Fonte: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2016/01/campinas_e_rmc/408419-campineira-nota-mil-do-enem-vai-estudar-jornalismo.html
"Campinas tem uma aluna nota 1.000. Chama-se Stéfani Inouye de Paula, de 18 anos, uma das 104 estudantes que tiraram a nota máxima (mil pontos) na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado. Stéfani arquitetou muito bem seu projeto de texto e então dissertou 30 linhas sobre “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Um tema que inclusive gerou muita polêmica, já que enquanto um grupo defendeu a importância do assunto proposto pelo Ministério da Educação (MEC), outro criticou, citando um suposto feminismo dos organizadores do Enem.
Patrícia Domingos/Especial para AAN
“Foi uma alegria geral em casa. Foi meu pai que me avisou que foram somente 104 no Brasil. Minha mãe se emocionou muito”, lembrou a jovem. Agora, colocará em prática um sonho que desde os seus 14 anos ronda seus pensamentos. “Sou apaixonada por jornalismo desde o dia em que eu entrei na redação de um telejornal em Campinas.
No ano passado, ela também foi muito bem no exame nacional, mas preferiu não agarrar a oportunidade de cursar Jornalismo na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Bauru. Decidiu continuar com os estudos em Campinas. Fez um ano de cursinho na Oficina do Estudante e, diante da boa pontuação no Enem (819 pontos), pôde escolher entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). Optou pela segunda, para onde vai cursar Imagem e Som.
Stéfani escreve bem, pois lê muito, diz. “Acredito que para ir bem na redação é preciso saber de tudo um pouco do que está acontecendo.” Ela confessa que teve um pouco de “sorte” com o tema da redação. “No cursinho escolhi um tema proposta de redação justamente sobre violência contra mulher. Quando soube o tema da redação do Enem eu sorria alto na sala. Todos me olharam. Mas foi muita felicidade.”
Sobre o tema da redação e como conduziu seu texto, Stéfani disse que primeiramente preferiu não tomar partido das questões polêmicas. “Defini os tipos de agressões que as mulheres mais sofrem e coloquei um ponto de vista, questionando como, em pleno século 21, ainda ocorrem essas barbáries. Também indiquei a necessidade de um projeto de intervenção social, com a abertura de mais delegacias das mulheres e um bom suporte profissional para elas, e um projeto que possa trabalhar a questão dentro dos lares, começando com a educação dos filhos”, explicou.
Os 104 alunos que tiraram nota mil representam 0,002% do total de participantes do exame. Em 2014 foram 250 candidatos com a nota máxima. A correção da prova de redação avalia cinco competências, sendo elas o domínio da norma padrão da língua escrita, compreensão da proposta de redação, capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista, conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação; elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado, respeitados os direitos humanos.
Stéfani mora com os pais na região do distrito do Ouro Verde, e sua irmã, Giovana, com 12 anos, também deverá enveredar para a carreira jornalística. “Ela também escreve muito bem e já disse que quer a área de editoração”, contou a estudante, que deverá partir para a área de televisão, pela qual ficou apaixonada".