A Disney é o destino dos sonhos de muitos brasileiros, porém o alto valor investido neste tipo de viagem exige ainda mais foco no planejamento. Além de todos os gastos com passaporte, visto americano, passagens aéreas para Orlando, hospedagem e dinheiro para levar, há também os ingressos para os parques – e se você não sabe quanto eles custam pode ficar em choque.
Em Orlando, a Disney tem quatro parques temáticos e dois parques aquáticos: Magic Kingdom, Animal Kingdom, Epcot, Hollywood Studios, Blizzard Beach Water Park e Typhoon Lagoon Water Park. Juntos eles somam mais de 120 atrações nas áreas do Walt Disney World Resort. Os ingressos são vendidos na moeda americana, o dólar, no câmbio de hoje a R$ 5,20. Sim, é muita grana, em reais praticamente seis vezes mais, contando o spread. Esperamos que este cenário melhore, porém em meio a uma pandemia fica difícil prever o que vai acontecer.
O preço dos ingressos não é fixo e costuma variar de acordo com a data da visita e o tipo de entrada adquirida, já que existem várias opções. Mas para se ter uma noção, no ano passado a empresa havia lançado um pacote de ingressos promocionais a partir de US$ 335, hoje algo em torno de R$ 1.850 por pessoa, podendo visitar os quatro parques principais dentro de sete dias corridos. Agora vamos imaginar uma família com dois adultos e duas crianças: são cerca de R$ 7.400 gastos somente com ingresso – lembrando ainda que este é um pacote promocional, o valor do ingresso convencional costuma ser ainda mais alto.
Mas por que os ingressos custam tão caro?
Com o real cada vez mais desvalorizado, é claro que para nós brasileiros acaba custando mais caro visitar os parques. Em geral, os preços que já são altos ainda são reajustados anualmente pela empresa. A Disney não está sofrendo por dinheiro, já que em 2019 seu lucro líquido foi de mais de US$ 10 bilhões. Mas então por que os ingressos estão ficando cada vez mais caros?
O desejo de dominar o mercado diz muito. Quando o Walt Disney World abriu em Orlando em 1971, um ingresso para o parque custava US$ 3,50, bem lembrado por uma reportagem do Washington Post. Desde então, a Disney se expandiu exponencialmente com novos parques e atrações, superando a concorrência e atraindo cada vez mais visitantes.
O principal combustível dessa expansão e dos preços altos, claro, é a alta demanda. Com pessoas do mundo inteiro indo a Orlando e demais cidades onde há parques da Disney, a procura pelos ingressos é muito maior do que a disponibilidade, o que faz com que a empresa possa cobrar valores mais altos e ainda assim ter os parques sempre cheios.
Em 2010 quando a Universal Studios abriu sua atração de Harry Potter, a Disney aumentou ainda mais seus esforços. “De repente a Disney teve um concorrente novamente, e a Disney não gosta de perder nem de competir. A Disney quer dominar a concorrência”, disse Robert Niles, editor do Theme Park Insider, um renomado site de guias de parques temáticos. Nos últimos cinco anos a Disney investiu mais de US$ 15 bilhões em seus parques pelo mundo e a estratégia parece trazer resultados: os quatro principais parques de Orlando foram os mais visitados do mundo em 2019.
Outro ponto é que a empresa está cada vez mais de olho em captar clientes com maior poder aquisitivo para gastar, seja com passeios particulares, jantares com princesas ou na hospedagem de seus resorts de luxo. Para se ter uma noção, o primeiro resort cinco estrelas de Orlando, um Four Seasons, foi inaugurado nos terrenos da Disney com um lustre de mil libras que foi importado da República Tcheca. Foi criada uma variedade de novos produtos para tentar extrair mais dinheiro dos visitantes, afinal, ali vendem-se sonhos.
E tudo indica que o aumento de preços pode não parar por aí. Nos próximos anos, o Epcot será completamente renovado em comemoração aos 50 anos. Haverá novas atrações, entretenimento, restaurantes, produtos e muito mais. À medida em que essas mudanças são aplicadas, não seria uma surpresa se os preços subissem ainda mais. Especialistas dizem que os valores não vão diminuir até que o parque tenha uma queda na demanda.
Disney depois da Covid-19
A Disney World atualmente está fechada devido à pandemia da COVID-19, com previsão de reabertura para o dia 11 de julho. Entre as recomendações analisadas, estão o distanciamento social nas filas dos brinquedos, a diminuição na capacidade diária inicialmente em 50%, além de máscaras para todos os visitantes e funcionários.
Essas novas medidas serão permanentes? Poderão encarecer ainda mais o valor dos ingressos? Por enquanto é impossível saber. Com menos pessoas sendo permitidas nos parques, há uma tendência natural de que os preços subam, pela redução da oferta. Por outro lado, pode ser que a questão da pandemia ou mesmo uma alta nos valores já caros afaste uma parte dos visitantes e que reequilibre a equação. Ou mesmo que a Disney opte por não repassar o prejuízo integralmente à bilheteria.
Será que é isso que o homem que sonhou com Mickey Mouse desejava?
Todo este contexto não impede que os amantes da Disney lamentem que a magia do “lugar mais feliz da Terra” não seja algo que todos possam aproveitar. “Como professor de negócios é a estratégia certa”, disse o professor Scott Smith, que teve o primeiro emprego no elenco do Disney’s Haunted Mansion e hoje dá aula na Universidade da Carolina do Sul. “Mas fico triste por algo que foi criado por Walt (Disney), que queria que as famílias pudessem passar algum tempo juntas em uma atmosfera divertida e que pudessem pagar por isso. Se estivesse vivo hoje, ele provavelmente ficaria desconfortável com os preços cobrados”, disse Smith.
O que diz a Disney
Os diretores da Disney defendem seus preços crescentes como uma resposta lógica à visitação que sempre aumenta. A porta-voz da Disney Jacquee Wahler diz que a empresa está “comprometida em garantir que todos os nossos clientes tenham uma experiência mágica”.
“Adicionamos continuamente novas experiências, e muitos de nossos hóspedes selecionam bilhetes de vários dias ou passes anuais, que dão uma economia adicional. Um dia em um parque da Disney é diferente de qualquer outro no mundo”, ressaltou Wahler.
Uma coisa é certa: não importa a época do ano, os parques sempre recebem milhares de visitantes. Os preços ascendentes dos ingressos poderiam por exemplo ajudar a resolver problemas como uma possível diminuição das filas e multidões sem fim, melhorando a experiência de todos.
Fonte: https://www.melhoresdestinos.com.br/ingressos-disney-preco.html