Começa na rua, conclui-se nas urnas!

Em junho desse ano tivemos um movimento de proporções nunca antes vistas, que nos encheu de esperanças de um futuro melhor para o país.

Pela primeira vez pudemos ver então uma mobilização governamental para tentar buscar propostas e alternativas para a mudança pleiteada.

Por via disso, pudemos perceber, de forma bastante clara, o despreparo e o desinteresse dos políticos para o exercício de sua real função, que é representar os interesses do povo.

Vimos o surgimento desesperado de propostas a toque de caixa, sem um estudo aprofundado. Muitas delas têm fundamento e já podem ser implementadas sim, posto que são inequívocas (o que mostra ainda mais o descaso do governo por não tê-las implementado antes); outras, merecem estudo aprofundado para ganhar mais corpo, mais fundamento e aí sim conseguir atingir os fins propostos – o que demonstra ainda mais o despreparo, o descaso e a incapacidade dos que detém atualmente os cargos públicos.

Portanto, percebemos (ainda que bem tarde) a importância que o povo tem para fiscalizar o trabalho dos seus representantes, usando ferramentas importantes, como a internet, por exemplo.

Discuti todas essas questões em um artigo publicado na edição de quinta-feira (29/08) do Jornal Correio Popular (Campinas/SP); disponibilizo-o na íntegra ao final.

Pois bem: o tempo seguiu, as mobilizações perderam aquela grandiosidade de junho e vimos que os políticos voltaram a atuar em descompasso com sua real função - principalmente essa semana, após a absurda votação que não atingiu quórum necessário para a cassação de deputado condenado e preso!

Ou seja: a Câmara dos Deputados, órgão máximo de representação do povo, admitiu manter em seus quadros um preso condenado por formação de quadrilha e desvio de 08 milhões de reais dos cofres públicos!

Alguns podem questionar: órgão máximo? Mas o Senado Federal não é mais importante que a Câmara dos Deputados?

Em relação à representatividade do povo, não. Os senadores são considerados representantes dos estados, enquanto os deputados são representantes do povo. Por conta disso, na linha de sucessão presidencial, na falta do presidente e do vice, o presidente da Câmara assume a condução da nação.

Pergunto a vocês: a atitude da Câmara dos Deputados surpreendeu?

Respondo por mim: revoltou-me, mas não posso dizer que me deixou surpreso.

É aí que temos que ter consciência de que as manifestações de junho se traduzem apenas num primeiro de muitos outros passos que temos que tomar.

Entendo que as instituições estão bem postas. Claro que ainda pendem ajustes, como a reforma política etc; porém, a estrutura política, jurídica e democrática está consolidada.

As instituições, via de regra, são boas; as leis, também. Bastam agora ter pessoas capacitadas e honestas para assumirem suas funções.

Sinceramente, quando vejo situações como a que aconteceu essa semana, tenho vontade de ver TUDO renovado. Lembro-me de ter visto no facebook uma charge com desenho do Congresso Nacional e dos políticos sendo jogados todos pra fora, com os dizeres “não reeleja ninguém” – penso ser radical qualquer generalização completa, mas confesso que tenho vontade de ver isso acontecer um dia.

Valendo-me de metáfora: o carro é bom, o motor é potente, o chassi equilibrado. Mas sem um bom piloto será impossível ganhar a corrida; pior, é capaz do carro ainda ser arrebentado na primeira curva!

Portanto meus amigos, muito mais importante do que ir às ruas, será votarmos com consciência. Ir às ruas é importante – fiz isso também – mas de nada adiantará se continuarmos a votar de forma acéfala.

Artigo: O despertar sustentável – por Fernando Pompeu Luccas

Fonte: Jornal Correio Popular – Caderno Opinião, edição de 29/08/2013

 

Fernando Pompeu

Fernando Pompeu

"Fernando Pompeu Luccas é advogado, palestrante, membro da Comissão de Estudos sobre Direito Recuperacional e Falimentar da OAB/Campinas, Especialista em Direito Processual Civil pela Puc-Campinas, pós-graduando em Direito Empresarial pela Escola Paulista de Direito – EPD e em Recuperação de Empresas e Falências pela Fadisp/SP. 

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