A História do Monte Saint-Michel - Coluna Tudo sobre Paris de Rogerio Moreira
O Monte Saint-Michel e seu município nem sempre tiveram esse nome. Originalmente chamado de Mont Tombe, e em seguida de Mont-Saint-Michel au péril de la mer (Monte Saint-Michel em perigo do mar), a ilhota atravessou várias épocas até se tornar o terceiro local mais visitado na França.
Saint-Aubert, bispo de Avranches, fundou o Monte Saint-Michel no ano 708. Na terceira vez que o arcanjo São Miguel apareceu em seus sonhos, o bispo decidiu construir um santuário em homenagem ao personagem divino. O presságio de um touro amarrado sobre o Monte Tombe anunciou o local do santuário, hoje o Monte Saint-Michel.
Durante os canteiros de edificação do santuário, o bispo de Avranches enviou dois cônegos para buscar as relíquias de São Miguel. Eles teriam trazido um pedaço de sua capa vermelha, e um pedaço de mármore que havia sido pisado pelo arcanjo.
Os Tumultos da Idade Média
Ao longo dos anos, a abadia do Monte Saint-Michel se tornou um local importante de oração e de peregrinação. Os monges beneditinos instalados aí desde 966 traduziam textos de Aristóteles, e as relíquias atraíam os fiéis em busca de espiritualidade. Mas sua localização estratégica também terminou transformando-o em um alvo. As ampliações da abadia foram acompanhadas de outros projetos de construção para reforçar a defesa da ilhota. Durante uma visita, nós podemos encontrar, por exemplo, vestígios da Guerra dos 100 anos. Em 1204 o local foi até mesmo destruído por furiosos cavaleiros bretões, liderados por Guy de Thouars.
Prisões na Abadia
Sob o reinado de Luís XI, a ilhota do Monte Saint-Michel se tornou uma prévia da prisão de Alcatraz na França. Transformado em prisão, o monte recebeu prisioneiros até 1860. A Revolução Francesa prendeu aí os resistentes, instalando-os nos ateliês da abadia-prisão. Quando a prisão foi fechada no século seguinte, após um decreto imperial, os 650 prisioneiros de Estado foram transferidos para o continente. Victor Hugo, apaixonado pelo local, fez parte dos personagens importantes que impulsionaram seu fechamento.
A reabilitação do Monte Saint-Michel
O culto foi restaurado em 1922, mas as peregrinações só foram reiniciadas em 1966 por ocasião da celebração do milênio da abadia. Os monges beneditinos reocuparam as salas de oração, mas aos poucos foram abandonando a abadia. Em 2001, os monges e as irmãs da Fraternidade Monástica de Jerusalém se instalaram e atualmente organizam celebrações todos os dias. O Estado, proprietário do local, se encarrega da gestão e das restaurações do Monte Saint-Michel.
O Monte Saint-Michel nos dias de hoje
Para facilitar o acesso dos peregrinos, um dique-estrada foi criado em 1879. Hoje, este projeto é severamente questionado devido ao acúmulo de areia que provocou. Em 1983, o projeto de restauração do caráter marítimo da ilhota foi iniciado. O estacionamento foi retirado e uma passarela foi construída sobre estacas permitindo a livre circulação das águas do Canal da Mancha. Já a antiga estrada foi progressivamente destruída.
O desafio do século XXI é continuar a dar acesso aos 3.500.000 visitantes que vêm anualmente visitar o ilhéu rochoso. Classificados como monumentos históricos desde 1862, o Monte Saint-Michel e a sua baía tornaram-se Patrimônio Mundial da UNESCO em 1979.
Como chegar ao Monte Saint-Michel
Na fronteira da Normandia com a Bretanha, o Monte Saint-Michel está localizado 350 km a oeste de Paris. Os visitantes que desejarem visitar o monte poderão chegar até lá de carro ou em um combo de trem e ônibus. Não existe nenhum transporte público que ligue diretamente Paris a Saint-Michel, mesmo assim não será difícil chegar a uma das mais populares atrações da França.
Como chegar de carro ao Monte Saint-Michel
Esta é a maneira mais prática de ir até Saint-Michel, especialmente para quem irá percorrer outras atrações da Normandia. O carro permite chegar antes dos turistas que viajam de ônibus e também sair depois dos grupos que lotam a atração. É excelente para quem deseja curtir sem pressa ou horário marcado.
Viajar de carro pela Normandia é extremamente tranquilo (veja mais em como se locomover pela Normandia). Entre Paris e o Monte Saint-Michel, o trajeto será de aproximadamente 3h40, o mesmo tempo do percurso de trem e ônibus. O trajeto segue primeiro pela A13, até Caen e de lá pela A84, até o Monte Saint-Michel. Um GPS, mesmo o do celular, calculará a rota com facilidade. Ao chegar no Monte Saint-Michel, será necessário acessar a área de estacionamentos (todos pagos) onde está localizado o shuttle gratuito (veja mais informações adiante) que leva os visitantes até o monte. Caso esteja hospedado intramuros, não se esqueça de pedir a senha para o estacionamento exclusivo dos hóspedes. Ainda que sejam diferentes, os dois estacionamentos estão muito próximos do shuttle. Não é permitido ir de carro até os muros do Monte Saint-Michel. Apenas veículos autorizados podem ir até lá.
Como chegar de trem e ônibus ao Monte Saint-Michel
Para quem não deseja viajar de carro, há a opção de usar o trem e ônibus até o Monte Saint-Michel. O trajeto é compartilhado entre os dois meios e tem duração de 3h40, o mesmo tempo do percurso de carro. O custo médio dessa viagem é entre EUR 28 e EUR 110. Para conseguir a tarifa mais baixa, será necessário adquirir o ticket com três meses de antecedência, quando começam as vendas. As duas rotas principais a partir de Paris são por Rennes e Pontorson.
O trajeto mais comum é saindo da estação Montparnasse, em Paris, com destino a Rennes. A viagem em TGV (trem de alta velocidade) tem duração de 2h10. Na sequência, será necessário pegar um ônibus de Rennes ao Monte Saint-Michel (1h de duração). Os dois trechos podem ser comprados juntos e têm horários coordenados. O terminal de ônibus em Rennes está ao lado da estação ferroviária (siga pela saída norte). O primeiro trem parte de Paris às 7h04 e os viajantes chegarão ao Monte Saint-Michel às 10h50. Os outros trens partem às 7h36, 9h08, 10h08 e 14h08 (verifique a tabela no site oficial da SNCF antes de escolher o itinerário). Quem pegar o último trem chegará no Monte Saint-Michel às 17h55.
Também é possível ir de TGV para Rennes a partir do Aeroporto Internacional Charles de Gaulle (Estação Aeroport CDG). No entanto, o segundo trecho de ônibus não é coordenado com esse trem e o tempo de espera entre os dois poderá ser maior (a viagem total terá 5h de duração). Os trens que seguem trajeto direto do aeroporto para Rennes, e permitem pegar o ônibus para Saint-Michel no mesmo dia, saem às 9h49 e 12h49. Um terceiro trem sai do Charles du Gaulle às 18h48, sendo que este não permite mais pegar o ônibus até Saint-Michel no mesmo dia. Ainda assim, ele pode ser uma boa opção para quem chega mais tarde em Paris e não deseja sair dirigindo a partir da capital francesa. Vale pegar o trem para Rennes e, de lá, um carro para Saint-Michel. A viagem de Rennes ao Monte tem duração de apenas uma hora.
A segunda opção de rota é pela cidade de Pontorson, de onde também partem ônibus para o Monte Saint-Michel. A cidade está localizada a apenas 10 km do Monte e oferece transporte durante todo o dia. Há ônibus a partir de Pontorson entre 7h40 e 21h30, de segunda a sábado e de 8h20 a 19h50 aos domingos e feriados. A viagem tem duração de apenas 20 minutos. O trajeto de trem a partir de Paris pode ser feito saindo das estações de Montparnasse (pela cidade de Rennes), Paris Saint Lazare (pela cidade de Caen) e do Aeroporto Internacional Charles du Gaulle (pela cidade de Rennes). Como há mais ônibus partindo de Pontorson do que de Rennes, será fácil conciliar o horário do trem. Verifique os itinerários e escalas no site oficial da SNCF.
Fonte: https://parissempreparis.com/a-historia-do-monte-saint-michel/
Rogerio Moreira
Coluna Tudo sobre Paris
Rogerio Moreira nasceu em Santo André/SP, é jornalista e publicitário, tendo estudado em instituições como PUCC, Unicamp e FGV. Apaixonado por história acredita que o estudo de nosso passado nos ajuda a entender como nos tornamos o que somos hoje. De suas viagens à Europa, surgiu a ideia de reunir informações e curiosidades sobre Paris e a cultura francesa. @parissempreparis