Raquel Baracat

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Obras de arte - Coluna Arte/Design e Fotografia por Mônica Fraga

A economia sofreu grande impacto com a pandemia. Muitos perderam seus empregos, muitos negócios foram obrigados a fechar suas portas, e a maioria está se reinventando para sobreviver ao caos! E no mundo das Artes não foi diferente. Os artistas sofreram com a situação, muitos se sentiram inspirados e produziram muito, mas a maioria não conseguiu vender nenhum trabalho e nem produzir nada novo! Os teatros não reabriram. Meu filho faz teatro e aprendeu a representar no universo online. A peça dele no final do ano passado foi emocionante. Não teve o calor do contato, da presença, mas existiu vontade, uma interação inimaginável. A cena do abraço final onde cada um abriu os braços em uma tela foi de arrepiar...

E nesse contexto as grandes instituições de arte estão tendo que abrir mão de obras de arte do seu acervo para conseguirem sobreviver. Uma decisão difícil, porém necessária! Como escolher qual obra ser vendida, já que elas levam o público à visitação?!

Segundo matéria do Arte que Acontece, museus dos Estados Unidos e do Reino Unido começaram a leiloar suas obras. Pesquisas estimam que após a pandemia um terço dos museus americanos não vão mais abrir as portas. Triste, não?

Ana Gonçalves Magalhães, diretora do MAC de São Paulo, viu leiloadas obras importantes do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira que estavam sob a guarda do MAC, e ressalta que o código de ética do Conselho Internacional dos Museus descreve que a função destas instituições é “conservar a cultura material da humanidade, ajudando na construção da memória coletiva”.

A venda da tela Salvator Mundi, de Leonardo Da Vinci, para um suposto intermediário do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman gerou polêmica. Dizem que o novo proprietário teria pendurado o quadro, um ícone da arte renascentista italiana, dentro de seu iate! A obra deveria ser exposta no Louvre pouco tempo depois. No entanto, nunca mais foi vista!

Como tudo tem o lado positivo, existe outro movimento onde muitos museus abrem mão de trabalhos assinados por nomes consagrados para conseguir comprar obras importantes para o acervo naquele momento, apesar de seguir resguardando a história. O National Gallery of Art, em Washington, fez uma aquisição importante, a obra I See Red: Target, da artista indígena Jaune Quick-to-See Smith. É a primeira obra de um nativo norte-americano a entrar para o acervo do museu nacional. Uma barreira foi quebrada e espero que esse movimento abra portas para tantos artistas que tem muito a dizer...!

Que a Arte resista, que busque novas maneiras, que integre, acolha novos artistas, novas formas de pensar, nos transforme e nos faça descobrir e entender nosso papel no mundo!

 ”O artista não tem mais razão de se sentir limitado por uma forma ou por uma matéria, por uma dimensão ou por um lugar. A noção de obra pode ser substituída por uma coisa cuja única utilidade é significar.”

Gregoire Muller, 1969

Mônica Fraga

Arte, Fotografia & Design

Designer de Interiores pela Arquitec., Fotógrafa pelo Senac São Paulo. Curso de História da Arte com o crítico de Arte Rodrigo Naves, Curso de História da Arte Brasileira e Modernismo ao Contemporâneo no MASP, Curso sobre as Mulheres na Arte, no Adelina Instituto e Arte que Acontece, em São Paulo. Instragram: @monicafraga Email: monicabmfraga@gmail.com Twitter: @monicafraga27