Dica de livro: Medeia de Eurípedes
"Já passou, de fato, algum tempo desde que apresentei a última obra dramática ("Antígona", se bem me lembro). Hoje reavivarei o autor Eurípides com a apresentação de uma das suas obras mais conhecidas e que influenciaram diversos autores ao longo dos tempos: "Medeia".
Esta tragédia narra a história da feiticeira Medeia, sobrinha de Circe e filha do rei Aetes, que abandona o seu reino e mata o seu próprio irmão para seguir Jasão de volta para Corinto, após o ter ajudado a conseguir o velocino de ouro com a sua magia. Uma vez lá casam-se e têm dois filhos. Contudo, a felicidade de Medeia é de pouca dura: Jasão não tardou em rechaçar Medeia para se casar com a filha do rei de Corinto sob o pretexto de, com isso, conseguir honra e glória, não se importando sequer em exilá-la a ela e aos seus dois filhos de Corinto. Medeia, ultrajada e sem ter para onde ir (uma vez que se tornara divorciada, na altura condição humilhante para uma mulher, expulsa da terra do marido, com dois filhos e sem poder regressar ao seu reino, que traiu) arquitecta uma vingança graças às suas magias que firam o coração de Jasão e o arrastem de volta para uma vida inglória, da qual nunca teria saído se não fora ela.
Mais uma vez, numa tragédia de Eurípides, damo-nos conta que não há uma personagem inteiramente boa nem inteiramente má: apenas humanidade. Se inicialmente nos condoemos e revoltamos contra Jasão pela sua má conduta, no final o seu sofrimento e a maldade de Medeia fazem-nos ficar indecisos sobre que partido tomar; e damo-nos conta que talvez nenhum tenha estado certo. Nas tragédias de Eurípides é impossível tomar partidos que possamos afirmar como justos. Outro ponto importante e que chama logo a atenção do leitor, quer pelas ações, quer pelo próprio discurso de Medeia, é um enaltecimento da figura feminina, pois a mesma é culta, desmente o velho mito de que as mulheres não têm motivos de queixa por estarem sempre na segurança da casa e de serem capazes de conseguir ardis mais violentos que os homens para compensar a sua falta de força física.
A tragédia "Medeia" é, sem dúvida, um clássico: imensos autores ao longo da História da literatura e mesmo do cinema se empenharam em recriar a lenda desta mulher tão cheia de bem e de mal, com uma faceta boa e diabólica ao mesmo tempo. Contudo a obra de Eurípides é a primeira de uma série de tragédias do mesmo assunto a ser escrita posteriormente, sendo, por isso, a obra original e primeira a retratar o episódio da vida desta mulher, tão doce como o Paraíso e tão áspera como o Inferno".
Fonte: http://net-biblio.blogspot.com.br/2011/06/medeia-por-euripides.html
Dica de filme: Animais fantásticos e onde habitam
Luciana Andrade
Coluna Dica de Livros e Filmes
Bibliotecária e Psicologa formada há alguns anos.. Atua na área de psicologia com consultório e no SOS Ação mulher e família como Psicologa voluntária . Cursou biblioteconomia por adorar os livros e assim ficou conhecendo mais profundamente a história literária. Através de filmes e livros consegue entrar em mundos reais, imaginários , fantásticos o que deixa o coração e a mente livres para conhecer, acreditar e principalmente sonhar. Email: luser8363@gmail.com