O mundo está doente e dolorido.
Viver hoje em dia requer um repertório de luta, mas igualmente de espera. De pensamento e ação rápidos, bem como de cautela e observação.
Como dormir com um barulho desses?
Como promover e desenvolver comportamentos distintos até opostos e que devem co-habitar as mesmas circunstâncias?
Deparamos-nos com a vida que não se deixa domar.
Estamos de mãos atadas frente a muitas situações: aumento dos impostos, do custo de vida, de ataques terroristas e aumento da criminalidade. Digo mãos atadas porque será difícil mudar estas perspectivas nesta vida, mesmo que as enfrentemos com envolvimento e atitude. Sejamos realistas.
No entanto, o que nos resta então? Fingir que não é conosco? Tentar levar a vida sem esbarrar diretamente nestes aspectos? Vamos desligar a televisão e não olhar mais para o holerite?
Tem aquela frase que diz que a ignorância é santa. Mas na verdade, ela mostra suas garras ao longo do tempo. A alienação conforta, mas não forma “enfrentadores”.
Enfrentadores de que? Não exatamente do sistema, mas de como o sistema atinge suas vidas e origina suas frustrações. Alienar-se é omitir-se de lidar com suas frustrações e não é por conta deste capricho que elas param de aparecer!
Então, meu amigo, não adianta esconder a cabeça na areia.
A resiliência é um repertório que torna as pessoas adaptadas, mas não fujonas.
Ela comanda a aceitação do que a rédea não pode controlar e a manutenção do que é possível se esforçar e fazer em busca da superação.
Voltemos ao (incômodo) exemplo dos impostos. O comportamento resiliente faz com que eu aceite que a mudança do cenário fiscal no Brasil é improvável ou no mínimo ainda sem perspectivas: aquele dinheiro vai sair do meu bolso e, pior, com zero de retorno. E diante disso sou capaz ainda de me manter produtivo, com idéias para talvez minimizar estes custos ou otimizar os meus ganhos e dar a volta por cima.
Claro que é difícil, às vezes desce amargo, mas a ação pró-ativa e de reparação possível da situação a ser superada são fundamentais para a adaptação.
Acho interessante este desenho que simboliza a resiliência:
Essa flor sobrevivendo e vivendo – afinal ela está aberta, desabrochada – em ambiente inóspito e pouco reforçador nos remete às inúmeras situações que nós próprios vivemos durante a vida.
É preciso lutar. É preciso aceitar.
É preciso desabrochar e receber a vida.
Assim, de peito aberto, somos capazes de chegar perto e enxergar os caminhos.
Nada de fechar os olhos, nada de pisar em falso.
Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos
Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Psicoterapeuta comportamental de adultos e famílias, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil e proprietária da Villa Saúde – Psicologia & Cia, uma proposta multidisciplinar e inovadora de fazer saúde íntegra. Minha grande busca é transpor os limites do consultório, viver e aprender a psicologia em outras fronteiras, levar a ajuda e receber o aprendizado. Contato: villasaudepsicologia@gmail.com e Facebook: Villa Saúde - Psicologia & Cia
