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Descubra como o cortisol, hormônio que pode destruir seus músculos, funciona e saiba se ele é um verdadeiro vilão - Coluna Fitness por Isabela Casline da Cia Athletica Campinas

Descubra como o cortisol, hormônio que pode destruir seus músculos, funciona e saiba se ele é um verdadeiro vilão, seus prejuízos e forma de amenizá-lo

 

O cortisol é um hormônio derivado da molécula de colesterol que tem inúmeras funções vitais no corpo, mas que se for secretado em momentos ou em quantidades incorretas, pode prejudicar seus ganhos físicos e diminuir seu desempenho, sendo conhecido como o “hormônio catabólico”. Ele está entre os hormônios mais temidos pelos praticantes de musculação.

Relacionado aos processos de estresse no corpo, não é por acaso que constantemente ouvimos frases do tipo: “Se ficar estressado, vai catabolizar!” ou “Você está com o cortisol alto, hein?”. E até mesmo, quem nunca foi alertado com a seguinte frase: “Treinar demais faz você catabolizar porque libera muito cortisol”.

Mas, na realidade, o que é o cortisol? O que esse hormônio pode fazer no corpo? Será que existem formas de aperfeiçoar os resultados diminuindo os níveis de cortisol? E será que ele pode ter alguma influência benéfica no corpo do esportista amador ou profissional? Essas e outras perguntas responderão no decorrer do artigo.

O cortisol e suas principais ações fisiológicas

O cortisol é um hormônio produzido pela glândula adrenal dependente da função de cada eixo do hipotálamo-hipófise-adrenal, sendo que, especificamente no caso do cortisol, estamos falando de um estímulo do hormônio liberador de corticotrofina (ou o CRH), que é produzido no hipotálamo, estimula a liberação de corticotrofina (ou ACTH) na hipófise anterior e esse é o hormônio que de fato estimula a produção de cortisol na adrenal (que é um glicocorticoide), além de mineralocorticóides e estrogênios.

Grosso modo, o cortisol é responsável por causar um feedback negativo, inibindo a produção do CRH e da ACTH e diminuindo sua própria produção (como na maioria dos hormônios no corpo que agem por uma “autorregulação”). Para um feedback positivo, ou seja, para um estímulo do CRH e da ACTH, alguns outros hormônios é que costumam agir, como a Vasopressina e a substância P.

Apesar de não serem mineralocorticóides, os glicocorticoides também possuem ação no metabolismo mineral do corpo. Eles, a longo prazo, se estiverem em altas quantidades no corpo, podem promover a osteopenia (perda de massa óssea), pela inibição dos osteoblastos, redução do colágeno, entre outros, como o balanço negativo do próprio cálcio no osso.

Ação do cortisol no organismo

O excesso de cortisol está associado com a fraqueza muscular, a perda de massa muscular, o aumento de excreção urinária de nitrogênio (principal composto proteico), entre outros pontos. Esses fatores ocorrem porque o cortisol tem a capacidade de ser extremamente catabólico, ou seja, ele pode induzir aos processos de proteólise, causando a degradação das proteínas e causando prejuízos na síntese proteica. A maioria dos aminoácidos que são degradados por estímulo do cortisol contribui para a gliconeogênese, que ocorre em estados de ausência da disponibilidade de carboidratos.

O cortisol, por outro lado, também é capaz de influenciar no metabolismo lipídico, mobilizando quantidades significativas de ácidos graxos armazenados para as vias energéticas. Ele promove esses efeitos em sinergia com hormônios como a adrenalina e o glucagon. Apesar desse efeito CATABÓLICO à gordura corpórea, o cortisol tem a capacidade de promover a lipogênese também, fazendo com que até haja perda de gordura em extremidades, como braços e pernas, mas fazendo com que o restante da gordura se armazene nos centros do corpo, como rosto e abdômen.

A ação do cortisol também influencia na manutenção de fluídos no corpo, pois ele é responsável por manter a integridade de contração dos vasos sanguíneos em resposta às catecolaminas. Ele estimula também a filtração glomerular nos rins e a excreção de água.

O cortisol é um hormônio anti-inflamatório e não é por acaso que ele aumenta nos níveis plasmáticos em situações de estresse. Ele é capaz de diminuir os processos celulares inflamatórios. Ele interage em tecidos lesados fazendo com que ações de células brancas sejam parcialmente inibidas, controlando a informação através da inibição também de citotoxinas. Ele também inibe a fosfolipase A2, que é a enzima responsável pela formação de ácido araquidônico a partir da fosfatidilcolina. Este é responsável por ações diretamente inflamatórias.

Alguns problemas que podemos ter com o cortisol em alta no nosso corpo: Perda de massa muscular;Diminuição da libido; Fraqueza muscular; Diminuição da testosterona; Aumento das chances de osteoporose; Aumento na vontade de urinar.

E alguns problemas que podemos ter com o cortisol em baixa: Fadiga; Depressão; Cansaço; Fraqueza.

Por esses motivos citados acima é que não devemos deixar que os níveis de cortisol fiquem elevados, pois isso irá afetar a nossa vida de musculação diretamente. Porém também não devemos ficar buscando maneiras mirabolantes de abaixar o cortisol, pois ele em baixa quantidade também afetará a nossa vida e saúde.

Obviamente, existem outros pontos que devem ser salientados do cortisol se este for estudado a fundo, mas para o praticante de musculação estes são os principais pontos.

Isabela Casline

Coluna Fitness

Professora e Personal Trainer da Cia Athletica Campinas - contato: isabela.casline@soucia.com.br

Blog:  www.isacasline.com.br