Raquel Baracat

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Arquitetura hostil - Coluna Arte/ Design e Fotografia por Mônica Fraga

A arquitetura é muito mais que um projeto bonito. Ela tem um papel fundamental na vida das pessoas e das cidades. Ela pode trazer muitos benefícios para a qualidade de vida, mas também pode segregar e discriminar pessoas.

Você já ouviu falar em arquitetura hostil? O termo refere-se a estratégias de design urbano que utiliza elementos para restringir certos comportamentos.

O termo ‘hostile architecture’ ficou conhecido após publicação de uma reportagem no diário britânico The Guardian, em 2014, onde o historiador especializado em arquitetura, Iain Borden, disse que a emergência desse estilo de arquitetura hostil data de década de 1990, nas gestões de um desenho urbano que sugere que “só somos cidadãos se estamos trabalhando ou consumindo bens diretamente.”

O motivo do meu post foi a repercussão nas mídias sociais dias atrás, após o padre Julio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, retirar à marretadas pedras instaladas sob viaduto na Zona Oeste de São Paulo.

Fiquei em choque tanto pela crueldade da gestão pública como por pensar na necessidade, de muitos, desses espaços urbanos para “(sobre)viver”.

O histórico de exclusão no que se refere à arquitetura no Brasil é absurdo. Com o aumento do número de pessoas de rua em São Paulo, a partir de 1994, passaram a construir: prédios sem marquises, viadutos, rampas de concreto, bancos com divisórias de ferro para que ninguém consiga deitar, cercas elétricas, arames farpados e grades para limitarem os espaços, bancos mais estreitos ou curvados, gotejamento de água em intervalos estabelecidos sob marquises, etc. Tudo isso com a intenção de expulsarem as pessoas mais vulneráveis.

 As cidades sofreram o impacto da pandemia e a crise de moradia persiste e agrava a cada dia!

A arquitetura urbana deve ter uma função social de inclusão, promover espaços de convívio e não de segregação.

A arquitetura de exclusão propõe um questionamento. Precisamos encontrar soluções, caminhos para que todos tenham uma vida digna!

 

“A arquitetura é a arte que determina a identidade do nosso tempo e melhora a vida das pessoas.”

Santiago Calatrava

Mônica Fraga

Arte, Fotografia & Design

Designer de Interiores pela Arquitec., Fotógrafa pelo Senac São Paulo. Curso de História da Arte com o crítico de Arte Rodrigo Naves, Curso de História da Arte Brasileira e Modernismo ao Contemporâneo no MASP, Curso sobre as Mulheres na Arte, no Adelina Instituto e Arte que Acontece, em São Paulo. Instragram: @monicafraga Email: monicabmfraga@gmail.com Twitter: @monicafraga27