Raquel Baracat

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Mitos sobre aleitamento materno - Coluna Pediatria por Dra. Carolina Calafiori de Campos

Já estamos chegando ao fim do nosso mês de agosto, o nosso AGOSTO DOURADO - cor que simboliza o padrão ouro de qualidade do leite materno e a luta pelo incentivo à amamentação. Hoje vamos falar um pouco sobre os maiores mitos em relação a amamentação e desmistificar algumas idéias erradas sobre o tema, que acabam prejudicando muitas mães na hora de oferecer o peito ao bebê. É claro que amamentar gera uma séria de dúvidas por isso veja aqui algumas MENTIRAS em relação ao leite materno e a amamentação:

1- "O colostro (primeiro leite produzido pela mãe) não é tão importante"

O colostro possui 700 espécies de bactérias saudáveis, que irão fazer a colonização inicial do intestino dos bebês e isso é fundamental para que ele tenha um sistema imunológico eficiente durante a vida toda. Estas bactérias são responsáveis pela formação de 70% das nossas células de defesa. Esta colonização adequada também auxilia o organismo na prevenção de processos alérgicos e de doenças crônicas não-transmissíveis, como diabetes por exemplo pelo resto de nossas vidas. Além disso ele é rico em anticorpos, sendo considerado a “ primeira vacina do bebê”


2- "Meu leite é fraco e não está suprindo as necessidades do meu bebê"

NÃO EXISTE LEITE FRACO! As mães muitas vezes interpretam como leite fraco quando o bebê mama com muita frequência. Mas mamar com frequência é normal e esperado, principalmente nos primeiros meses de vida, por isso dizemos que o aleitamento deve ser em livre demanda, ou seja: o bebê deve mamar sempre que desejar. A dúvida do “ leite fraco” também surge por conta das variações de cor do leite, isso acontece mas todos os leites são adequados sob o ponto de vista imunológico e nutricional, por isso é considerado o alimento ideal para o bebê, sendo recomendado exclusivamente até o 6º mês de vida e até os dois anos de vida ou mais, após a introdução alimentar. Além disso, com frequência o choro do bebê é interpretado como fome, porém muitas vezes esse choro é causado por algum desconforto do bebê ( por exemplo cólicas ) ou simplesmente trata-se de uma forma de solicitar aconchego e proteção da mãe.

3- "Depois de 6 meses é bom substituir o leite materno por outros leites"

Já é um consenso entre as Sociedades de Pediatra que se deve evitar a introdução de leite de vaca ou de leite de soja até que o pequeno complete seu primeiro ano de vida. Isso ocorre porque os dois alimentos têm alto potencial alergênico, são compostos por proteínas que ainda não são bem digeridas e causam processos inflamatórios no organismo. De fato, com seis meses de vida quando a criança já consome todos os grupos alimentares o leite materno já não é imprescindível para a sua nutrição. Porém, a sua função não acaba aí. É só a partir dos seis meses que o sistema imunológico dos pequenos ficará independente do materno, neste período de transição ele precisa dos fatores imunológicos que serão transmitidos pelo leite da mãe.

4-"A alimentação da mãe não interfere no bem-estar do bebê"

Os nutrientes ingeridos pela mãe ou a falta deles influenciam diretamente no desenvolvimento do seu filho. O mesmo acontece com o consumo de alimentos alergênicos, como o leite de vaca. Mesmo que a criança não tenha contato com ele, ela sofrerá as consequências quando os anticorpos gerados pela mãe chegarem até ela por meio do aleitamento, ocasionando os mesmos sintomas de quando o bebê ou a criança os ingerem.

5 “A amamentação prolongada torna a criança dependente emocionalmente da mãe”

Na minha humilde opinião, essa é uma das crenças mais danosas a amamentação e ao vínculo materno com o bebê. Infelizmente essa crença é tida como verdade, inclusive por muitos profissionais de saúde, e não tem nenhum fundamento científico; muito pelo contrário, crianças com vínculo seguro tendem a ser mais independentes, a ter mais facilidade para se separar de suas mães e a entrar em novas relações com mais segurança e estabilidade. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), referendada pelo Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Pediatria, é que as mães amamentem seus filhos por até dois anos ou mais. Apesar de a orientação ser clara, a amamentação prolongada é cercada de mitos e, principalmente, críticas. Não existe uma data-limite para suspender a amamentação, o desmame deve acontecer naturalmente.


6- “Preciso dar os dois peitos a cada mamada”

O tempo de cada mamada não deve ser fixado, pois o esvaziamento da mama pode variar conforme a fome do bebê, do intervalo entre uma mamada e outra, do volume de leite armazenado na mama, entre outros. O importante é que a mãe dê tempo suficiente para o bebê esvaziar adequadamente seu seio, caso esvazie uma mama por completo e a criança ainda deseje mamar, a mãe pode oferecer a outra mama. Na próxima mamada, recomenda-se que a mãe dê o seio que não foi oferecido na mamada anterior ou ofereça o que o bebê mamou por último, caso tenha sido ofertado as duas mamas.

7- “Seios muito pequenos não produzem leite na quantidade suficiente para o bebê.”

O tamanho da mama não tem NENHUMA relação com a produção do leite. Tanto as mamas grandes quanto as pequenas possuem a mesma capacidade de produzir o mesmo volume de leite em um dia.

8- Quando o bebê começa a comer, o leite materno pode prejudicar a absorção de ferro.

Quase 70% do ferro do leite materno é absorvido adequadamente pelo bebê. O leite materno possui bactérias benéficas que atuam no fortalecimento da imunidade, assim como em outros fatores de proteção que otimizam a capacidade de absorção de ferro e outros nutrientes. O ferro presente no leite materno é de mais fácil absorção pelo organismo do bebê.

Dados: Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria

Fotos: Pinterest

Carolina Calafiori de Campos

Coluna Pediatria

Dra Carolina Calafiori de Campos - CRM 146.649 RQE nº 73444 

Médica Formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, Especialização em Pediatria pelo Hospital da Puc Campinas, Especialização em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital da Puc Campinas, Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria - Contato: carolinacalafiori@hotmail.com