Se meu fusca falasse, obrigado! Coluna Cinema por Andre Luis Camargo

Minha paixão pelo cinema começouaos 7 anos de idade, na cidade de Americana, interior de São Paulo. Era um Sábado à tarde, quando meu pai resolveu me levar numa sessão de matine em um dos dois cinemas da cidade, o Cine Brasil, que mais tarde veio a se tornar o Teatro Municipal.

A sensação ao entrar na sala de cinema foi indescritível, mas falarei o que lembro. Me lembro muito bem de tudo, da movimentação no saguão, a colorida doçaria , os cartazes, era tudo maravilhoso. No saguão haviam duas portas escuras, e eu conseguia ouvir um burburinho dentro. Caminhamos e quando cheguei na porta vi aquelas dezenas de cabeças, todas olhando para uma gigantesca “parede branca” sob iluminação baixa. Nos sentamos, peguei meu saco de papel cheio de “balas Chitas” amarelas e fiquei na expectativa.

De repente a luz foi se apagando, enquanto a gigantesca parede branca ia se iluminando ao mesmo tempo que ia surgindo uma música. O filme que passou foi “Se meu fusca falasse.” , Herbie, 53, inesquecível. Foi nesse momento que percebi que a parede na verdade era uma janela, na qual através dela podia ver um mundo onde tudo parecia ser possível. Foram vários títulos que marcaram minha infância, “Deu a louca no mundo”, “Poltergeist”, “ET”, “Uma noite alucinante” dentre muitos outros que assistia, praticamente toda semana. Aos 13 anos, tive acesso ao VHS e até hoje me questiono se foi uma opção de entretenimento caseiro ou uma forma de baratear o meu entretenimento. No entanto, nada se compara a experiência vivida única e exclusivamente ao filme como a da sala de cinema.

Cinema é experiência, vivencia, aprendizado, reflexo de nossos conflitos e alegrias. Projetamos naqueles personagens nos quais nos identificamos todos nossos anseios e desejos, torcemos por ele, enfrentamos com ele todos obstáculos e nos glorificamos de suas conquistas, o que nos provoca a tão esperada e desejada “catarse”.

Não é só no cinema, é no teatro, na literatura, na música, na dança, na pintura, nas performances, na ARTE. A arte quebra as barreiras para nos levar além. Ás vezes ela é maioria, às vezes minoria, nunca é exata, precisa, pois sua forma e conteúdo não tem limites. Cada um absorve uma obra de um jeito. Aliás, a mesma pessoa absorve de forma diferente a mesma obra de acordo com seu estado emocional.

Sempre tento ser o mais imparcial possível em todos meus trabalhos. Como ator, defendo meus personagens, tento entender seus motivos, tento não deixar o Eu atrapalhar o Ele. Como diretor, obviamente imponho minha visão, mas deixo a estória ser orgânica, dou liberdade para o novo, o inesperado, que acontece muitas vezes num set. E é justamente por isso, não acredito no exato! O exato enrijece, bloqueia algo que pode ser melhor.

 

E nesses tempos em que a arte está sendo tão discutida, colocada em questão, caluniada e ofendida sim, fico pensando: “Mas é inquestionável. Se há questionamento, a questão propriamente dita já não pode ser o foco.” E daí me pego lembrando daquela janela que vi pela primeira vez, onde tudo era possível, que me encantou.

O fusca não precisava falar, mas defendo até hoje e sempre defenderei seu direito de poder!

Andre Luis

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Vamos falar sobre cinema?

Quem não gosta de assistir um bom filme? Tenho trabalhado como ator em projetos de cinema, mas desde pequeno já era apaixonado pela tela grande.  Toda forma artística nos entretêm, educa e provoca questionamentos, mas o cinema talvez seja a mais completa, uma vez que nos envolve sensorialmente com imagens e sons numa sala escura.

O filme começa, personagens vão surgindo e após alguns minutos você já se sente dentro da trama. Um objetivo tem que ser alcançado, obstáculos surgem, , até que ao chegarmos ao ápice e esse objetivo é alcançado! Contemplamos o sucesso e sentimos uma sensação gostosa, um alívio, com a alma lavada. Isso se chama Catarse

Segundo Aristóteles, que em sua obra Poética descreve as características de um bom drama, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada exatamente por este drama. Essa narrativa se compõe basicamente dos elementos: Tempo, Espaço, Personagens e Foco Narrativo. Geralmente eles são organizados seguindo uma sequencia padrão, chamada Curva Dramática, quais sejam: Apresentação – Desenvolvimento – Climax – Desfecho. Essa estrutura possibilita uma harmonia e compreensão do enredo do filme.

O cinema é uma arte subjetiva na qual ao assistirmos um filme ficamos tanto no mundo real quanto dentro do filme. Desse modo, aprendemos a organizar os nossos sentidos de forma a dar coerência ao que vemos na tela, oscilando continuamente entre aparência e realidade. Cada pessoa tem uma experiência diferente, embora todos tenham visto o mesmo filme.

O processo de produção de um filme é muito complexo e demorado. A pré-produção e a pós-produção geralmente demandam muito mais tempo que o próprio período das filmagens. Tudo é orquestrado e tem um motivo para estar lá na tela. Mais pra frente, vamos falar sobre cada uma dessas etapas.

Este é meu primeiro post sobre o assunto no Blog e de agora em diante gostaria que se tornasse um bate-papo entre mim e você, nada formal. Também gostaria de agradecer à Raquel por esta oportunidade. Nos próximos falarei um pouco sobre a experiência nos bastidores, como é trabalhar como ator num longa metragem, sobre projetos independentes, e por aí vai.

Nos vemos em breve. Bons filmes a todos!

Andre Luis Camargo

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andré camargo

André Luis Camargo é ator em projetos de cinema desde 2010, participou de quatro curtas e pequenas participações em dois longas metragens. Em 2012 protagonizou seu primeiro longa metragem ainda a estrear. Está participando de dois longas como coadjuvante e um curta metragem ainda é pré-produção e também tem projetos de estrear peças de teatro.