Fernando Diniz, retratado no filme "Nise: o coração da Loucura" - Coluna Arte/Fotografia e Design por Mônica Fraga
Descobri recentemente sobre o papel de uma mulher, a dra Nise da Silveira, psiquiatra, que chegando ao Centro Psiquiátrico Nacional Dom Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, em 1944, foi contrária às formas de tratamento como o eletrochoque, a lobotomia e o coma insulínico.
Ela permitiu que seus pacientes expressassem seus sentimentos através da arte, com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade. Disponibilizou materiais de pintura e modelagem e “construiu” um ateliê dentro do hospital. Os pacientes passavam momentos naquele espaço e aos poucos foram mostrando interesse e produzindo sua própria arte, e de lá saíram grandes artistas.
Nesse post falo do Fernando Diniz, como retratado no filme “Nise: O Coração da Loucura”, um paciente submetido ao eletrochoque e graças à coragem da dra Nise de ir contra ao sistema, teve a arte como libertação.
Estive essa semana na Galeria Estação, em São Paulo, onde tem uma exposição linda homenageando esse artista brasileiro, que tinha uma mente inquieta e um talento artístico maravilhoso!
Ao ver as obras dele fiquei pensando no poder da arte, de nos sensibilizar, de nos transformar, de canalizar a dor, as angústias e nos ajudar a exteriorizar.
A arte nutre de várias maneiras e talvez a mais importante seja a de fazer-nos expressar o que temos interiormente sem que tenhamos que dizer uma palavra.
A dra Nise foi uma das primeiras mulheres a se formar em Medicina no Brasil. Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou a sua prisão em 1936 por 18 meses, onde também se encontrava preso Graciliano Ramos, com o que ela tornou-se uma das personagens do seu livro Memórias do Cárcere. Ela fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Dom Pedro II, em 1946. Introduziu a Psicologia Junguiana no Brasil e fundou em 1952 o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição.
Que ela seja inspiração para nós, mulheres, para que façamos a diferença e tenhamos a coragem para defender e lutar pelo que acreditamos.
Conheça o trabalho do FERNANDO DINIZ! Seu acervo no Museu de Imagens do Inconsciente reúne mais de 28 mil trabalhos, entre telas, desenhos e esculturas, e é tombado pelo IPHAN. Sem contar os 45 mil desenhos que fez para a animação Estrela de oito pontos, ganhador de dois kikitos de ouro no Festival de Gramado.
Visite a exposição na Galeria Estação. Vai até 11 de outubro de 2019.
“O pintor é feito um livro que não tem fim.”
Fernando Diniz
Mônica Fraga
Arte, Fotografia & Design
Designer de Interiores pela Arquitec., Fotógrafa pelo Senac São Paulo. Atualmente faço um curso sobre História da Arte, em SP, com o crítico de Arte Rodrigo Naves. Instragram: @monicafraga monicabmfraga@gmail.com