Justiça ou Vingança? - Coluna Desenvolvimento Humano por José Carturan


Num primeiro momento estas duas coisas podem parecer diametralmente opostas. Justiça e vingança? Qual a correlação entre as duas, afinal? Por incrível que pareça elas aproximam-se muito mais do que imaginamos. Em alguns casos a linha que as separa chega a inexistir.

O tema em si é polêmico e peço que durante este texto procurem lembrar-se de situações que aparecem na mídia sobre o assunto. Em nenhum momento defenderei um ou outro ponto de vista aqui. Sugiro apenas uma reflexão imparcial e sensata.

Julgamentos como o dos Nardoni, do goleiro Bruno e do policial Mizael Bispo servem para ilustrar a reflexão que proponho. Normalmente em casos como este, onde existe grande comoção por parte da sociedade é comum ouvirmos não apenas familiares dos envolvidos no caso, mas pessoas de um modo geral pedirem para que a “justiça seja feita”.

Se a justiça do país é branda, compassiva, demorada e burocrática é assunto para outro momento. O fato é que a justiça possui normas, trâmites e protocolos que devem ser respeitados. Grosseiramente, podemos afirmar que a justiça existe para regulamentar as relações humanas e simplificadamente defender que as leis sejam cumpridas, ou seja, fazer com que o Bem prevaleça. Até aí nenhuma novidade.

No entanto, em grande parte das situações onde as pessoas clamam por “justiça”, o que na realidade, elas desejam é vingança.

Não se assuste, eu disse que o tema era polêmico. E desde o início pedi apenas uma reflexão.

Na realidade isto faz parte do sentimento humano. Quando nos sentimos agredidos, prejudicados, violados em nossos direitos, enfim, injustiçados, a sensação que toma conta de nós é um misto de indignação, revolta e rancor. Às vezes, no fundo o que queremos é adotar o “olho por olho, dente por dente”.

Repito, isto faz parte da natureza humana. Em um âmbito menor, é por isso que em certas situações onde nos sentimos desrespeitados, agredidos, acabamos reagindo intempestivamente e “pagando na mesma moeda”. Ouvimos algo que nos desagrada e rebatemos no mesmo tom. Justiça? Não. Vingança, represália, retaliação.

Lembremo-nos de diversos casos onde a INjustiça foi feita em nome de uma falsa justiça. Basta citar o caso da Escola de Base, situada em São Paulo, onde em 1994 onde houve acusações de violência sexual contra crianças. A população, então, resolveu fazer “justiça” depredando a escola e perseguindo os envolvidos.

Isto tem o nome de TURBA, uma multidão desordenada, que não tem um “cérebro” e sim é formada pela união das mentes de pessoas impulsionadas por sentimentos de rancor. Ao final do inquérito, nenhuma evidência foi comprovada e a vida, a moral e a dignidade dos proprietários da escola infantil destruída. Eram culpados? Não era isso que estava em discussão, pois de um jeito ou de outro, já estavam condenados pelo monstro chamado TURBA.

Que no bater do martelo os juízes sejam sempre iluminados para tomar a decisão mais acertada. E que de alguma maneira a justiça seja feita. Sem o sentimento do “Bem feito. Aqui se faz, aqui se paga”. Isto é vingança.

Dr. José Carlos Carturan Filho

 

Head Trainer da Elleven Desenvolvimento Humano, especialista em Medicina Comportamental pela UNIFESP/EPM (Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina) e manter Practitioner em PNL formado pela International Trainers Academy - Londres.

MBA em Gestão de Saúde e Marketing, professor do MBA de Gestão em Vendas da Universidade Paulista – Disciplina: "Comportamento do consumidor" e Cirurgião Dentista.

Formação em Hipnose Ericksoniana e Hipnose Clássica pela UNIFESP/EPM (Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina).