“Tenha o tamanho certo para um cargo antes de pedi-lo ”
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Ambição é algo que muito me agrada. O ímpeto de querer mais, almejar mais e buscar conquistar mais é algo legítimo e bastante valioso nos dias atuais. Meus colegas que trabalham com recrutamento e seleção me dizem que esta característica conta muito durante uma entrevista. Aliás, quem não quer na sua equipe uma pessoa ambiciosa e que está sempre em busca de novas conquistas, para si e para a empresa? Todos querem isso, pelo menos os bons líderes e as boas empresas. Ou seja, ter ambição é bom, conta pontos na carreira e abre portas.
Entretanto, algumas pessoas, principalmente da chamada geração “Nativos digitais”, ou seja, pessoas que nasceram depois de 1990, estão cometendo um erro muito grave e que, em alguns casos, tem comprometido o seu crescimento na carreira. Trata-se do que chamo de “ambição cega”. Volto a repetir: Querer mais e mais rápido é bom e saudável. Mas quando se tratar de carreira, todos nós precisamos entender que cada cargo tem um “tamanho” e que, para ocupá-lo, a pessoa deve ter igual volume. Uso esta metáfora para dizer que ando perdendo as contas de quantos casos, que chegam ao meu conhecimento, de pessoas jovens, ambiciosas e que estão perdendo a mão em relação a uma questão simples: responsabilidade versus nível de preparação.
Isso acontece com profissionais de todas as idades, mas os mais jovens cometem este erro de forma mais frequente e evidente. Recentemente, uma jovem profissional, com alto potencial e perspectiva na carreira, tinha já recebido indicativos claros de que a carreira ali seria ascendente, até que deu (literalmente) um tiro no pé. Chamou o chefe do chefe (primeiro erro) para dizer que queria um cargo equivalente ao do seu chefe (para não dizer que queria o lugar do superior imediato) e ainda ameaçou ir embora se isso não acontecesse imediatamente (segundo erro). Resultado? Tchau! Pode ir e seja feliz! Conversando com o interlocutor, soube que ele lhe disse claramente que ela ainda não tinha o tamanho do cargo e que, se fosse colocada nesta posição, não se sustentaria por muito tempo. "Lamento, mas esta pressa cega só lhe prejudicou na nossa empresa!", concluiu.
Este é apenas um dos inúmeros casos que tomo conhecimento a respeito deste tema. Esta nova geração nasceu e cresceu em um mundo rápido, veloz e que se move na velocidade de um clique. Alguns chamam de geração “aqui e agora”. Querem tudo para ontem, não tem paciência para esperar o momento certo e acham que estão prontos para tudo. É fato que esta nova geração seja, talvez, a geração que pela primeira vez tem mais informação do que os seus antecessores. Só que informação é informação, e conhecimento é conhecimento. São coisas bem diferentes. Além disso, alguns cargos, principalmente cargos de gestão, precisam ser ocupados por pessoas com um conjunto de competências e vivências que é desenvolvido com tempo, experiência e maturidade. Veja, não estou aqui dizendo que uma pessoa jovem não possa ocupar um cargo de liderança. Tanto pode que existem muitos e haverá cada vez mais. Mas alguns ainda não estão prontos para tal. E o que estes não entendem é que se forem colocados lá, prematuramente, não irão conseguir exercê-lo e terão que ser demitidos. Simples assim. Ou seja, às vezes o fato de você não ser colocado em uma posição, porque ainda não está pronto, é também para protegê-lo.
Fica aqui a minha dica. Ter ambição é ótimo. Mas cuidado para ela não ser cega. Cuidado com as expectativas, principalmente em relação ao tempo. Às vezes a gente acha que está pronto, mas não está. Vamos confiar mais naqueles que sabem a hora certa de tirar o bolo do forno, para ele não sair cru ou queimado. Até o próximo!
Marcelo Veras
CEO da Atmo Educação. Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial e Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM, ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.
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