Uma das maiores preocupações da odontologia durante o curso da história sempre foi possibilitar a realização de restaurações naturais e invisíveis. Isso nem sempre foi possível. Em um passado recente, as restaurações metálicas eram a única opção de tratamento. Apesar de possibilitarem tratamentos com bom resultado funcional, sua aparência estética era desagradável, devido à sua cor escura e metálica. Portanto, uma das grandes preocupações da odontologia sempre foi o desenvolvimento de materiais restauradores que além de restabelecer a função dos dentes, fossem capazes de reproduzir a cor natural dos dentes, com resistência adequada para o uso intra-oral.
Um dos primeiros materiais estéticos utilizados na odontologia foi a porcelana, sugerida inicialmente em 1788 por Nicolas Dubois De Chémant, com o intuito de confeccionar uma prótese com material inalterável, embora tenha encontrado grande dificuldade durante sua confecção. Em 1794, John Greenwood utilizou a primeira coroa de porcelana, e em 1840 apareceram as primeiras coroas de porcelana retidas por pinos instalados no interior das raízes dos dentes.
As resinas autopolimerizáveis foram introduzidas na Alemanha por volta de 1934, e tiveram um aumento de utilização considerável durante a Segunda Guerra Mundial. Entretanto, estas resinas não apresentavam adesividade efetiva aos dentes, careciam de estabilidade de cor e propriedades mecânicas adequadas. A inovação mais importante dos materiais estéticos resinosos ocorreu por volta de 1960, quando Bowen, juntou a resina epóxica com a resina acrílica, obtendo o BISGMA (bisfenol glicidil metacrilato), que é a base das resinas compostas utilizadas até os dias de hoje.
A primeira grande revolução da odontologia foi a técnica do Condicionamento Ácido do Esmalte, introduzida por Buonocore em 1955, que proporcionou novas possibilidades nos procedimentos restauradores, dando início a era da Odontologia Adesiva. A partir da criação do procedimento de condicionamento do esmalte dentário com ácido fosfórico, se tornou possível a realização de restaurações adesivas, “coladas” sobre os dentes remanescentes. Com isso, passou a ser possível a adesão efetiva de restaurações de porcelana e de resina composta diretamente sobre a superfície dos dentes.
Os materiais e técnicas adesivas evoluíram muito ao longo do tempo até os dias de hoje, possibilitando a imensa gama de tratamentos adesivos utilizados atualmente, que se tornaram a base da odontologia moderna: as facetas de porcelana convencionais e ultrafinas (lentes de contato), com preparos minimamente invasivos; os blocos e fragmentos de porcelana para dentes anteriores e posteriores; as restaurações diretas em resinas compostas ultra-estéticas; os pinos de retenção estéticos em porcelana, fibra de vidro e materiais resinosos, são exemplos de tratamentos de rotina nos consultórios odontológicos de alta performance, que permitem resultados de alta estabilidade estética e funcional, com redução considerável no tempo de tratamento, e minimização do desconforto durante a realização dos procedimentos.
O Dr. Abílio Ricciardi Coppedê é Cirurgião-Dentista, Mestre e Doutor em Reabilitação Oral pela FORP-USP, Pós-Doutorando em Implantodontia pela UnG, Pós-Graduado em Cirurgia Avançada pelo IAP - São Paulo, Coordenador do Curso de Especialização em Implantologia pela ABO-Campinas, Professor do Curso em Cirurgia Avançada de Implantes Zigomáticos pela Uningá - Maringá, Coordenador do Livro "Reabilitando Maxilas Atróficas Edêntulas Sem Exertos Ósseos" pela Quintessence Internacional, Autor de diversos Artigos Científicos Internacionais e Nacionais, Autor de diversos Capítulos de Livros Científicos na área de Implantodontia, Membro da Sociedade Brasileira de Reabilitação Oral, Membro da Academia Brasileira de Osseintegração. Coordenador do Departamento de Reabilitação Oral da Clínica Odontológica Sculpere Odontologia e Arte- Campinas. www.sculpere.com.br