Foco e Excelência “Sim, Gramado tem uma dica para a sua carreira”- Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

Mais uma vez fugi do carnaval. Meus amigos mais próximos sabem o quanto gosto de fugir dele, principalmente das grandes “muvucas”. Desta vez, fui apresentar a cidade de Gramado, na Serra gaúcha, para a minha filha. Ela voltou encantada. Fazia quatro anos que eu não pisava na cidade do Natal Luz. Achei que não teria grandes surpresas e fui com o espírito de ver mais do mesmo e curtir a felicidade da Júlia. Puro engano. Gramado conseguiu me surpreender, e muito. 

As ruas sempre limpíssimas, todas as lojas, restaurantes e parques muito bem decorados e cuidados, os canteiros sempre com flores, os jardins impecáveis, tudo limpo e lindo. Novos restaurantes, novos parques como o fantástico Snowland, novos museus como o Museu da Moda e o Museu de cera. E o mais marcante de Gramado, o atendimento nota mil. Dos guardas que cuidam do estacionamento público, aos atendentes do hotel e dos restaurantes, todos mais do que cordiais, encantadores. Educados, sempre com sorriso no rosto, atentos a você e ao que fala, solícitos ao dar uma informação, profundos conhecedores do que estão vendendo ou divulgando e imbuídos em fazer com que qualquer pessoa saia de Gramado profundamente satisfeita.

Quem conhece Gramado e já viajou para outros lugares do Brasil sabe do que estou falando. A diferença é brutal. Gramado deveria ser a escola de turismo do Brasil. Ali estão os melhores, em todos os quesitos. Pena que seja um caso raro em um país onde o turismo poderia ser uma marca mundial e não é. A cada nova experiência em Gramado eu me perguntava: “Como eles conseguem?” 

A resposta é mais simples do que parece: Foco e Excelência. Gramado vive de turismo. Mas outras cidades no Brasil também vivem. Isso só não basta. O que Gramado decidiu foi viver de turismo e buscar a excelência em tudo o que faz. Aí sim, deu no que deu. Conversando com alguns atendentes, manobristas no hotel, garçons e outros, pude perceber que todos foram muito bem treinados. Horas e horas de treinamento, por menor que seja a empresa onde trabalham. 

O resultado? Cidade sempre cheia, hotéis lotados, um calendário de dar inveja (Páscoa, festa do Morango, Festa do chocolate, Festival e inverno, Natal Luz e por aí vai). Cidade vibrante e crescendo de forma ordenada, pensada e planejada. Lá não se vê mendigo na rua e nem pessoas pedindo dinheiro nos semáforos. 

Gramado deixa uma lição para a nossa carreira. Mas qual será? Tenho falado muito disso e não me canso de repetir. Quer ter sucesso em algo? Foque naquilo e execute tudo como se fosse a última coisa que fosse fazer na vida.

Em outras palavras, tenha foco e busque a excelência naquilo que escolher. Ser ótimo em alguma coisa é melhor do que ser bom em várias. Neste século, esse é o único caminho. Com o nível de concorrência que enfrentamos hoje no mercado e na carreira, quem não for muito bom em algo está fadado a um mero papel coadjuvante.

Ao contrário, quem souber escolher as competências com as quais irá fazer a diferença onde trabalhar, estará sempre um passo à frente dos seus pares no mercado. Já dei a dica aqui em artigos anteriores: Ninguém escapa de uma pergunta em entrevistas de emprego para vagas de gestão: “Onde você faz a diferença?” O meu amigo Luis Rasquilha tem uma versão mais cruel para esta pergunta: “O que você tem que mais ninguém no mercado tem?”

E aí? Qual é a sua resposta? Onde você se destaca? O que faz melhor do que a média do mercado? Que aposta uma empresa pode fazer em você e que não vai se arrepender? A cidade de Gramado, mesmo não sendo uma pessoa, tem a resposta. Se é possível uma cidade, que depende de inúmeras entidades (poder público, empresários e pessoas), ter uma resposta clara e objetiva, você também tem que ter. Diferente de Gramado, você não depende de outros para criar seus diferenciais e deixar a sua marca. Mãos à obra! Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

O sapo e o escorpião - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 É difícil mudar a nossa essência

  

A chuva veio forte, muito forte. E quando se deu por conta, o escorpião estava ilhado em um pequeno espaço de areia, sem nenhuma linha de conexão com a margem da lagoa. Quando estava quase entrando em desespero, avistou um sapo nadando bem próximo, na direção do barranco. Não pensou duas vezes:

- Oi amigo, tudo bem? Você pode me ajudar?

- Oi, tudo bem? Ajudar em quê? – respondeu o sapo.

- Estou preso aqui e essa chuva não vai parar tão cedo. Não sei nadar e preciso chegar à margem antes disso tudo aqui ficar debaixo d´água e eu morrer. Você poderia me dar uma carona?

- Você está brincando, não é? Você acha mesmo que vou colocar um escorpião nas minhas costas?

- Como assim?- respondeu o escorpião. Só quero ser salvo. Não vou fazer nada com você. Aliás, por que acha que faria algo com alguém que salvaria a minha vida?

- Sei lá! – disse o sapo. Não confio em um escorpião.

- Ora, vamos lá! Deixa de bobagem. A água não para de subir. Me salva, vai! Prometo que não vou fazer nada de mal a você. Juro por tudo o que for mais sagrado. Assim vai fazer uma boa ação!

Após alguns segundos de reflexão, o sapo concordou em deixar o escorpião subir nas suas costas e nadar até a margem. Os dois seguiam lentamente, debaixo da chuva forte e chegaram bem. No entanto, antes de descer das costas do sapo, o escorpião cravou seu ferrão no pescoço do sapo e descarregou uma enorme dose de veneno. Ainda agonizando, mas consciente, o sapo falou:

- Poxa vida, você me traiu! Por que fez isso? Eu salvei a sua vida. Você me garantiu que não ia fazer nada de mal a mim. Seu idiota!

O escorpião olhou profundamente nos olhos do sapo, sabendo que ele morreria em segundos, e disse:

- Desculpe-me, mas não posso ir contra a minha natureza.

Essa história reflete bem uma dinâmica das relações que acho que todos já passaram alguma vez na vida. Refiro-me a todos os tipos de relações, pessoais ou profissionais. Situações em que nos sentimos absolutamente surpresos com alguns posicionamentos, mas que, no fundo, eram 100% previsíveis. O sapo, no caso, sabia qual era a natureza do escorpião. No fundo, no fundo, ele sabia. E dançou por acreditar que ela poderia ser mudada.

Não estou afirmando que pessoas ou convicções pessoais não mudem. Mudam sim, e muito. Mas algumas questões são tão, mas tão, enraizadas e fazem parte de um conjunto de convicções tão profundas, que não mudam nem sob tortura. Notem a postura de determinadas pessoas em relação à política ou religião. Percebam também os traços culturais e os códigos de conduta (escritos e não escritos) de empresas, ou até mesmo as convicções de pessoas ligadas a você (família, amigos). Se você pensar bem, vai encontrar valores e crenças que fazem parte da natureza dessas pessoas e organizações e que são como a postura do escorpião – na hora “H”, prevalecerão.

Essa história não é um alerta para ninguém. Apenas uma constatação de que o ser humano é um animal, que embora tenha inteligência e capacidade de raciocínio, também tem instintos naturais. É preciso entender isso, aceitar essa verdade e se prevenir contra “venenos de escorpião”. Como? Procurando conhecer bem e profundamente cada pessoa que entra na nossa vida, seja na dimensão pessoal ou profissional, entendendo quais são os seus valores mais profundos e a sua natureza. Isso se consegue com muita conversa, perguntas, respostas, discussões sobre os temas em comum e analisando o histórico de decisões e posturas dos outros. Nem sempre isso é suficiente e sempre poderemos nos surpreender, para o bem ou para o mal, mas ajuda a minimizar os riscos de morrer como o coitado do sapo. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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