O problema das corredoras é na verdade funcional e não apenas anatômico - Coluna Fitnes por Isabela Casline da Cia Athletica Campinas
A quantidade de mulheres que praticam a corrida de rua vem aumentando. Desde que a americana Kathrine Switzer correu a Maratona de Boston, em 1967, disfarçada de homem, e quebrou o tabu de que as mulheres não tinham força e resistência para correr os 42km, as mulheres não pararam mais. Elas aderiram ao movimento de saúde e qualidade de vida através da caminhada e corrida. Porém, estudos publicados nos últimos 20 anos mostram que as mulheres não apenas estão se lesionando, mas possuem taxas absurdamente maiores do que os homens. Para a corrida, esta proporção de lesão no joelho extrapola o índice que é de um homem para sete mulheres lesionadas para a mesma intensidade e volume dos treinos.
Aliado a isso, o surgimento de assessorias e campeonatos focados no sexo feminino nos últimos 10 anos, sem dúvida, fomentam esta explosão de corredoras nas ruas. Segundo o site "Running USA", as mulheres já representam 53% dos corredores. O número foi apresentado no 19º Congresso Mundial da AIMS (Associação de Maratonas Internacionais e Corridas de Distância) em Praga, República Checa, em 2012. Autores que estudam a mulher corredora afirmam que as atletas exibiriam um tempo de recrutamento de grupos musculares mais prolongados do que os observados em homens e que isso poderia afetar a dinâmica de diversas articulações, principalmente do joelho.
De maneira mais didática, isso significa que, em uma aterrizagem do vôlei, por exemplo, o “comando” vindo do cérebro para que a musculatura se contraia de maneira adequada, chega “atrasado” em alguns músculos, principalmente nos glúteos médio e mínimo, no quadril (músculos estabilizadores da pelve) e no vasto medial (músculo interno da coxa). Isso faz com que o fêmur “rode para dentro” e deixe a patela mais lateralizada e em contato reduzido das superfícies articulares.
Isso significa que, a cada passo da corrida, a mulher estaria sujeita ao valgo dinâmico? Sim. A fase inicial é chamada de absorção de impacto, no qual a energia cinética do contato do pé ao solo é absorvida através da contração muscular e da flexão do joelho. Havendo o valgo dinâmico, existiria um micro trauma de repetição que, a médio e longo prazo, desenvolveriam sintomas como a dor, desconforto e inchaço no joelho.
Fonte: Globo Esporte
Isabela Casline
Coluna Fitness
Professora e Personal Trainer da Cia Athletica Campinas - contato: isabela.casline@soucia.com.br
Blog: www.isacasline.com.br