Os benefícios da atividade física regular se estendem aos indivíduos com doença cardíaca estabelecida. Essa constatação foi fundamental para que houvesse uma mudança importante nos conceitos, já que por muito tempo o repouso e a inatividade física foram normas recomendadas para os pacientes com doença cardíaca. Revisões sistemáticas demonstraram claramente a importância de se engajar num programa de atividade física regular, com o objetivo de atenuar e até mesmo reverter o processo inflamatório persistente nos pacientes cardiopatas com redução da placa aterosclerótica esses pacientes com doença cardiovascular estruturada.
A atividade física rotineira melhora a composição corporal (reduz a adiposidade abdominal e melhora o controle do peso), realça o perfil lipídico (reduz o triglicerídeos, aumenta o HDL e melhora a relação HDL/LDL), melhora o controle glicêmico e a sensibilidade insulínica, reduz a pressão sanguínea, aumenta o tônus autonômico, reduz a inflamação sistêmica, diminui a coagulação, aumenta o fluxo sanguíneo coronariano, melhora o desempenho cardíaco, estabiliza a função endotelial e melhora do status psicológico (redução do estresse, ansiedade e depressão).
Os benefícios da atividade física contínua não se restringem apenas na esfera cardiovascular, reduz a incidência de diabetes tipo, além de ser um potente aliado no manejo e controle glicêmico. Um estudo prospectivo demonstrou que caminhar duas horas por semana, estava associado à redução de morte prematura por qualquer causa e cardiovascular 39-54% e 34-53%, respectivamente nos pacientes com diabetes.
Outro aspecto importante diz respeito a sua ação na redução de alguns tipos específicos de câncer (mama e cólon). Uma revisão sistemática epidemiológica revelou que a realização de atividade física moderada (como cortar grama), estava associada à redução de 30 a 40% em ambos os sexos de câncer de cólon e nas mulheres ativas 20 a 30% de redução de câncer de mama, quando comparado aos indivíduos inativos 65.
Em resumo, é inquestionável e consistente a contribuição da atividade física regular na prevenção primária e secundária, na redução de risco de doenças crônicas e consequentemente na diminuição do risco de morte prematura.
A valorização de programas de promoção de saúde focando os benefícios da atividade física devem contemplar pessoas de todas as faixas etárias, já que a cascata que desencadeia o processo aterosclerótico se inicia na infância e se exacerba com a idade.
Isabela Casline
Professora e Personal Trainer da Cia Athletica Campinas - contato: isabela.casline@soucia.com.br