O mundo atual é cheio de oportunidades. Esta dinâmica imposta pela tecnologia, conectividade, queda das fronteiras culturais e acesso à informação deixa a nossa vida com tantas portas abertas que às vezes nos perdemos no meio de tanta coisa legal para fazer, vivenciar e aprender. Uma verdadeira overdose de oportunidades, principalmente de aprendizado.
Por outro lado, a vida corrida, a competitividade e a pressão cada vez maior por resultados nos coloca numa sinuca em relação à gestão do tempo. Hoje somos escravos do relógio. Não é à toa que muitas vezes nos damos conta que o ano acabou e sequer notamos. Dormimos cada vez menos, nos divertimos cada vez menos e cuidamos da nossa saúde cada vez menos.
Nas minhas aulas de planejamento pessoal, financeiro e profissional, este dilema sempre aparece de forma cavalar. Na hora de estabelecer objetivos e elaborar planos de ação, muitos jogam a toalha porque dizem que não haverá tempo suficiente para tudo o que gostariam de fazer. Uma atividade física frequente, estudar inglês ou fazer um novo curso, sempre esbarram na seguinte frase: “Não tenho tempo”. Uma aluna recentemente disse em sala de aula que não há 1% de chance de fazer algum tipo de atividade física durante a semana, pois a sua agenda não permite. Sai de casa quase de madrugada, pega um ônibus fretado, volta do trabalho na hora da faculdade, chega em casa quase à meia noite e mal consegue descansar. Ela faz questão de dizer que não tem tempo para ler um livro, fazer um curso de inglês e mais nada. Ao analisar esta rotina, parece que ela está certa. Tadinha, foi condenada a essa ditadura da falta de tempo e tem que se contentar com isso.
Sigo com a convicção de que, por maior que seja o desafio, o ser humano tem sempre a seguinte encruzilhada: Encarar ou não encarar. As pessoas que decidem encarar, procuram e acham soluções. Aqueles que declinam, encontram desculpas. A falta de tempo, no caso de cuidado com a saúde física e educação continuada, encabeça a lista de melhores desculpas. Em outras palavras, falta de tempo para fazer coisas importantes é a melhor desculpa de quem não quer fazer o que precisa ser feito. Quer meus argumentos? Vou fazer melhor, vou citar três casos que ouvi e aprendi na própria sala de aula onde a avalanche de desculpas surge.
Um aluno contou em sala de aula que todos os dias ele lava a louça do jantar. Este é acordo dele com a esposa. Pois bem, como ele fica ali por uns 20-30 minutos lavando louça, fez um suporte para o seu tablet na parede da pia e assiste um ou dois vídeos por noite enquanto lava a louça. Ele gosta do TED (www.ted.com) e de outros vídeos em inglês, e os usa para aprimorar a língua. Outra aluna contou que também vai e volta do trabalho de fretado e todos os dias usa este tempo para ouvir podcasts sobre finanças pessoais, aulas de inglês e dicas de saúde, assuntos que lhe interessa. Segundo ela, ler no ônibus dá tontura, mas ouvir não é um problema. Para fechar, um outro colega me contou que decidiu acordar todos os dias 30 minutos mais cedo para estudar. Segundo ele, esses meros 30 minutos são muito produtivos, porque o silêncio é total e o aproveitamento é ótimo. Um dia lê um artigo, outro assiste um TED e por aí vai. Ele monta uma agenda de segunda a sexta e tem esta pílula diária de novos conhecimentos.
Veja que interessante. Três exemplos de aproveitamento do tempo de forma criativa e eficaz. Pessoas que definiram um objetivo e encontraram a solução. Enquanto isso, há uma legião de pessoas que fizeram mestrado e doutorado na arte de encontrar desculpas para não fazer coisas importantes para a sua vida e para a sua carreira. Mas o interessante é que se medissem o tempo que gastam com cada atividade do dia e com coisas que não são tão importantes verão que, na verdade, não existe falta de tempo, existe falta de prioridade. Até o próximo!