Castramóvel - Coluna Meio Ambiente por Marcos Boni

Muito interessante o projeto recém implantado da Prefeitura de Campinas de disponibilizar um ônibus adaptado para castração gratuita de cães e gatos. 

O “castromóvel” do Departamento de Proteção e Bem-Estar Animal já realizou na 1ª semana de funcionamento a castração de 885 animais na Vila Boa Vista.

O  serviço é inédito no país, em se tratando da metodologia de itinerar bairro a bairro. 

É totalmente gratuito, incluindo o fornecimento de medicamentos, e cercado por elevados padrões de segurança e higiene.

Tem ainda a vantagem de oferecer um restabelecimento pós-cirúrgico rápido e descomplicado, uma vez que as incisões feitas são mínimas. 

São seis veterinários experientes que realizam as operações.

Uma equipe treinada bate de porta em porta das residências  verificando a existência de animais não castrados e orientam os donos sobre as vantagens do procedimento.

O principal benefício desse projeto inovador é conter a proliferação descontrolada desses animais.

Outro avanço é a possibilidade de microchipagem dos animais castrados, o que permite monitorar cada um, tanto em termos de acompanhamento vacinal quanto nos casos de abandono.

Por enquanto, o programa municipal de esterilização não consegue ser estendido para animais de rua. 

Isso porque o pós-operatório gera a necessidade de uma atenção que só o dono tem condições de dar, pois são mais de 100 animais castrados por semana, não havendo abrigos e funcionários para cuidar de tantos animais.

Mas o objetivo do pessoal do Departamento do Bem Estar Animal é superar essas dificuldades para que num futuro próximo os animais de rua também sejam castrados e tratados com essa mesma dignidade disponibilizada para os cães e gatos que possuem um dono.

Dr. Marcos Roberto Boni

 

Advogado – OAB/SP – 137.920, com especialização em Gestão Ambiental. Diretor do Departamento de Áreas Verdes da Secretaria do “Meio Ambiente” da Prefeitura de Campinas. Membro da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMDEMA).

Castração, um ato de respeito

Há séculos os humanos domesticaram cães e gatos. Os danos causados por esta domesticação são evidentes: o abandono e os maus-tratos decorrentes do descontrole da população, entre outros prejuízos para os animais. Independentemente de quem os causou, é um dever humano buscar eliminar o sofrimento de seres vulneráveis, como os animais.

Pessoas ainda resistem à castração, apontando o suposto sofrimento destes animais no processo de esterilização e definindo-o até como "uma crueldade". Desconhecem que a dor inexiste na cirurgia, que é feita sob anestesia geral, e mínima no pós-operatório, pois é controlada facilmente com analgésicos. Os benefícios da esterilização superam em muito qualquer eventual incômodo para o animal e evita danos para um grande número de animais que fatalmente viriam a ser vítimas das mesmas mazelas.

Há quem, de forma especista, argumente contra a intervenção em processos "naturais" ou "divinos", como se combater o sofrimento e reparar os males causados pela domesticação não fosse uma obrigação moral humana. E também como se, para preservar a si próprios, os humanos não recorressem cotidianamente à subversão de processos ditos "naturais" ou "divinos" (por meio do uso da medicina, por exemplo). Dois pesos, duas medidas?

Boa parte da responsabilidade pela situação é do poder público, em especial das prefeituras. Em busca de uma saída rápida para evitar danos à saúde pública humana, as autoridades ainda recorrem a uma solução tecnicamente equivocada, ilegal e eticamente injustificável: o EXTERMÍNIO dos animais recolhidos das ruas, hipocritamente chamado de "eutanásia". Às vezes, estes animais têm saúde plena e são mortos pela falta de consciência de que existem meios éticos e eficazes de prevenção. E mesmo os adoecidos deveriam receber tratamento e não uma condenação à morte. Mas é também comum o comodismo e a falta da devida capacitação técnica entre os profissionais que atuam na área. A prática arcaica do extermínio nos centros de controle de zoonoses das cidades ignora os dados estatísticos que provam que esta prática não resolve o problema da população excessiva, rapidamente reposta.

A omissão e passividade em relação à reprodução descontrolada de cães e gatos é tão danosa quanto a ação dos que ativamente maltratam.

O fato de que há uma superpopulação de animais domésticos perambulando pelas ruas é incontestável. Em qualquer lugar que andemos é notória a presença de cães e gatos sem lar, sem cuidados.

Felinos se reproduzem de 3 em 3 meses, e o caninos de 6 em 6 meses.

Em seis anos, uma cadela e seus descendentes podem gerar cerca de 60.000 filhotes — estimativa que aumenta muito quando se trata de gatos.

Cães e gatos que vivem nas ruas são acometidos por doenças graves e fatais de suas espécies (que seriam evitadas pela vacinação adequada), passam fome e frio, são envenenados, sofrem atropelamentos e estão sujeitos a outras violências.

ANTICONCEPCIONAIS - Muitos tutores utilizam anticoncepcionais em seu animal, acreditando ser um método mais barato e menos sofrido. Entretanto, mal sabem o perigo que estão trazendo para eles. Anticoncepcionais trazem efeitos colaterais muito fortes, e são os principais causadores do aparecimento de tumores e doenças como diabetes e infecção uterina.

A falta de conscientização e sensibilização sobre tutela responsável, em especial sobre os benefícios da cirurgia, mantém os preconceitos sobre a castração, parte fundamental da solução definitiva para a questão da superpopulação de cães e gatos.

Quanto mais precocemente for feita a esterilização do animal, maior a garantia de todos os benefícios elencados no quadro. A cirurgia de castração pode e deve ser feita antes da idade adulta (antes do amadurecimento dos hormônios sexuais) — a partir dos três meses de idade. 


Todos animais recebem anestesia anteriormente à operação, portanto não sentem qualquer tipo de dor. Os cuidados com o pré-operatório exigem apenas algumas horas de jejum. Os cuidados com o pós-operatório são essenciais para o sucesso da cirurgia: deve-se dar os medicamentos prescritos pelo veterinário, além de seguir todos os passos indicados por ele.

Os benefícios da castração são muitos, entretanto ela ainda é um tabu na nossa sociedade. É urgente que façamos o possível para divulgar tais benefícios e que tentemos conscientizar as autoridades de que a vida não é algo descartável, e que existem meios eficientes e éticos de preservá-la.

CIRURGIA DE ESTERILIZAÇÃO EM CÃES E GATOS

 PROCEDIMENTOS

BENEFÍCIOS

FÊMEAS

 Retirada dos ovários, tubas uterinas e útero

  • evita infecção uterina (piometra - doença que atinge 60% das fêmeas);
  • se realizado antes do primeiro cio, diminui em até 95% as chances de tumor de mama;
  • evita gravidez indesejada, fugas de casa, e outros incômodos com o cio (como a "miação nervosa" das gatas)
  • evita o abandono de crias; inteiras, quando indesejadas.

    

MACHOS

 Retirada dos testículos

  • evita brigas por disputa territorial;
  • evita/diminui demarcação com urina em todos os lugares da casa;
  • diminui muito o cheiro forte da urina dos gatos;
  • previne tumores de próstata, e consequentemente hérnias perineais;
  • evita que eles fujam de casa atrás de fêmeas no cio.

    

AMBOS

 

  • evita a "continuidade" de doenças hereditárias (tais como hérnias em geral, luxação de patela, displasia coxo-femoral...);
  • cães que saem à rua: por não cruzarem, evita as chances de adquirir TVT (tumor venéreo transmissível);
  • aumenta a expectativa de vida e diminui os riscos de doenças.

Quanto mais precocemente for feita a esterilização do animal, maior a garantia de todos os benefícios elencados no quadro. A cirurgia de castração pode e deve ser feita antes da idade adulta (antes do amadurecimento dos hormônios sexuais) — a partir dos três meses de idade. 


Todos animais recebem anestesia anteriormente à operação, portanto não sentem qualquer tipo de dor. Os cuidados com o pré-operatório exigem apenas algumas horas de jejum. Os cuidados com o pós-operatório são essenciais para o sucesso da cirurgia: deve-se dar os medicamentos prescritos pelo veterinário, além de seguir todos os passos indicados por ele.

Os benefícios da castração são muitos, entretanto ela ainda é um tabu na nossa sociedade. É urgente que façamos o possível para divulgar tais benefícios e que tentemos conscientizar as autoridades de que a vida não é algo descartável, e que existem meios eficientes e éticos de preservá-la.


Mitos sobre a castração *

A castração deixa o animal gordo

Falso. A castração pode causar aumento do apetite, mas se a ingestão de alimento for controlada e o tutor não ceder às vontades do animal, o peso poderá ser mantido. Observa-se que animais castrados quando jovens, antes de completar 1 ano de vida, apresentam menos sinais de aumento de apetite e menor tendência a se tornarem obesos. A obesidade pós castração é causada, na maioria das vezes, pelo tutor e não pela cirurgia.

A castração deixa o animal bobo

Falso. O animal ficará letárgico após a castração apenas se adquirir muito peso. Gordo, ele se cansará facilmente e não terá a mesma disposição. A letargia é consequência da obesidade e não da castração em si. Os animais na fase adulta vão, gradativamente, diminuindo a atividade. Muitos associam erroneamente esse fato à castração.

A castração mutila o animal, é uma cirurgia cruel!

Falso. A cirurgia de castração é simples e rápida e o pós-operatório bastante tranquilo, principalmente em animais jovens. É utilizada anestesia geral e o animal já estará ativo 24 horas após a cirurgia. Não há nenhuma consequência maléfica para o animal que continuará a ter vida normal.

A castração evita câncer na fêmea

Verdadeiro. As fêmeas castradas antes de 1 ano de idade, têm chance bastante reduzida de desenvolver câncer de mama na fase adulta, se comparado às fêmeas não castradas. A possibilidade de câncer de mama é praticamente zero quando a castração ocorre antes do primeiro cio. A retirada do útero anula a chance de problemas uterinos bastante comuns em cadelas após os 6 anos de idade, cujo tratamento é cirúrgico, com a remoção do órgão.

Castrando os machos eles deixam de fazer xixi pela casa

Verdadeiro. Uma característica dos machos é demarcar o território com a urina. Se o macho, cão ou gato, for castrado antes de um ano de idade, ele não demarcará território na fase adulta. A castração é indicada também para animais adultos que demarcam território urinando pela casa. Nesse último caso, pode acontecer de animais continuarem a demarcar território mesmo após a castração, pois já adquiriram o hábito de urinar em todos os lugares.

Deve-se castrar a fêmea após ela ter dado cria

Falso. Ao contrário do que alguns pensam, a cadela não fica "frustrada" ou "triste" por não ter tido filhotes. Essa é uma característica humana que não se aplica aos animais. Se considerarmos a prevenção de câncer em glândulas mamárias, ela será 100% eficaz, segundo estudos, se feita antes do primeiro cio. O ideal é castrar o quanto antes. 

* Adaptado do site Webanimal.

Agnes Nääs

 

Servidora Pública Federal. Autora da fan page Amor de Bicho-MS. Ex radialista da Rádio Ataláia de Campo Grande-MS, na qual era responsável pelas matérias destinadas à saúde animal, prevenções de doenças e posse responsável.

Desde criança é apaixonada por animais, mas somente quando se mudou para Campo Grande-MS teve contato com outros protetores, veterinários e autoridades do ramo da saúde animal.