Começo meu post em um lugar inspirador, projetado pela Lina Bo Bardi, arquiteta ítalo- brasileira que incorporou a nossa brasilidade e deixou sua marca no nosso país.
Lina trabalhava para a revista Domus, de Milão, quando conheceu Pietro M. Bardi, seu marido.
Veio para o Brasil na década de 40 e projetou vários edifícios, dentre eles o MASP – Museu de Arte de São Paulo, onde escrevo essa matéria, o qual possui a mais importante coleção de arte européia deste hemisfério. Ela concebeu o museu e toda expografia. Pensou o MASP como um espaço permeável e de congregação do público.
Lina, por quem tenho a maior admiração, foi uma mulher à frente do seu tempo, com uma arquitetura ousada, provocativa, “que fala” e agrega. Se hoje fico impressionada, imagino o que representou naquela época.
Uma mulher incansável. Nos seus projetos pensava nos detalhes, projetava desde o mobiliário, luminárias, até os famosos cavaletes de cristal onde são expostos os quadros no MASP. As legendas que trazem os dados da obra ficam posicionadas no verso do cavalete, pois a idéia original da Lina é de que o primeiro encontro do visitante com a obra fosse mais direto, livre de contextualizações e de informações de autoria, título e data, e ainda que ele pudesse criar seu próprio percurso. Os cavaletes tinham sido retirados do museu e voltaram graças ao Diretor Artístico atual do MASP, Adriano Pedrosa.
Para quem deseja saber um pouco mais e sentir na pele a forma dela pensar arquitetura, sugiro que visite em Sâo Paulo o MASP, o SESC Pompéia, o Teatro Oficina e a Casa de Vidro, onde ela viveu com Bardi até o fim de sua vida.
Na viagem à Londres que citei nos posts anteriores, tive o privilégio de assistir o documentário sobre a vida dela, dirigido pelo artista britânico Isaac Julien.
As atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres interpretam o papel da Lina em duas fases de sua vida, onde é possível ver a mulher forte que ela foi. E por se tratar de arte, o documentário foi uma das coisas mais incríveis que vi durante o Roteiro de Museus em Londres. A forma como foi apresentado, a fotografia, o roteiro e originalmente na língua portuguesa – de arrepiar! Imagino que em breve tenhamos a oportunidade de assistir aqui também. Simplesmente IMPERDÍVEL!
Um fato curioso nas biografias sobre ela foi no momento da construção do vão do MASP, os pedreiros questionaram se os pilares sustentariam a estrutura, e ela que praticamente se mudava para o canteiro de obras garantiu que a estrutura seria suportada pelos quatro pilares. O vão dá leveza à estrutura de concreto e emoldura a vista dessa cidade tão interessante que é São Paulo.
Hoje o vão do MASP, que fica na Avenida Paulista, se tornou um local de contrastes, encontros e protestos reunindo todas as classes sociais na luta pelo seus direitos e na busca por Arte.
Mônica Fraga
Arte, Fotografia & Design
Designer de Interiores pela Arquitec., Fotógrafa pelo Senac São Paulo. Atualmente faço um curso sobre História da Arte, em SP, com o crítico de Arte Rodrigo Naves. Instragram: @monicafraga monicabmfraga@gmail.com