"Desde o anúncio do fim de The Good Wife, teorias e mais teorias sobre possíveis spin-offs inundaram a internet, o que não chegou a ser uma surpresa, dado o variado leque de personagens secundários que a série nos apresentou durante os anos. Porém, até certo ponto, tudo não passava de um sonho de fãs que estavam prestes a ficar viúvos de um ótimo show.
Entretanto, com um final que não agradou muita gente, parece que os King sentiram a necessidade de entregar algo melhor para os fãs. Junte isso com a necessidade de a CBS precisar de um carro chefe forte para lançar seu serviço de streaming e a notícia do lançamento de The Good Fight não chega a ser algo chocante.
A ideia de fazer um spin-off centrado em Diane Lockhart é um presente para os fãs, que viram Christine Baranski renegada a um papel menor quando sua personagem era, muitas vezes, mais carismática que a protagonista da série. Todos amam Diane e querem ver mais dela. Mas nem só de uma protagonista excelente vive um show e as duas escolhidas para acompanhar Baranski também agradaram ao serem anunciadas: Cush Jumbo, que foi uma das poucas boas surpresas da última temporada de The Good Wife como Lucca Quinn, e Rose Leslie, favorita os fãs de Game of Thrones em seu primeiro grande papel desde a série.
Até aqui tudo prometia um bom show e a pergunta que ficava no ar era: The Good Fight vai ser mesmo boa?
A resposta é simples: sim.
O primeiro episódio da série entrega uma trama sólida, com base em uma base forte que é a série original, ao mesmo tempo que consegue se renovar em muitos aspectos. A passagem de tempo de um ano entre o fim de uma série e o início da outra ajuda a deixar as mudanças que ocorreram mais críveis e orgânicas.
Diane continua a mesma personagem carismática de sempre e não há como não comprar o choque dela ao ver Trump tomando posse. Mas é aqui que está o único problema deste primeiro episódio. A posse do novo presidente não combina com o que vem depois, com Diane procurando um chalé na França para passar sua aposentadoria. Os King afirmaram que tiveram que refilmar este começo de episódio, e uma posse de Hillary ficaria mais coerente com Diane considerando que sua luta tinha acabado e a aposentadoria era o próximo passo.
Fora este ponto, afirmo tranquilo que o resto deste primeiro episódio foi maravilhoso. A começar pela introdução de Maia Rindell (Rose Leslie), que vai de recém aprovada advogada confiante e bem resolvida para uma excluída da sociedade por conta dos erros dos pais. A personagem é ótima e traz consigo um bom arco dramático de redenção e autoafirmação, bem parecido com o de uma certa Alicia Florrick. Rose Leslie está muito bem e não decepcionou quem esperava bastante dela.
Ao mesmo tempo, reencontramos Lucca em uma nova firma, do lado oposto de Diane, levantando dúvidas sobre o que aconteceu com ela no ano que se passou. A nova firma, que contratou Diane e Maia no fim do episódio, tem tipos interessantes nos seus sócios e espero que as interações entre todos não sejam forçadas. Apesar de ter estado mais apagada, creio que logo veremos Lucca brilhar de novo.
A trama do escândalo financeiro que colocou todas as peças no lugar e ditou o que teríamos daqui para frente não soou forçada e estranha. Foi duro ver Diane encarar seus planos serem destruídos, ter que se humilhar para tentar conseguir voltar a trabalhar e sofrer sucessivos baques tudo por conta de algo pelo que ela não teve culpa nenhuma, muito pelo contrário, foi apenas mais uma vítima. Além disso, ela ainda teve que encarar de vez o fim de seu casamento com Kurt McVeigh, abalado pelo duro golpe dado por Alicia ainda em The Good Wife. Diane ainda mostrou que também erra ao tratar Maia mal pelo erro do pai e, felizmente, se corrigiu a tempo. A relação entre as duas tem tudo para ser melhor do que a relação entre Diane e Alicia jamais foi.
Paralelamente, é impossível não se compadecer de Maia e tudo o que a fraude do pai a faz passar. Humilhada publicamente, atacada na rua, vítima de boatos e até mesmo o vazamento de um sex tape. É a síntese do ditado que diz que “nada está tão ruim que não possa melhorar. Mas pode. Ninguém melhor que David Lee para ir chutar cachorro morto e por Maia para fora da firma depois de ter feito o mesmo com Diane.
Outro bom momento veio justamente daí, com Lucca defendendo sua rival e a ajudando a encarar de uma maneira melhor a situação. A cena das duas no banheiro foi ótima e o melhor momento de Cush Jumbo no episódio, junto com o frio cumprimento a Diane em seu reencontro.
O primeiro episódio de The Good Fight entregou a base do que a série pretende ser e se mostrou um excelente começo para esta nova fase da série. Veremos Diane novamente como mentora, Maia tentando se provar e Lucca, bem, ainda não sabemos o que será de Lucca. Se as coisas continuarem assim, não teremos que apelar a nenhum tribunal pra pedir uma boa dose de televisão".
Fonte: https://seriemaniacos.tv/the-good-fight-hora-diane-lockhart/