Réplicas de bolsas custam até R$4 000 na 25 de Março - Coluna Entretenimento por Milena Baracat

A Rua 25 de Março em São Paulo é um dos mais movimentados centros de compra varejista e atacadista por conta de sua diversidade e preço baixo (verdadeiras pechinchas!).

Ali se encontram tantas opções para comprar barato que mal dá para imaginar que em meio às lojas, galerias, barraquinhas e ambulantes, a região possua um mercado bem diferente de sua fama: o de produtos caros, mais especificamente as réplicas caríssimas, principalmente de bolsas.

Esqueça as cópias xexelentas de bolsas de grife encontradas facilmente por toda região. O buraco aqui é mais em baixo. A gente pensa que por não ser original as peças tem preços acessíveis a todos os bolsos. Ledo engano. As fakes são bem "salgadas", porque são "réplicas idênticas", confundidas facilmente com os modelos originais (é o que diz o vendedor).

Pra se ter uma ideia, uma bolsa da Hermès original vendida no Shopping Cidade Jardim custa a partir de 20 000 reais, mas na 25 sua réplica sai por 4 000 reais. Bolsas Chanel não saem por menos de 10 000 reais nas lojas dos shoppings, mas as “falsianes” custam por volta de 800 reais. Um modelo da bolsa original da grife italiana Valentino custa em torno de 7 000 reais, a “genérica” custa 1 900 reais. Uma mala de rodinhas da Louis Vuitton custa 16 100 reais no site da grife e sua réplica, 1 500 reais e por aí vai. Tão conhecida como popular, essa 25 de Março, juro que eu desconhecia!

MÁFIA DAS RÉPLICAS

As grifes tentam de várias formas deter a pirataria. A Chanel, por exemplo, muda detalhes das peças até sem avisar alguns de seus funcionários no decorrer da produção. Em 2012, a grife alterou o forro de seu modelo clássico, que era vermelho vivo, para um mais fosco. No ano seguinte, ficou mais escuro até chegar ao vinho em 2014.

No mercado "negro" há duas grandes categorias: as "falsificadas", que são produzidas na China e normalmente vendidas em barracas de rua, e as "réplicas", que são cópias idênticas feitas com o mesmo material importadas da Europa ou feitas à mão na China.

Estas duas categorias são divididas em quatro subcategorias:

Italianas: são as mais “perfeitas” porque o couro é mais fosco, o que retarda as ações do tempo. Detalhe: os produtos de couro de cobra Python também estão disponíveis.

Premium: atentas às pequenas modificações realizadas de tempos em tempos pelas marcas, as peças são importadas da China e feitas artesanalmente, portanto a produção é em pequena escala, bem diferente das falsificações.

Primeira linha AAA: muito parecida com as originais, mas a qualidade é ruim. O aço do fecho pode enferrujar ou o couro pode ficar com marcas de possíveis dobras, por exemplo.

Segunda linha: réplicas das réplicas feitas de materiais baratos, acabamento grosseiro e de péssima qualidade.

 CHOCADA COM O TANTO QUE AS FALSAS ENGANAM!

Com o crescente número de cópias sendo fabricadas ilegalmente, fica difícil ter certeza se você está comprando um item 100% original. Desconfie dos golpes. Várias lojas, em especial as virtuais, não avisam que são réplicas ou até mesmo mentem a respeito, principalmente quando as cópias são feitas em couro. E gente, tem umas que enganam mesmo! Só se nota nos pequenos detalhes.

Então, anota algumas dicas para não se deixar enganar e levar gato por lebre:

Birkin, da Hermès: uma das peças mais falsificadas do mundo. Verifique o logo na placa de identificação. Ele deve estar perfeitamente escrito com um traço (-) entre as palavras Hermès e Paris. Os modelos falsos costumam usar o underline (_) no lugar.

A original tem em relevo um código com data e a marca do artesão. Nas peças fakes, geralmente estes números estão estampados de maneira grosseira, óbvia e enorme.

Uma Birkin autêntica deve virar o eixo do fecho de maneira suave, com tensão equilibrada. Nas falsificadas, o fecho costuma ser duro e granulado.

Verifique o carimbo do selo na bolsa. Na imagem abaixo compare a primeira figura de uma bolsa original e repare que na réplica preta sugere que foi pressionado e na vermelha, que a tinta de prata está muito irregular e com o selo colocado muito longe da costura no topo.

Flap, da Chanel: sinta o couro – bolsas falsificadas não têm a maciez de um couro de cordeiro verdadeiro. As réplicas são coladas, enquanto as originais são todas costuradas. Se encontrar resíduos de cola no couro, já sabe! Analise o interior - bolsas fabricadas após 1985 têm um adesivo com número de série por dentro.

Neverfull, da Louis Vuitton: o monograma da marca sempre forma uma estampa alinhada e simétrica. Verifique o encontro das estampas nas costuras e aplicação de bolsos. Meça a largura da alça. Uma alça autêntica tem apenas 9,5 milímetros, enquanto as falsas, feitas de materiais inferiores, costumam ter 1,5 centímetros para suportar o peso da bolsa.

City Bag, da Balenciaga: veja os detalhes em metal. Os rebites aplicados na alça devem ter dois entalhes retangulares. Os zíperes em formato de "o" devem ser fechados por solda, com o logo da marca Lampo, fornecedora exclusiva da Balenciaga. Os fardos na alça de ombros devem ter uma curva suave e um franzido definido.

ATENÇÃO! Muitas dessas marcas JA-MAIS entram em liquidação ou tampouco são vendidas em ponta de estoque, por mais chique que esta ponta de estoque pareça. Ao contrário, ficam mais caras a cada ano que passa. Aliás, as marcas de luxo mesmo não vendem bolsas (pelo menos as clássicas) com desconto e muito menos as ditas como "de segunda linha" com "pequenos defeitos” (dizem que estas são incineradas)

Aproveita que o Brasil é o único país onde a Louis Vuitton parcela em até três vezes sem juros no cartão de crédito! (rs)

 RÉPLICAS SÃO ILEGAIS

Quem infringe essa lei pode ser punido de três meses a um ano de detenção e multa, valendo tanto para o fabricante quanto para quem comercializa. Isso também vale pra quem compra réplicas, porque ele tem o conhecimento da situação destes produtos e, portanto, está sendo conivente.

No caso do comércio pela internet, os consumidores podem ser rastreados a partir dos dados encontrados no computador do próprio vendedor - item que a marca pode ter acesso caso ele seja apreendido em consequência da descoberta do comerciante ilegal e seu acervo.

Quem deve acionar a justiça, no caso de se sentir lesado, são as próprias grifes.

Portanto, melhor ter uma bolsa de qualquer marca, mas original, do que uma supostamente "de luxo" falsificada. Até porque, além de crime, a falsificação envolve outras questões seriíssimas como trabalho escravo e trabalho infantil.

 FONTE E CRÉDITOS: Graham Wetzbarger, diretor sênior de autenticação do e-commerce The RealReal/ Revista Vogue/ Uol / Veja S.P. / lollipuff.com / Google.

Milena Baracat

Coluna Entretenimento

Formada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).  Atualmente atua com profissionais  no desenvolvimento, tratamento de acervos, informatização e tecnologia da informação aplicada para bibliotecas particulares e privadas.