Futuro das empresas depende da participação efetiva das mulheres em postos de decisão
Com a participação de especialistas e lideranças das principais corporações brasileiras, ABRH-SP promoveu o Congresso LIFE, dedicado a discutir a representatividade feminina no mercado de trabalho
Dados obtidos por plataformas e organizações não governamentais somam-se a levantamentos realizados pelo IBGE para delinear a realidade das mulheres no mercado de trabalho no Brasil. Um dos estudos, conduzido pela Think Work, knowledge tech de gestão de pessoas, revela entre as profissionais ouvidas no levantamento que 87% já passaram por uma crise emocional no ambiente laboral. Como forma de aprofundar as discussões sobre a atuação feminina e seu papel para a sobrevivência futura das corporações, a Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional São Paulo (ABRH-SP) promoveu o congresso LIFE – Liderança Feminina em Movimento. Realizado no dia 13 de setembro, em São Paulo, o evento reuniu cerca de 550 participantes em torno de palestras e painéis conduzidos por especialistas e lideranças das principais corporações brasileiras.
Outro dado importante, também revelado pela pesquisa Think Work, indica que mais de 1/3 das profissionais entrevistadas afirmam que deixaram de ser contratadas ou promovidas em função da parentalidade, e quase 20% foram demitidas por esta razão. A informação contrasta com um levantamento divulgado pelo IBGE: na comparação com os homens, em 2022 as mulheres dedicaram 9,6 horas semanais a mais para a realização de trabalho não remunerado.
De acordo com Janine Goulart, vice-presidente da ABRH-SP e líder do Comitê LIFE, o tema escolhido nesta 8ª edição do congresso, ‘Mulheres e a construção de um futuro sustentável - Do discurso para a prática’, é provocador, à medida que expõe uma realidade perceptível não só em levantamentos e pesquisas.
“Não há dúvida de que um lugar à mesa das corporações já não é mais suficiente para as mulheres”, afirma Janine. Mas segundo ela, é fundamental que as profissionais sejam realmente ouvidas, respeitadas e que a inclusão seja verdadeira. “E o papel da alta liderança para que a equidade de gênero tenha maior avanço nas organizações é fundamental”, acrescenta.
Em vigor desde o dia 4 de julho, a Lei nº 14.611/2023, que garante igualdade de salário e de critérios de remuneração entre trabalhadoras e trabalhadores, representa um passo na pauta de equidade de gênero. No entanto, Janine observa que existe um longo caminho a ser trilhado. De acordo com o Instituto Ethos, mulheres negras representam apenas 4,7% das posições de liderança nas corporações brasileiras. “Este dado exemplifica e reforça que é papel de todos aprender e transformar em termos de diversidade, equidade e inclusão”, diz. “É importante também que exista um trabalho conjunto no combate às microagressões e vieses inconscientes.”
O impacto da diversidade e da inclusão nos resultados dos negócios mobilizou palestras e painéis nesta edição do LIFE. “Neste contexto, organizamos conteúdos que aprofundassem os dilemas das profissionais em relação aos desafios, à saúde emocional e autocuidado, à importância de entender os desafios considerando as interseccionalidades, sobre o papel das lideranças e como inovação e inclusão podem fazer a diferença nas empresas e nas comunidades”, destaca Luciana Camargo, diretora consultiva da ABRH-SP e líder do Comitê LIFE. Para ela, o aprofundamento nas discussões e ações, com a participação das lideranças empresariais, é fundamental para a construção de um futuro sustentável.
Na visão de Luiz Drouet, presidente da ABRH-SP, a atualidade de temas trazida pelo congresso sinaliza uma mobilização por iniciativas concretas nas organizações. “É preciso que haja uma aceleração rumo a mudanças de cenário, não apenas no mercado corporativo, como também na sociedade”, conclui.