“O professor, na verdade, é um herói, o grande herói brasileiro anônimo, movido o mais das vezes por uma espécie de convicção interior, que o domina e, apesar de tudo, o faz continuar tentando.”
Tânia Zagury - educadora e escritora
*Por Alexandre José Silva
Uma reflexão sobre o título de um marcante livro do professor Celso Antunes cai bem neste momento em que vemos investimentos vultosos aplicados no futebol, em shows caríssimos em festas populares e em rodeios na maioria dos municípios do nosso País. Fico perplexo ao ver as administrações públicas investirem centenas de milhares de reais em shows que proporcionam prazer de algumas horas ao público, muitas vezes com pequenos públicos. Enquanto isso, um professor do Ensino Infantil e Fundamental, o grande artífice da nossa personalidade, do nosso caráter, do nosso futuro, não recebe sequer vinte reais por aula.
De um lado, jogadores e artistas, muitas vezes sem formação, vivendo em mansões e com roupas e adornos caríssimos; de outro, mestres exemplares, que muito investiram na formação e que, em seu ofício, transformam vidas, pagando aluguel e parcelando suas compras para viver com o mínimo de dignidade. O termo “Pão e Circo”, legado do passado, se faz presente com uma força assustadora: os governantes, considerando-se infalíveis e intocáveis, passam a extrapolar os limites do poder e, acreditando na sua imortalidade, subestimam aqueles que realmente constroem o mundo em que vivemos e nos dão esperança de um futuro que nos proporcione dias melhores. Pena que somente em alguns raros momentos, programas conhecidos de televisão e articulistas de jornais, expõem a fragilidade e a pequenez do caráter de gestores que se utilizam de má fé e artimanhas fraudulentas para ludibriar constantemente a população que vive no território que administram, ou melhor, que exploram.
As cenas hilárias deixam os telespectadores estarrecidos ao ver os abusos e absurdos praticados por aqueles que, através do voto, receberam a missão de governar uma cidade, um Estado, um país. Pena que o número reduzido de “Joaquins Barbosas” nos deixa órfãos de um Judiciário que, no mínimo, faça a Lei ser cumprida. Mas, a duras penas, superando a falta de reconhecimento dos mandatários e a incompreensão de muitas famílias que, desprovidas principalmente de condições morais, desprezam seu singular papel, os professores seguem sua trajetória compartilhando saberes, formando cidadãos e transformando vidas. Sabem que ensinar não se resume a apenas transferir conhecimentos. Ensinar também é cuidar. Exige sensibilidade, saber ouvir as palavras e outras linguagens presentes no cotidiano de seus aprendizes. Entender principalmente que educar é amar seres inacabados.
Consequentemente, os professores são imortais, permanecendo vivos na mente e no coração daqueles que ensinaram. Fazendo uso das palavras do renomado mestre Silvionê Chaves, outro expoente da Educação, reafirmando que ser professor é uma grande dádiva. Nós, que recebemos esse dom e abraçamos o Magistério, um dia haveremos de estar sentados em torno de uma mesa, numa grande festa utópica, partilhando com todos aqueles que, em um determinado momento, passaram pelas nossas mãos, a eterna alegria de haver contribuído para a edificação de tantas pessoas. Quanto aos que usurpam do poder, fica a certeza de que, ao saber que a morte nos ensina a transitoriedade da vida, ao fim terão, inevitavelmente, somente direito a uma lápide com o nome e, quem sabe, suas insígnias. Só isso!
Alexandre José Silva é professor de Ética e Cidadania na ETEC João Belarmino (Amparo), advogado e diretor da Vivendo & Aprendendo Consultoria e Treinamento.
Marcelo Francisco de Oliveira
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