Eu nunca tinha ouvido falar em Auroville até que uma mãe de uma grande amiga comentou sobre esse lugar tão curioso. Ela me disse ser uma cidade planejada no sudeste da Índia, um lugar espiritual conhecido como “A Cidade do Amanhecer”. Não tive muito tempo para pesquisar sobre o local, mas aquilo me intrigou, e um ano depois eu estava lá. Os visitantes de Auroville deveriam se pré-agendar e tínhamos que nos hospedar em locais específicos para visitantes. Depois de algumas horas de taxi chegamos em um local sem asfalto com o acesso um pouco difícil, meio escondido. Não havia sinalização alguma e muito menos uma placa escrito: “Bem-Vindo a Auroville”, o que achei um tanto incomum para a Índia. Fiquei numa casinha simples com móveis antigos e fui recebida com muito carinho por indianos. Mesmo com toda a cordialidade deles, eu sentia um aperto no coração e uma sensação estranha em estar ali.
Deixei minhas coisas e, como de costume, fui logo explorar Auroville. Peguei um mapa da cidade e com uma bicicleta da vila cheguei na única rua de comércios da cidade, tinha um ou dois mercadinhos, um restaurante e algumas outras lojas. Logo percebi que a maioria das pessoas que viviam na cidade eram estrangeiras, e foi quando descobri que toda a cidade era formada por pessoas de mais de 35 países, o que totalizava quase 2.000 mil pessoas, com o objetivo de agregar conhecimentos diversos e evoluir-se espiritualmente. Eu confesso que tentei ser a pessoa mais simpática e cordial do mundo; mas, estranhamente, naquele local construído para ser um centro espiritual eu sentia muita frieza e indiferença das pessoas, que pouco me cumprimentavam e muito menos olhavam nos meus olhos.
Dias depois eu já havia me ambientalizado na cidade feita em formato de círculo, fazia aulas de Yoga diariamente, meditação e até conheci o globo no centro da cidade, chamado Matrimandir. No centro dele tinha um cristal, com um buraco no teto onde a luz do sol entrava e refletia nele. Tudo era lindo, inclusive as casas sustentáveis e ecológicas ao redor do globo; tudo construído para ser perfeito. Mas, na realidade não sentia a perfeição através do amor entre as pessoas. Era uma mistura de egos, que contradizia muito com a Índia, um país de muita fé e espiritualidade. Aprendi então que não adianta buscarmos equilíbrio, espiritualidade e sabedoria fora de nós mesmos, ela sempre estará dentro de nós; e principalmente, pode ser compartilhada com as pessoas mais próximas da gente a qualquer momento; e isso é para mim a real definição da evolução espiritual.
Tatiana Garcia
Coluna Volunturismo
Além de empresária e empreendedora ela promove o Volunturismo no Brasil, uma prática de viajar com propósito! Porque não unir o útil ao agradável, não é verdade? Ela fez isso sozinha durante 2 anos consecutivos, e acabou realizando o grande sonho de dar a volta ao mundo. Conheceu 5 continentes, mais de 25 países, trabalhou em 10 ONG’s e teve sua vida totalmente transformada. Durante sua viagem ela ajudou muitas crianças, comunidades e conheceu suas histórias; hoje ela se realiza compartilhando-as com o mundo. Instagram e Facebook: VoltaaoMundoPro e Site: tatianagarcia.com.br