Porque os bons vão embora – "Coluna Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

Porque os bons vão embora

 

“Por que os bons estão indo embora? A resposta está embaixo do seu nariz”

 

No último módulo do Pós MBA que estou cursando discutimos a gestão de pessoas – histórico, desafios e tendências. Depois dessa aula e das discussões (de alto nível, devo dizer) que tivemos, decidi cortar uma palavra do meu vocabulário, dos meus discursos e palestras. Refiro-me ao termo “reter”. Aliás, a palestra que mais tenho ministrado ultimamente chama-se “O desafio de atrair e reter talentos das novas gerações”. Chamava-se.

Saí desta discussão convencido de que a palavra reter não cabe mais nesse momento histórico em que vivemos e não representa algo possível de ser feito com as novas gerações. A sua conotação é equivocada e atrasada. Reter significa, em outras palavras, segurar, prender. Não precisa ser um grande estudioso para saber que, já há algum tempo, as relações entre pessoas e pessoas e entre pessoas e empresas mudaram. E muito. Uma dessas mudanças reside na questão da fidelidade e outra na efemeridade. Não estou fazendo nem pretendo fazer qualquer juízo de valor, mas o fato é que as relações estão mais curtas e as pessoas estão menos fiéis. Quando se fala de relações profissionais, então, essa questão é ainda mais acentuada. As empresas deixaram de ser um lugar onde se entra com a perspectiva de uma longa carreira, com raríssimas exceções. Hoje, mais do que nunca, o jogo se resume em “Fico enquanto valer a pena”. E o significado desse “valer a pena” tem feito com que profissionais de RH e gestores em geral estejam arrancando os cabelos da cabeça para tentarem entender e agir no sentido de segurar os melhores.

A palavra que deve substituir o termo “reter” chama-se “engajar”. Engajar significa construir um sentido maior, não só para o curto prazo, mas para o futuro. Um profissional engajado sente pela causa (ou empresa, ou pessoa) um comprometimento maior e um desejo de ajudar a construir um legado juntos. Ele quer fazer parte como se aquilo fosse seu. A diferença é brutal. Conseguir o engajamento de um profissional é, hoje, o maior desafio das empresas, ainda mais quando se tratam de bons profissionais, aqueles que entregam resultados acima da média. 

Os estudos sobre motivação estão cada dia mais avançados e algumas verdades ainda desconhecidas pelas empresas já foram descobertas. Uma delas diz respeito ao que promove a motivação intrínseca, ou seja, aquela que vem de dentro de cada de nós, que independe de fatores externos como remuneração variável, salários acima da média etc. Tenho lido muito a respeito e começo a formar uma opinião cada vez mais convicta de que os bons profissionais querem hoje um conjunto de elementos, que não se resumem unicamente à remuneração e que poucas empresas estão conseguindo oferecer. Isso explica facilmente a insatisfação (quase generalizada) que é mapeada na maioria das empresas. Os bons estão infelizes, apenas esperando uma oportunidade para irem embora. 

O que eles querem? Segue a minha lista, criada a partir dos meus últimos nove anos estudando gestão de carreiras, competências empresariais e relações pessoas x empresas. São cinco elementos: Reputação, Autenticidade, Crescimento, Meritocracia e Autonomia.

Na minha humilde visão, estes cinco elementos são os que conseguem promover um ambiente de trabalho fértil para atrair e engajar (agora sim, termo correto) os melhores. Tenho a sorte de poder conhecer, conviver e conversar com centenas de ex-alunos que me relatam situações em suas empresas, principalmente com seus chefes, que ferem um (ou mais) desses pilares e que são um balde de água fria na motivação e engajamento. Portanto, após pensar muito antes de escrever este artigo, montei esta lista e irei, nos seguintes, aprofundar em cada um deles e dar a minha opinião de como as empresas e gestores devem agir daqui pra frente no sentido de se transformarem em ímãs para talentos e não o contrário. Até o próximo!

 

O corpo e a carreira - Parte I - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Sem saúde e disposição, a sua carreira pagará a conta”

 

Já fui atleta, sedentário e “normal”. Portanto sinto-me no direito de falar com algum conhecimento de causa sobre o tema. Dos 13 aos 23 anos, joguei vôlei e peteca (esporte tradicional em MG) praticamente todo dia. Competi profissionalmente em ambos os esportes. Dos 23 aos 33 foquei na carreira. Abandonei os esportes e entrei naquela “vida” de trabalhar doze horas por dia (ou mais), comer mal e dormir pouco, sempre com a desculpa de que não havia tempo para cuidar do corpo e que a carreira era a prioridade. Aliás, a resposta que ouço de 99% das pessoas quando pergunto se fazem alguma atividade física é: - Não tenho tempo!

Um dia a conta chegou. Com 34 anos, pouco antes de a minha filha nascer, quase fui empacotado. O corpo não aguentou e a máquina pifou. Depois desse (grande) susto, tomei algumas decisões. A primeira foi mudar o meu estilo de vida e abrir espaço na agenda para atividade física frequente. A segunda, não menos importante, foi mudar o meu padrão de alimentação. Fui estudar e consultar profissionais competentes sobre ambos os temas. No caso de atividade física, aprendi que 30 minutos por dia, quatro vezes por semana, é mais do que suficiente para manter o corpo em forma. Estudei os efeitos das atividades aeróbicas (corrida, natação etc) e anaeróbicas (musculação) e as suas devidas importâncias e complementaridade. Comecei, venci a barreira inicial de desistência e sigo até hoje com uma disciplina militar de exercícios físicos. Na alimentação, fui me consultar com um grande profissional de nutrição esportiva e aprendi muito sobre os alimentos, suas funções e seus impactos no corpo (e na balança). Cortei gordura, frituras em excesso e carboidrato depois das 21h, tudo com equilíbrio e sem radicalismo. Convenci-me de que precisava aprender a comer sem fome e me alimentar cinco vezes ao dia, sempre em intervalos máximos de aproximadamente três horas.

O resultado? Há nove anos a minha vida mudou. Mais disposição, mais produtividade, mais satisfação, melhor autoestima e por aí vai. Conheço muita gente, grandes executivos, empresários e profissionais liberais, que assim como eu, não abrem mão de cuidar do corpo e da saúde por nada, porque entendem que se o corpo não estiver bem, a mente não estará.

Se você está ou sempre esteve nessa vala comum de tocar a vida profissional com a convicção de que ela está desassociada da sua saúde física, está na hora de parar tudo e responder duas perguntas:

1.       Até quando você acha que o seu corpo aguentará?

2.       Você realmente acredita que a sua produtividade e criatividade não dependem da sua saúde física?

Quer um conselho? Inicie uma jornada! Uma agenda de estudos e conversas com pessoas que levam um estilo de vida saudável. Você, a não ser que realmente queira se enganar, não demorará a entender os ganhos na carreira e, por consequência, no seu bolso.  Comece devagar. Não adianta querer mudar um hábito de anos em semanas. Não é assim que a coisa funciona.

Paralelamente aos estudos, promova pequenas mudanças nos seus hábitos. Comece a comer poucas quantidades, em intervalos menores. Consulte um nutricionista e um profissional de educação física. Com a ajuda deles, monte um plano de atividades físicas periódicas e uma reformulação na sua alimentação. Sempre devagar e sem pressa. O importante é ir incorporando aos poucos novos hábitos que trarão inúmeros ganhos de saúde e disposição para você. Estabeleça algumas metas, escreva-as e acompanhe de perto. Se você for do tipo que precisa de incentivo para não desanimar, busque uma pessoa próxima para iniciar essa jornada juntos. Ter alguém ao lado com objetivos semelhantes é bem interessante, porque um puxa o outro.

Não, eu não estou fugindo do tema “Carreira e competências”. Cuidar do corpo e da saúde é cuidar da carreira, mais do que a maioria das pessoas imagina. Até o próximo!

 

Marcelo Veras

 

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
Contato: (011)98435-0011 ou (011)99482-3333
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O poder da Empatia

Empatia + Atenção = Encantamento

 

No último final de semana passei por uma situação inusitada. Não poderia deixar de relatar aqui e mostrar o poder de uma palavra que tenho frequentemente tratado neste espaço – a Empatia.

Estava em um restaurante em Campos do Jordão. Era tarde e havíamos chegado de viagem, com uma baita fome. Sentamos e logo fomos atendidos por um simpático garçom. O salão estava cheio. Não havia quase nenhuma mesa vazia. Ele parecia cansado de tanto correr de lá para cá. Anotou o nosso pedido de bebidas e se foi, quase correndo. Quando trouxe as bebidas (sem demoras), fizemos o nosso pedido do jantar. Ao me ver degustar o vinho, logo perguntou: "Posso trazer umas lascas de queijo parmesão para o senhor? Com certeza vai gostar e, ainda, ajuda a enganar a fome enquanto a comida fica pronta." Parece que o homem tinha lido meus pensamentos. Disse que sim e o sujeito logo saiu com pressa. Foi em um pé e voltou no outro, com a esperada entrada. Fiquei curioso em relação àquele garçom e continuei o observando. Percebi que, depois da sua primeira ação conosco, ele circulava absolutamente atento. Certa hora, viu que uma senhora não estava conseguindo levantar de uma mesa e foi o primeiro a oferecer ajuda, antes mesmo do provável marido que estava ao lado.

Os pratos não tardaram a chegar. A minha massa estava maravilhosa e praticamente devorei a pequena porção de queijo ralado que estava na mesa. Antes mesmo de eu pedir um pouco mais, quem me chega? Ele, o bendito garçom! Com um sorriso na boca, disse: "Aqui está mais queijo ralado. Vi que senhor gosta." Aquele homem era um santo! E um vidente também!

Quando acabamos de comer, pedimos a conta. Havia sobre a mesa meia garrafa de vinho e um pequeno resto do parmesão que havia servido na entrada. Não tinha o menor perigo de eu deixar aquela garrafa para trás. Sempre levo o que sobra, sem nenhum pudor. Mais tarde, no hotel, daria um bom drinque antes de dormir. Quando menos esperei, ainda colocando a rolha na garrafa para levá-la, lá vem ele com mais uma. Desta vez, quase não acreditei. Ele chegou com uma pequena embalagem de isopor e disse: "Já que vai levar o vinho, trouxe aqui uma pequena embalagem para o senhor levar estas lascas de parmesão que sobraram. Dá um belo tira-gosto mais tarde quando for beber o vinho. O que acha?"

Absolutamente encantado com o atendimento e com as iniciativas dele, agradeci e aceitei. Enquanto foi fechar a nossa conta, ficamos, eu e minha noiva, comentando os fatos. Como pode alguém ter tanta sensibilidade e percepção em relação ao bem estar de um cliente justamente quando tinha que atender a tantas mesas? Eu estava positivamente surpreso. No final pagamos a conta e, quase em um impulso, saquei da carteira uma gorda gorjeta, acima dos 10% habituais do valor da conta, além do que já tinha pago, e entreguei na mão dele, dizendo: "Muito obrigado pelo seu atendimento. Ficamos muito felizes”.  Ainda guardando o dinheiro no bolso, com um sorriso sincero, nos disse olhando atentamente: "Foi fácil! Apenas me coloquei no lugar de vocês e fiquei atento. Eu é que agradeço. Voltem sempre!" Uau! Ainda por cima, sabe como ninguém usar o poder da Empatia.

Pois é, dentre inúmeras situações de péssimos atendimentos, arrogância e falta de preparo que vejo por aí, muitas vezes com pessoas detentoras de graduação superior e que, talvez, tivessem estudado muito mais do que aquele humilde senhor, aquele atendimento foi um exemplo brilhante de como alguém consegue, fazendo muito pouco, encantar. Simplesmente encantar. Saí do restaurante dizendo que se eu fosse abrir uma empresa algum dia naquela cidade, eu iria atrás daquele cidadão e ele seria o meu braço direito. Pode ser que demore mais um pouco, mas se ele mantiver esta pegada, logo logo receberá convites semelhantes! Com certeza belos convites ainda lhe virão!

Empatia – capacidade de se colocar no ligar do outro. Esta atitude pode (e deve) ser adotada em qualquer lugar, principalmente no seu ambiente de trabalho, com seus pares, superiores e subordinados. Se você fizer isso, irá encantar as pessoas e as portas não se abrirão para você. Elas vão se escancarar. Até o próximo!

Marcelo Veras

 

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
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Escolhas x Renúncias

“Quem não aprender a dizer não terá sérios problemas nos próximos 10 anos”

 

Tenho escrito e falado tanto sobre “foco” que esta palavra às vezes me cansa. Mas parece que quanto mais falo (ou escrevo) sobre ela, mais pessoas aparecem ignorando-a e me deixando com mais vontade ainda de colocá-la no palco. Só que desta vez quero tratar deste tema com outro olhar. Por um outro ângulo. Assim, quem sabe consigo convencer mais algumas pessoas de que este século premiará mais quem souber dizer não e fazer as escolhas certas.

O pano de fundo é um só: O momento histórico atual, como raramente visto na história da humanidade, está repleto de oportunidades. Oportunidades para quem quer trocar de emprego, para quem quer abrir o seu negócio, para quem quer explorar outros mercados, para quem quer verticalizar seus negócios, para quem quer se internacionalizar, para quem quer qualquer coisa. Uma verdadeira overdose de oportunidades. É tentador viver em um mundo assim. Já perdi a conta de quantas pessoas ou empresas bateram à minha porta para propor projetos a mim e ao meu sócio. Novos mercados, novos segmentos, novos produtos, parcerias, sociedades etc.

Por outro lado, estamos com 7 bilhões de pessoas no mundo, cada vez mais gente entrando no mercado de trabalho e cada vez mais pessoas querendo abrir o seu negócio. Ou seja, uma competitividade também sem precedentes. Com as fronteiras comerciais cada vez mais tênues, a competividade global tem sido impiedosa com as empresas e profissionais amadores. Nunca foi tão crítico ser profissional e muito bom no que se faz. Não dá mais para esconder ineficiências. Nem as empresas nem, muito menos, os profissionais. A competividade está tão grande que hoje o termo “excelência no que se faz” é um imperativo. E é exatamente este nó que quero puxar.  Pense um pouco e responda: Quem (em tese) tem mais chances de se tornar o melhor pianista do mundo? Alguém que se dedica 100% do tempo a tocar piano ou alguém que divide seu tempo (e sua energia) em aulas de três instrumentos (ex: Piano, violão e saxofone)? A resposta é quase matemática. E este exemplo está aí, a olhos nus, para quem quiser ver, no mercado em geral. Este mal, de querer fazer tudo e no final não conseguir fazer nada bem feito, atinge uma população que nem sei dimensionar o tamanho. A tentação de nunca dizer não a uma oportunidade nova é, ao mesmo tempo, boa e ruim, que pode se transformar em uma armadilha muito perigosa e que tem “matado” muita gente e muita empresa por aí. 

Tenho visto tanta, mas tanta gente e tanta empresa caindo nessa armadilha, que até escrevi uma frase que tenho usado em quase todas as minhas aulas e palestras. “O sucesso hoje e no futuro estará mais associado à nossa capacidade de fazer renúncias do que de fazer escolhas”.

Pense, analise e forme a sua opinião. A minha está formada e duvido que alguém me convença a mudar. Só acredito que terá sucesso, em qualquer coisa que for fazer na vida, alguém de se dedicar com prioridade absoluta a esta “causa”. Este século está sendo, e será ainda mais, cruel com quem não tiver foco. E para se ter foco, é preciso aprender a dizer NÃO. Temos que ter muito claros quais são nossos objetivos e tirar da frente tudo o que estiver no caminho, principalmente as tentações que vão aparecendo diariamente e que nos convidam para “novas oportunidades” e que, na visão de muitos, podem ser conciliadas com os desafios atuais. Não podem! Acredite nisso, não podem! E quem achar que sempre dá para fazer mais alguma coisa, entrar algum outro negócio ou começar uma outra batalha paralela profissionalmente, lamento informar, mas vai se dar mal, muito mal. Escolha algo que goste de fazer, que lhe der prazer e se dedique a isso. Procure ser o melhor ou estar entre os melhores. Ao resto, diga NÃO. Isso vale para tudo, até para as suas escolhas pessoais, como seus amigos e a pessoa com quem você quer construir uma família. Dedique-se a uma única causa, seja ela qual for. Até o próximo!

Marcelo Veras

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
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Agradecer

Um gesto simples, educado e inteligente”

 

Há quatro meses uma ex-aluna me ligou perguntando se eu poderia escrever uma carta de recomendação para ela concorrer a uma vaga em uma universidade nos EUA. Logo me prontifiquei e escrevi a carta. Assinei, deixei no meu escritório e ela veio buscar. Não nos encontramos mais. Pra falar a verdade, nem me lembrava mais disso, tamanha a correria em que me encontro nos últimos meses. Mas esta semana recebi uma ligação dela. As palavras foram simplesmente estas: “Oi, tudo bem? Liguei para te contar que fui aceita na faculdade nos EUA, que viajo em dois meses para começar o curso e para te agradecer imensamente pela carta de recomendação que você fez. Com certeza ela me ajudou a conquistar a vaga”. Respondi que não precisava agradecer, dei os parabéns, desejei boa sorte e pronto. A ligação durou menos de 3 minutos.

Logo após desligar, parei um pouco e pensei em como algo tão simples de ser feito e tão gentil é negligenciado por tantas pessoas. Fiquei neste momento tentando lembrar e fiz uma lista enorme de pessoas que, nos últimos seis meses, poderiam (ou deveriam?) ter me ligado ou enviado um email simplesmente para dizer obrigado. Não que eu tenha feito inúmeras cartas de recomendação, mas falo de coisas simples como repassar um contato, apresentar uma pessoa, indicar para uma vaga etc.

Não sou especialista em comportamento humano, mas vejo que a gratidão foi bem menos democratizada na humanidade do que a capacidade de pedir. Há pessoas que pedem com uma competência enorme e agradecem (quando agradecem) com um amadorismo de jogo de várzea. Parece que quem ajudou não fez mais do que uma obrigação, quando na verdade dedicou uma parte do seu tempo para fazer algo que não tinha a menor obrigação de fazer. É como se após receber o favor, o favorecido sofresse uma lobotomia e esquecesse que foi ajudado. Louco, né? Já ouvi algumas teses que tentam explicar este fenômeno, mas para mim só existe uma válida: falta de educação.

Pois é, hoje dediquei um tempo a pensar nisso. Confesso que fiquei feliz com a ligação de 3 minutos da minha ex-aluna, que simplesmente serviu para me agradecer por algo que, embora simples, fiz e a ajudei de alguma forma. Senti-me bem, valorizado, feliz. Creio que você também se sentiria. É bom ter um esforço reconhecido, mesmo que apenas com um “obrigado”.

Vou tentar ficar mais atento a este ponto. Será que estou me lembrando de agradecer àqueles que me ajudam em coisas simples do meu dia a dia? Será que não estou sendo “profissional” ao pedir e “amador” ao agradecer? Quantos “Muito obrigado” deixei passar em branco recentemente?

E você? Pare agora e tente se lembrar dos últimos favores ou ajudas que pediu? Faça uma lista, mesmo que mentalmente. Agora me diga. Você agradeceu? Se sim, parabéns e nunca perca este hábito. Se não, faça o quanto antes, mesmo que tardiamente. E daqui pra frente, não cometa mais este erro. Além de deselegante, isso cria uma imagem de pessoa que só sabe pedir. E isso não é bom, nem para a imagem pessoal, nem muito menos para a profissional. Com o tempo, esta imagem de pessoa que só sabe pedir fecha portas e afasta bons contatos e potenciais amigos. Ou seja, um erro simples de ser corrigido, mas que pode causar impactos bem grandes na carreira e na vida.

É isso, vamos todos ficar mais atentos e usar a palavra “Obrigado” sem economias. Pode ter certeza que as pessoas que receberem a sua gratidão vão ficar felizes e predispostas a lhe ajudar de novo no futuro. Até o próximo!

Marcelo Veras

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
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A cobra e o vagalume

Não queira na sua equipe cobras que gostam de comer vagalumes”

 

Era uma vez uma cobra e um vagalume. Certo dia, este vagalume percebeu que a cobra olhou para ele diferente. Quando menos esperou, a cobra estava “correndo” em sua direção. Na dúvida, o vagalume fugiu. Mas a cobra continuou atrás dele impiedosamente. Depois de tentar escapar por diversos caminhos e sem sucesso, tamanha a ira da cobra em lhe alcançar, o vagalume cansou e ficou acuado em um canto. A cobra, já com a boca aberta e o veneno pingando, estava pronta para dar cabo à vida do pobre vagalume, quando este falou: - Dona cobra, antes de me matar, posso lhe fazer três perguntas? Não vejo razão, mas pode sim, respondeu a cobra. – Muito obrigado. A primeira pergunta é: Eu faço parte da sua cadeia alimentar? – Não, respondeu a cobra. – Eu fiz algo de ruim para você ou um dos seus? – Não, respondeu novamente a cobra. – Então por que você quer me matar? Após um olhar pensativo, a cobra respondeu: - Porque eu odeio o seu brilho.

Quando ouvi essa história, passou um filme na minha cabeça. Nos meus quase 20 anos de carreira, sem contar o tempo de faculdade, quando também trabalhei, conheci muitas cobras e muitos vagalumes. Perdi a conta. Vi muitas pessoas sendo detonadas ou boicotadas por outras só porque eram competentes e faziam diferente no seu trabalho. É incrível como tem gente nas empresas que, por não terem competência para produzirem grandes feitos, ficam à caça dos bons, com um veneno na boca e prontos para apagarem as luzes daqueles que estão focados no seu trabalho e entregando bons resultados. Você já viu este filme? Quantas cobras que gostam de comer vagalumes existem na sua empresa ou na sua área?

Quando me formei e comecei a minha trajetória profissional, confesso que tinha uma visão muito romântica das relações pessoais nas organizações. Achava que todos em uma empresa estavam ali para fazerem a empresa crescer. Afinal, todos são pagos para isso, correto? Em teoria sim, mas na prática, logo vi que a coisa não era tão linear. Muita gente está ali muito mais para pensar em si do que na empresa ou na equipe. Muita gente é capaz de ferrar os resultados da empresa para se dar bem. Muitos são capazes de pisar na cabeça de quem tiver que pisar para crescer na hierarquia. E este tipo de gente, quando encontra um vagalume brilhando, se transforma na cobra mais peçonhenta e vai atrás da estrela para apagá-la, como na história acima. E quem perde? A resposta é simples.

Este é um fato e ponto. Existem pessoas que não conseguem conviver com gente competente e que “brilha”. A questão é: O que fazer? A resposta depende do perfil de quem vai responder e da sua posição na empresa. Falo do perfil porque um monte de líderes de equipes são cobras que gostam de vagalume também. Aliás, tem líder que adora parir e criar novas cobrinhas, tal qual o pai (ou a mãe). Nestes casos, nem manicômio resolve. E se o “dono” da empresa não perceber e agir, daqui a pouco tem uma população desses bichos destruindo o resultado da empresa. Mas se este não for o caso e os líderes da empresa não queiram pactuar com este genocídio de vagalumes, a única coisa a fazer é demitir todas as cobras. Não há outra saída. Pessoas invejosas só servem para uma coisa: destruir.

Na minha empresa, eu e meu sócio temos um pacto. Não queremos ouvir fofocas e não alimentamos intriguinhas. Todos os que trabalham com a gente sabem que queremos foco no trabalho. Premiamos a meritocracia e não queremos ninguém focado em outra coisa que não seja o trabalho e os nossos objetivos. Em empresas maiores, isso é mais difícil, mas esta cultura é possível de ser construída em qualquer empresa, desde que quem esteja no comando queira.

Infelizmente ouço casos dessa natureza com uma frequência enorme. E sempre que tenho a oportunidade de conhecer alguém brilhante e com muito potencial, aviso: - Cuidado com cobras que gostam de comer vagalumes! Afaste-se delas!  Até o próximo.

Marcelo Veras

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
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