Olá, eu sou o Aizer, sou professor e atleta de natação já há 5 anos, hoje faço provas de natação em águas abertas e já participei de algumas competições em mar aberto, para quem vê de fora, acha isso sensacional, apavorante, excitante, muitas emoções surgem quando falo dessa minha vocação, mas oque mais impressiona, foi a maneira como a natação mudou completamente a minha vida.

Bom, para começar, sempre fui uma pessoa muito ativa fisicamente, não tinha medo de muitas coisas e desbravava as aventuras do meu bairro todos os dias com vários amigos ao redor, no entanto, tinha uma coisa que me tirava a paz e me fazia suar de medo sempre, era a piscina, era muito gostoso ouvir dos meus pais “hoje é dia de clube!!!”

Saber que eu iria brincar, entrar na piscina, me divertir e comer de montão era muito animador, mas eu nunca ficava sozinho na piscina, na verdade, eu nem ousava soltar dos braços do meu pai para nadar, para mim, nadar era aquilo mesmo, estar nos braços dele na água, já era o suficiente.

Em um certo dia, o meu pai, cansado já de me ver sempre no colo enquanto as outras crianças brincavam livres, enquanto minhas irmãs já se arriscavam a dar algumas braçadas enquanto eu estava acomodado com a situação de ficar nos seus braços, resolveu dar um passo arriscado, assim como ele aprendeu a nadar, ele me lançou a piscina e no desespero eu consegui sustentar o meu corpo enquanto estava apavorado, porém, por apenas uns 2 ou 3 segundos, logo me vi morrendo ali mesmo naquele clube, a água já cobria minha cabeça quando meu pai me puxou de volta, tive tanto medo e tanta raiva que sai da piscina chorando muito e decidi nunca mais entrar na piscina.

Claro que isso não aconteceu, houveram outros dias de clube, além das festas em chácaras que eu comparecia, mas nada de nadar, entrava, molhava os pés e me satisfazia. Até que no ano de 2014 eu entrei na faculdade de educação física, convencido de que eu seria o melhor professor de musculação, pois tive excelentes professores enquanto praticante que me motivaram muito, mas que deixavam algumas coisas a desejar.

No segundo ano de formação houve a oportunidade de atuar como estagiário de nada mais nada menos a melhor rede de academias do Brasil, a Cia Athletica, e foi lá onde eu dei as minhas primeiras braçadas, mas não, não foi nada fácil. Primeiro, eu estava acostumado com piscinas pequenas, de 5 a 10 metros, ao entrar naquela academia já me deparo com uma piscina semiolímpica de 25 metros, assustador para mim naquela época, por Deus que a primeira vez que entrei na água nessa academia eu estava na piscina dos bebês, estava na minha zona de conforto, mas ajudar aquelas crianças começarem a nadar, tão novas, tão frágeis, tão determinadas, gerou em mim uma vontade enorme de tentar, “se elas conseguem, porque não eu?” “Eu sou grande, eu posso fazer isso!!”

E fui assim ter aulas com um professor muito especial para mim até hoje, um cara que considero meu treinador, houveram muitas pessoas que me ajudaram nesse processo, mas essa pessoa me motivou mais do que qualquer uma, e então eu fui a aula dele e nadei pela primeira vez, com alguns ajustes, eu consegui nadar, mas não pense que foi tudo perfeito, eu dei umas 5 braçadas, para chegar não muito longe, na verdade, eu tinha afastado uns 5 metros da borda apenas, fiquei com medo, mas não desisti, tentei de novo e de novo até que um dia então, consegui chegar até o outro lado, foram meus primeiros 25 metros, depois daí, só foi vitória, os primeiros 50 metros, os primeiros 100, os primeiros 1.000, e hoje um treino de 3, 5 mil metros é bem possível para mim, fácil?

Não, nunca vai ser, mas eu nunca vou parar e me acomodar novamente, a meta sempre será mais, e você aí?

Qual é a sua meta? Qual foi a sua dificuldade?

Aizer de Oliveira

Coluna Natação e Segurança

Personal Trainer, Professor e atleta de natação em águas abertas.

Formado em Bacharel pela faculdade de Americana (FAM), especializado em natação pela Unicamp e pela academia Companhia Athletica.