Raquel Baracat

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Vacinas COVID-19 : principais dúvidas - Coluna pediatria por Dra. Carolina Calafiori de Campos

Há 12 dias surgiu a notícia de que as vacinas CoronaVac e Oxford seriam liberadas , para uso emergencial, no Brasil. Logo , a imunização dos profissionais de saúde começaram , e muitas dúvidas surgiram , principalmente em relação as crianças , grávidas e lactantes.

Dia 27/01 o Departamento Científico de Imunizações da SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria, lançou dois documentos para elucidar essas questões , as quais irei explicar de maneira prática para vocês , nesse meu texto.

1) Atualmente foram liberadas duas vacinas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): 

-A Coronavac© , uma vacina de vírus inativado , desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan.

Para a vacina Coronavac são necessárias duas doses e o intervalo entre a primeira e a segunda dose é de duas a quatro semanas.

-A vacina Oxford-AstraZeneca , uma vacina de plataforma chamada Vetor Viral, desenvolvida pelo laboratório Astra- Zeneca/Oxford, em parceria com a FioCruz.

Aqui também são duas doses com intervalo entre a primeira e a segunda dose de 12 semanas.

Em ambas as vacinas , não há na composição, a presença de componentes do ovo ou leite, logo não há contra indicação para os alérgicos.

Uma pergunta que eu recebi de muitas pessoas é : “Posso começar a vacinação com um tipo de vacina e na segunda dose fazer de um outro fabricante?” A resposta é NÃO . A orientação é que o esquema vacinal seja continuado com o mesmo fabricante, já que não dispomos de dados de intercambialidade entre os diferentes produtos.

2) A imunidade completa só acontecerá cerca de duas a três semanas após a segunda dose da vacina , embora tenha sido observada, 21 dias após a primeira dose da vacina AstraZeneca, uma eficácia de 70%. Porém as duas vacinas precisam ser administradas em duas doses. Além disso, não sabemos se as vacinas serão capazes de prevenir, além da doença, a infecção e a transmissão do Coronavírus. Portanto, NÃO podemos diminuir as medidas de segurança e se faz necessário sim, continuar usando máscara, tendo atenção com o distanciamento social e com a higiene adequada das mãos.

Outra pergunta comum é : “ as novas variantes do SARS-CoV-2 são cobertas pelas vacinas?” 

Pelo conhecimento atual, é provável que sim, pois não deve ocorrer interferência da resposta vacinal com estas novas variantes que circulam. Entretanto, é preciso uma vigilância epidemio- lógica atenta para se detectar novas mutações e realizar uma adequada avaliação.

3)Em relação as mulheres grávidas e puérperas a segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas nestes grupos, no entanto estudos em animais não demonstraram risco de malformações. Para as mulheres pertencentes ao grupo de risco e nestas condições, a vacinação poderá ser realizada após avaliação cautelosa dos riscos e benefícios e com decisão compartilhada, entre a mulher e seu médico.

As sociedades cientificas recomendam que devido ao risco maior de complicações apresentado pelas gestantes, elas DEVERÃO ser vacinadas. A vacina Coronavac é inativada e semelhan- te às demais vacinas recomendadas na gravidez como, por exemplo, a vacina da gripe. A vacina AstraZeneca/Oxford, de vetor viral de replicação deficiente, também se comporta como uma vacina inativada.

 4)Em relação as mulheres que estão AMAMENTANDO, embora não haja estudos nessa população, é improvável que haja algum problema na utilização de vacinas inativadas da COVID-19. 

A SBP preconiza a vacinação de mulheres que estejam amamentando.

5)Em relação as crianças  e adolescentes abaixo de 18 anos, os estudos de licenciamento das vacinas COVID-19 NÃO incluíram crianças num primeiro momento. Diferente de outras viroses respiratórias a COVID-19 raramente leva a casos graves em crianças. Estudos, já em andamento, verificarão a segurança e a eficácia dessas vacinas em crianças e adolescentes, portanto é provável que sejam o último grupo a ser vacinado.

6)Se você já teve COVID-19, a recomendação é se vacinar SIM! independente de ter sido infectado previamente, pois não se sabe quanto tempo dura a imunidade natural adquirida pela doença. Quem já teve COVID-19, portanto, deverá ser vacinado, desde que o início dos sintomas tenha ocorrido há pelo menos quatro semanas da vacinação. No caso de exame de RT-PCR positivo em assintomáticos, o intervalo sugerido é de pelo menos uma semana.

7)Na presença de febre e doença aguda nas últimas 24 horas antes da vacina , você não deverá se vacinar e está indicado o adiamento da vacinação até a resolução do quadro febril agudo.

Espero que tenham gostado ! Para mais informações e acesso ao documento basta entrar na página da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Dados : Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.


Carolina Calafiori de Campos

Coluna Pediatria

Dra Carolina Calafiori de Campos - CRM 146.649 RQE nº 73944 

Médica Formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, Especialização em Pediatria pelo Hospital da Puc Campinas, Especialização em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital da Puc Campinas, Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria - Contato: carolinacalafiori@hotmail.com