A história oculta por trás dos nomes das ruas parisienses - Coluna Paris por Rogerio Moreira

Ao longo da história, Paris nunca parou de crescer e se modificar, geográfica e culturalmente. Sabemos que hoje, a cidade possui mais de 6.500 ruas, avenidas, ruelas, passagens, becos sem saída e praças. Todas com seu nome único e com uma história por trás de cada placa.

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Selecionamos neste artigo, 10 vias com nomes curiosos em Paris e contamos seus significados. Em sua próxima passagem pela cidade, fique atento quando enxergar uma dessas inconfundíveis placas azuis, que foram criadas e implantadas pelo então prefeito do Sena (antigo departamento francês, que incluía Paris) Claude-Philibert Barthelot de Rambuteau, a partir de 1844. Aliás, uma curiosidade sobre Rambuteau, é que ele havia sido camareiro de Napoleão I entre 1809 e 1810 e hoje existe até uma rua em sua homenagem, mas este é assunto para um outro artigo. Boa leitura!

01 – Rue des Mauvais Garçons (4º arr)

Data de origem: década de 1530

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Foto: blog lacithedog.com

A “Rua dos Meninos Maus”, no Marais, deve seu nome ao fato de existirem na região, gangues de adolescentes, franceses e imigrantes italianos que viviam fazendo arruaça, brigando e intimidando os garotos de outros bairros que “ousavam” se aproximar e circular por alí.

Como chegar: Metrô Hôtel de Ville – Linhas 1 e 11

02 – Rue du Chat-qui-Pêche (5º arr)

Data de origem: década de 1540

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Claro que passei por lá para trazer mais esta história para vocês.

Com apenas 29m de comprimento e 1,8m de largura, a “Rua do Gato que Pesca” é considerada a rua mais estreita da cidade. A origem do nome se deve a uma antiga peixaria que ali existia. Este comércio pertencia a um religioso chamado Dom Perlet, proprietário de um enorme gato preto, que possuía grande habilidade para literalmente, pescar peixes do rio Sena com um único golpe.

Existe uma lenda de que alguns estudantes acreditavam que o gato e seu dono (que seria um bruxo) eram na verdade, a mesma “pessoa”. Por isso, teriam capturado o gato e o jogado nas águas do Sena para comprovarem sua teoria. O gato e seu dono teriam então “desaparecido” depois desse episódio. Tempos depois, os dois “reapareceram” e voltaram para sua rotina normal, para espanto dos estudantes… Mistérioooo…

Como chegar: Metrô Saint-Michel Notre Dame – Linha 4

03 – Rue Mouffetard (5º arr)

Data de origem: Século I

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A velha “Mouffe” foi uma das mais belas experiências que tive nessa minha pesquisa.

A rue Mouffetard é considerada uma das vias mais antigas de Paris e ligava Lutécia (antigo nome de Paris) à Roma. Esta via percorre uma área próximo à colina Mont Sainte-Geneviève que era chamada de “Mont Cétarius” ou “Mont Cetardus” desde os tempos romanos; muitos historiadores consideram “Mouffetard” uma derivação desse nome antigo. Ao longo dos séculos, a rue Mouffetard apareceu como Montfétard, Maufetard, Mofetard, Moufetard, Mouflard, Moufetard, Moftard, Mostard e também rue Saint-Marcel, rue du Faubourg Saint-Marceau (“rua do subúrbio Saint-Marceau”) e rue de la Vieille Ville Saint-Marcel (“rua Saint-Marcel da cidade velha”). Há ainda uma outra linha teórica que defende que o nome da rua deriva de “Moufette” (gambá, em francês), devido ao mau cheiro do local na antiguidade.

Como chegar: Metrô Place Monge – Linha 7


04 – Rue Montorgueil – (1º e 2º arr)

Data de origem: Século X

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Foto: blog voali.com.br

O nome da rua é uma síntese de Mont-Orgueilleux (Montanha Orgulhosa) e recebeu esse nome porque na Idade Média, existia no local uma montanha (que na verdade era um monte de lixo e entulho) que se chamava Mont-Orgueil. A montanha de lixo era tão grande que chegava a medir 16m de altura. Já imaginou?

Hoje é uma das ruas mais conhecidas de Paris por seus restaurantes e lojas e também por ser um passeio perfeito para quem deseja fugir dos roteiros turísticos convencionais. Esta rua serviu de inspiração para a obra de Claude Monet, La rue Montorgueil à Paris. Fête du 30 juin 1878.

Como chegar: Metrô Sentier – Linha 3 / Étienne Marcel – Linha 4

5 – Avenue des Champs-Élysées (8º arr)

Data de origem: meados de 1709

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Foto: Forbes

Na mitologia grega, o reino dos mortos era dividido em diferentes jardins onde as almas residiam de acordo com sua vida terrena. Os “Campos Elíseos” seriam o paraíso reservado para heróis, bem como para almas virtuosas.

A avenida foi projetada em 1674 por André Le Nôtre (mesmo arquiteto dos jardins de Versalhes) como forma de ampliar o jardim das Tulherias. A avenida foi construída em uma área pantanosa fora dos limites de Paris, que atravessava um córrego que descarregava esgoto no Rio Sena. A nova avenida recebeu o nome de “Grand Cours” ou “Grand Promenade” e só passou a se chamar Champs-Élysées em 1709, passando ainda por grandes mudanças ao longo de sua história.

Como chegar: Metrô Geoge V – Linha 1 / Franlkin D. Roosevelt – Linhas 1 e 9

6 – Boulevard du Montparnasse (6º, 14º e 15º arr)

Data de origem: 1760

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Foto: montaparnasseapartment.com

Outro nome inspirado na Grécia, já que o Monte Parnaso é uma montanha mítica grega, dedicada ao deus Apolo e suas Musas, onde fica o famoso santuário de Delfos.

No início século XVII, estudantes do Quartier Latin se reuniam no topo de uma pequena colina artificial, onde areia e cascalho se acumulavam, para recitar poemas. O morro passou então a chamar-se ironicamente de Mont Parnassus, em alusão ao local de estadia de Apolo e das nove musas, protetoras das artes e da poesia. Ao longo da história, o local foi frequentado por nomes famosos como Picasso, Modigliani, Apollinaire, Sartre, entre outros.

Como chegar: Metrô Montparnasse Bienvenüe – Linhas 4 e 12

7 – Rue Vide-Gousset (2º arr)

Data de origem: 1685

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Foto: Wikipedia

A rua “Esvazia Bolso” ou “Bolso Vazio” recebeu esse nome, provavelmente devido aos inúmeros roubos que aconteciam contra os poucos moradores que por ali transitavam à época, principalmente à noite.

Como chegar: Metrô Sentier – Linha 3

8 – Rue Du Bac (7º arr)

Data de origem: 1564

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Foto: Bonjour Paris

Na época da construção do Palácio das Tulherias, em 1564, ao final desta rua, que na época era apenas um acesso de chão batido, existia uma balsa (bac) que era utilizada para atravessar o rio – daí o nome da rua. Esta balsa permitia que os blocos de pedra vindos das pedreiras de Vaugirard (que existiam na região onde hoje situa-se o 15º arr) chegassem ao canteiro de obras do Palácio, construído sob ordens de Catarina de Médici, durante o reinado de seu filho, Carlos IX.

No número 140 desta rua fica a famosa Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, onde a Virgem Maria teria aparecido para a Santa Catarina Labouré em 1830 e pedido a criação da medalha que veio a ser conhecida como Medalha Milagrosa. E do outro lado da rua, fica o badalado centro de compras Le Bon Marché.

Como chegar: Metrô Rue du Bac – Linha 12 / Sèvres Babylone – Linhas 10 e 12 (mais próximo da capela e do Bon Marché)

9 – Rue des Degrés (2º arr)

Data de origem: anos 1650

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Foto: Paris La Douce

Para você, Paris é sinônimo de grandes ruas e avenidas? Pode ser, porém, o que não faltam são ruelas e becos minúsculos. Pois bem, menor rua de Paris é formada apenas por degraus e fica no 2º arr, onde não há casas (e nem haveria espaço para isso). Como isso é possível? Esta rua atípica tem 5,75m de extensão e 3,3m de largura e é limitada apenas por duas paredes sem janelas, portas ou números. Nos dias atuais, se encontra decorada por grafites modernos. Paris e suas surpresas!

Como chegar: Metrô Bonne Nouvelle – Linha 8 9

Confira nosso artigo sobre a rue des Degrés

10 – Rue du Croissant (2º arr)

Data de origem: 1612

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Foto: Fred Lahache

O nome se deve a um antigo estabelecimento que existia nessa rua, um pequeno café que oferecia “Croissant” a seus clientes. Como existia ali uma placa e esta era única sinalização daquele trecho, as pessoas identificavam a rua como “rua do Croissant”. Com o passar dos anos, o local tornou-se um importante centro de publicações republicanas e socialistas, produzindo jornais e livros. Durante a Revolução Francesa, os jornais de Marat eram impressos no número 13 dessa rua. Mais adiante no tempo, na década de 1850, o escritor Honoré de Balzac (1799-1850) frequentou muito esta rua durante o processo de publicação de sua obra La Comédie Humaine, que fora impresso em uma das gráficas dessa rua.

Como chegar: Metrô Sentier – Linha 3

Fonte: https://parissempreparis.com/a-historia-oculta-por-tras-dos-nomes-das-ruas-parisienses/