Raquel Baracat

View Original

Varíola dos Macacos - quais as principais dúvidas? Coluna Pediatria por Dra. Carolina Calafiori de Campos

Hoje , 16 de junho , a nossa região , confirmou o quarto caso de Varíola dos Macacos em SP, na cidade de Indaiatuba. No total já foram confirmados seis casos no Brasil.

O primeiro caso de varíola dos macacos (Monkeypox) no Brasil foi feito dia 9 de junho, e o primeiro caso no mundo , foi identificado pela agência britânica, no dia 7 de maio.

O surto de varíola dos macacos, que já foi confirmado em 16 países e várias regiões do mundo, ainda pode ser controlado e a OMS garantiu, que o risco de transmissão é baixo.

Com o surgimento dessa nova doença, muitas dúvidas surgiram e a primeira delas é : “ essa Varíola é transmitida para o homem do macaco ?” Apesar do nome, o vírus pode ser transmitido também por outros animais, além do macaco. 

Em nós humanos a transmissão acontece por contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como roupas de cama. 

A transmissão de humano para humano está ocorrendo entre pessoas com contato físico próximo aos casos sintomáticos, por isso os casos suspeitos e confirmados devem ser isolados.

A varíola dos macacos é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus. É considerada uma zoonose viral (o vírus é transmitido aos seres humanos a partir de animais) com sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola, embora seja clinicamente MENOS grave. Ela foi registrada pela primeira vez no Congo na década de 1970 e o número de casos na África Ocidental aumentou na última década. 

O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de 6 a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em relação aos sintomas , a OMS descreve quadros diferentes de sintomas para casos suspeitos, prováveis e confirmados. 

A OMS classifica um caso suspeito qualquer pessoa, de qualquer idade, que apresente : pústulas (bolhas) na pele de forma aguda e inexplicável e esteja em um país onde a varíola dos macacos não é endêmica. Se este quadro for acompanhado por dor de cabeça, início de febre acima de 38,5°C, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, dor nas costas e fraqueza profunda, é necessário fazer exame para confirmar ou descartar a doença.

Casos considerados “prováveis” incluem sintomas semelhantes aos dos casos suspeitos, como contato físico pele a pele ou com lesões na pele, contato sexual ou com materiais contaminados 21 dias antes do início dos sintomas. Soma-se a isso, histórico de viagens para um país endêmico ou ter tido contato próximo com possíveis infectados no mesmo período e/ou ter resultado positivo para um teste sorológico de orthopoxvirus na ausência de vacinação contra varíola ou outra exposição conhecida ao vírus.

Casos confirmados ocorrem quando há confirmação laboratorial para o vírus da varíola dos macacos por meio do exame PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) em tempo real e/ou sequenciamento.

Outra dúvida que surgiu é em relação a vacinação. A vacina contra a varíola tradicional é eficaz também para a varíola dos macacos, mas a OMS explicou que pessoas com 50 anos ou menos podem estar mais suscetíveis já que as campanhas de vacinação contra a varíola foram interrompidas pelo mundo quando a doença foi erradicada em 1980.

A agência trabalha na verificação dos estoques atuais de vacina da varíola para ver se precisam ser atualizados.

A prevenção e o controle dependem da conscientização das comunidades e da educação dos profissionais de saúde para prevenir a infecção e interromper a transmissão.

Para os casos confirmados o isolamento de contato e respiratório, deve acontecer enquanto houver lesões ativas.

Não há tratamento específico para a doença , mas, de forma geral, os quadros clínicos são leves e requerem cuidado e observação das lesões. O maior risco de agravamento acontece, em geral, para pessoas imunossuprimidas com HIV/AIDS, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes, lactantes e crianças com menos de 8 anos de idade.

Esse tratamento é feito com suporte clínico e alguns medicamentos “potencialmente” úteis que estão sendo utilizados como antivirais.

Fontes:

Instituto Butantan 

Ministério da Saúde 

Organização das Nações Unidas (ONU)

Dra. Carolina Calafiori de Campos

Coluna Pediatria

Dra Carolina Calafiori de Campos - CRM 146.649 RQE nº 73944 

Médica Formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, Especialização em Pediatria pelo Hospital da Puc Campinas, Especialização em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital da Puc Campinas, Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria - Contato: carolinacalafiori@hotmail.com