chorar.

Claro que, quem fala assim está fazendo o seu melhor na tentativa de ajudar, de tirar a dor da nossa alma com a mão. A tentativa é esta. Então, se você já sofreu com o sofrimento de alguém amado e teve estas atitudes diante dele, saiba que fez o melhor que pôde e que não temos esse controle todo sobre a decisão de quem quer que seja no sentido de fazer com que queira ou não continuar vivendo. É daqui para frente. Se existe hoje alguém próximo a você, alguém querido que demonstre estar sofrendo, saiba que a sua escuta é muito preciosa, com a demonstração de que você compreende e legitima essa dor. Se for você mesmo que está sofrendo, procure ajuda. As fantasias que todos somos capazes de criar machucam demais e a saída é conhecê-las, compreendê-las, sentir o apoio, o acolhimento de alguém. Busque ajuda. Todos nós, sem exceção, precisamos do outro. Você merece ser cuidado, por mais que possa parecer que não ou por mais que faltem forças até para gritar socorro.

Um ponto muito importante também para quem está diante de sinais como estes é a questão da agressividade que pode aparecer de forma importante em quadros depressivos. Podemos nos sentir muito feridos com atitudes agressivas e é essencial que tenhamos em mente que este pode ser um sintoma de que é necessário apenas amar, antes de mais nada. Mostrar que suporta sim, que não será destruído por isso pode ser crucial diante desses quadros. Naturalmente, isso não significa se deixar desrespeitar ou deixar de colocar os devidos limites, até porque isso também é expressão de amor. No entanto, compreenda que não é se afastando que poderá ajudar, mas sim procurar estimular o outro a contar o porquê da atitude agressiva, mostrando-se pronto a escutar e compreender.

Muitas vezes, não é tarefa fácil estender a mão para quem está passando por isso, até porque a dor vaza tanto pelos poros que pode parecer que não será possível mesmo suportar ou que a pessoa não quer ser ajudada, o que pode nos fazer sentir uma impotência terrível. De fato, é preciso que a pessoa queira minimamente ser ajudada, mas uma postura amorosa e compreensiva pode facilitar que isto aconteça.

De qualquer maneira, se alguém partiu da sua vida desta forma, saiba que VOCÊ NÃO TEM QUALQUER RESPONSABILIDADE SOBRE ISTO. Fazemos sempre tudo o que está ao nosso alcance. Tenho certeza de que você fez o melhor que podia! Simplesmente não temos controle sobre a maioria das coisas que nosso inconsciente pode mentir que temos.

Leticia Kancelkis

Coluna Psicologia

Formada em Psicologia desde 1999, Mestre e Doutora em Psicologia Clínica de referencial Psicanalítico pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC Campinas). Autora dos livros: “O Sol Brilhará Amanhã: Anuário de uma mãe de UTI sustentada por Deus” e “Uma menina chamada Alegria”. Atua como Psicóloga Clínica, atendendo também por Skype. Contato:leticia.ka@hotmail.com