A vaga é minha - “Oportunidade não se dá, se conquista” - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

- Bom dia! Tudo bem? – disse o entrevistador e possível chefe do entrevistado.

- Bom dia! Tudo ótimo, e com você? – respondeu Geraldo.

- Tudo bem, Geraldo. E aí, por que o interesse pelo setor de telecomunicações e pela vaga?

- Claro. Um amigo me indicou a vaga e disse que eu teria perfil para trabalhar aqui e com você. Ele lhe conhece bem. Aliás, fez tanto elogio que fiquei até ansioso para fazer parte da sua equipe.- disse Geraldo, com as duas mãos firmes em cima da mesa, olhar fixo no seu entrevistador.

- Agradeço a deferência. O Antônio me falou que lhe indicaria para esta vaga. Mas, qual é sua experiência no setor? Pelo seu currículo, vejo que tem uma boa experiência na área comercial, mas nada em telecomunicações. – Perguntou o entrevistador, com um misto de interesse e ceticismo.

- Olha, de fato não tenho experiência no setor, mas acredito que tenho uma enorme capacidade de aprender o que tiver que aprender, e bem rápido. Garanto que, em pouco tempo, estarei totalmente familiarizado com o setor. A minha história profissional e de vida me colocou vários desafios como este. Estou bem preparado. – respondeu Geraldo, mas uma vez sem piscar um olho e firme como uma rocha.

- Ah, é? Que bom! De fato, aprender coisas novas é um desafio quase diário neste setor. É muito dinâmico. As coisas acontecem muito rápido. – comentou o entrevistador, já com cara de quem estava gostando da segurança (sem prepotência) do entrevistado.

- Imagino que seja. Pelo que conheci da sua história, vi que você também está no setor há menos de dois anos e já se consolidou como um grande profissional. Pretendo fazer o mesmo se você me der esta oportunidade. – disse Geraldo.

A entrevista seguiu com o entrevistador conhecendo melhor as experiências passadas de Geraldo, suas pretensões de carreira para o futuro e suas competências. Ele, sempre respondendo tudo com muita sinceridade, segurança e determinação. Sempre que questionado sobre uma competência, passava segurança quando mostrava onde a mesma já foi testada e, quando não a tinha, repetia sempre quase da mesma forma: “Não sei, mas aprendo, e rápido”.

No final, a última pergunta:

- Geraldo, por fim, você gostaria de dizer algo ou perguntar algo?

- Claro, gostaria de dizer que essa conversa só me fez ter mais vontade de fazer parte da sua equipe e também gostaria de dizer que garanto um esforço contínuo e focado em rapidamente estar preparado para lhe ajudar a produzir grandes resultados para a nossa (como se já estivesse contratado) equipe. Muito obrigado pela oportunidade dessa entrevista. – Fechou Geraldo.

Após um forte aperto de mão, Geraldo saiu pela porta e se foi, deixando o seu entrevistador encantado com a sua postura firme e decidida.

Na sequência, mais duas entrevistas para a vaga, sendo uma delas com uma pessoa de experiência comprovada no setor, mas sem um décimo da postura firme do Geraldo. Por fim, a decisão, entre a experiência técnica e a atitude, foi pela segunda. Geraldo foi chamado no mesmo dia e começou na semana seguinte.

Essa história, embora um pouco romanceada, é verídica e mostra algo muito comum atualmente. Quem contrata hoje muitas vezes quer mais atitude do que conhecimento. Conhecimento se obtém, se aprende. Atitude é algo mais raro, principalmente atitudes firmes e ligadas à competência “comprometimento”.

No caso do Geraldo (nome real), a decisão foi correta. O cara foi longe na carreira, bem longe. E quem o contratou, hoje sente orgulho de ter dado a oportunidade para alguém que conquistou com firmeza, sinceridade e força. Aliás, Geraldo não ganhou a oportunidade, conquistou com as suas mãos. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Foco e Excelência “Sim, Gramado tem uma dica para a sua carreira”- Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

Mais uma vez fugi do carnaval. Meus amigos mais próximos sabem o quanto gosto de fugir dele, principalmente das grandes “muvucas”. Desta vez, fui apresentar a cidade de Gramado, na Serra gaúcha, para a minha filha. Ela voltou encantada. Fazia quatro anos que eu não pisava na cidade do Natal Luz. Achei que não teria grandes surpresas e fui com o espírito de ver mais do mesmo e curtir a felicidade da Júlia. Puro engano. Gramado conseguiu me surpreender, e muito. 

As ruas sempre limpíssimas, todas as lojas, restaurantes e parques muito bem decorados e cuidados, os canteiros sempre com flores, os jardins impecáveis, tudo limpo e lindo. Novos restaurantes, novos parques como o fantástico Snowland, novos museus como o Museu da Moda e o Museu de cera. E o mais marcante de Gramado, o atendimento nota mil. Dos guardas que cuidam do estacionamento público, aos atendentes do hotel e dos restaurantes, todos mais do que cordiais, encantadores. Educados, sempre com sorriso no rosto, atentos a você e ao que fala, solícitos ao dar uma informação, profundos conhecedores do que estão vendendo ou divulgando e imbuídos em fazer com que qualquer pessoa saia de Gramado profundamente satisfeita.

Quem conhece Gramado e já viajou para outros lugares do Brasil sabe do que estou falando. A diferença é brutal. Gramado deveria ser a escola de turismo do Brasil. Ali estão os melhores, em todos os quesitos. Pena que seja um caso raro em um país onde o turismo poderia ser uma marca mundial e não é. A cada nova experiência em Gramado eu me perguntava: “Como eles conseguem?” 

A resposta é mais simples do que parece: Foco e Excelência. Gramado vive de turismo. Mas outras cidades no Brasil também vivem. Isso só não basta. O que Gramado decidiu foi viver de turismo e buscar a excelência em tudo o que faz. Aí sim, deu no que deu. Conversando com alguns atendentes, manobristas no hotel, garçons e outros, pude perceber que todos foram muito bem treinados. Horas e horas de treinamento, por menor que seja a empresa onde trabalham. 

O resultado? Cidade sempre cheia, hotéis lotados, um calendário de dar inveja (Páscoa, festa do Morango, Festa do chocolate, Festival e inverno, Natal Luz e por aí vai). Cidade vibrante e crescendo de forma ordenada, pensada e planejada. Lá não se vê mendigo na rua e nem pessoas pedindo dinheiro nos semáforos. 

Gramado deixa uma lição para a nossa carreira. Mas qual será? Tenho falado muito disso e não me canso de repetir. Quer ter sucesso em algo? Foque naquilo e execute tudo como se fosse a última coisa que fosse fazer na vida.

Em outras palavras, tenha foco e busque a excelência naquilo que escolher. Ser ótimo em alguma coisa é melhor do que ser bom em várias. Neste século, esse é o único caminho. Com o nível de concorrência que enfrentamos hoje no mercado e na carreira, quem não for muito bom em algo está fadado a um mero papel coadjuvante.

Ao contrário, quem souber escolher as competências com as quais irá fazer a diferença onde trabalhar, estará sempre um passo à frente dos seus pares no mercado. Já dei a dica aqui em artigos anteriores: Ninguém escapa de uma pergunta em entrevistas de emprego para vagas de gestão: “Onde você faz a diferença?” O meu amigo Luis Rasquilha tem uma versão mais cruel para esta pergunta: “O que você tem que mais ninguém no mercado tem?”

E aí? Qual é a sua resposta? Onde você se destaca? O que faz melhor do que a média do mercado? Que aposta uma empresa pode fazer em você e que não vai se arrepender? A cidade de Gramado, mesmo não sendo uma pessoa, tem a resposta. Se é possível uma cidade, que depende de inúmeras entidades (poder público, empresários e pessoas), ter uma resposta clara e objetiva, você também tem que ter. Diferente de Gramado, você não depende de outros para criar seus diferenciais e deixar a sua marca. Mãos à obra! Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

O conselho do Rei - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

 

“Quem se cerca de bajuladores é um péssimo líder”

 

Estava lá o Leão, rei da floresta, sentado no seu majestoso trono quando apareceu o macaco-prego, como sempre, todo falante.

- Majestade, majestade.  Bom dia, augustíssima pessoa!  A sua juba hoje tem algo de diferente, Senhor. Olha como ela está brilhando!? ! Vossa majestade, a cada dia que passa está mais galante, elegante, estimulante...

-  Diga logo o que deseja, Macaco, que não tenho todo o tempo do mundo. – disse o Leão impaciente.

- Temos aquele problema das hienas, chefe. Elas estão invadindo o nosso território e precisamos tomar alguma decisão sobre isso.

- É verdade. Já estamos demorando muito a tomar decisões sobre este problema...

- E como o Senhor sempre diz: a pior decisão é não tomar decisões, não é, Excelentíssimo?

- Claro que é. Diga aos diretores que estou convocando o conselho para essa tarde.

E assim foi o macaco-prego para a sua mesa enviar emails para todo o conselho. “Em caráter de urgência, eu estou convocando o conselho para essa tarde, ao pôr do sol. Assinado: ministro Macaco-prego.”

Na hora determinada, todos se reuniram no salão do reino e, sem muitas demoras, o rei apresentou o problema e esperou as sugestões da sua diretoria.

- Senhores, não há muitas alternativas. – disse o Leão. - Ou vamos para a batalha ou deixamos as hienas nas nossas terras. Eu gostaria que meu povo não sofresse novamente.

- Acho que devemos assinar um tratado de paz com as hienas. – disse o Hipopótamo. - Ninguém quer mais guerras.

- Considero um tratado de paz como a solução ideal. – proferiu a Girafa. – Vamos evitar derramamentos de sangue.

- Qual a sua opinião, Coruja? – perguntou o rei.

- Penso que vocês estão todos errados. Na verdade, estou com vergonha da covardia de vocês. Vocês sabem como as hienas procriam rapidamente. Em pouco tempo, a população delas será enorme e incontrolável. Elas vão ganhar mais território e comer todas as nossas provisões. É uma burrice sem tamanho deixar de agir energicamente agora. Deveríamos expulsá-las imediatamente.

- Eu discordo de você, Diretora Coruja. – soltou o Macaco. – Se o nosso imperador diz que não quer guerras, ele que está certo. O rei nunca erra. Apoiemos o rei.

E todos aplaudiram o discurso do ministro macaco.

A decisão foi por aclamação e, quase unânime. Só a Coruja manteve a sua posição e foi voto vencido.

Anos depois, a floresta era uma terra arrasada. As hienas ganharam força e destruíram tudo.

A Coruja estava certa, mas não havia mais ninguém para relembrar o seu conselho. Todos haviam migrado ou morrido. Mas, antes da partida, o Leão devorou o Hipopótamo, a Girafa e, é claro, o adulador Macaco-prego.

- Senhor, senhor, não me coma! Eu fui seu servo fiel, dedicado, submisso...

- Eu precisava de conselhos honestos, Macaco, e não de bajulação. – foram as últimas palavras que o macaco ouviu antes de ser abocanhado.

Moral da história: Evite os bajuladores. O seu colaborador mais leal pode ser justamente aquele que tem coragem de discordar de você. Ninguém está certo sempre. Líderes precisam de pessoas que os questionem sim. Sempre com bons argumentos, no fórum correto e da maneira correta. Não seja um bajulador e, se for líder de uma equipe, não se cerque de bajuladores. Esse é o caminho mais rápido para o fracasso. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Pequenos hábitos x Grandes resultados - Pontualidade - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Seja pontual – a sua carreira agradecerá”

 

- E aí, João, bom dia! Fazendo o que aí sozinho?

- Oi, Pedro! Temos reunião em 5 minutos. – respondeu João, ainda checando os emails no celular.

- Para com isso, cara! Você sabe que essa reunião mensal nunca começa no horário. Por que você não fica na sua mesa e volta daqui a 15 minutos? – disse Pedro, com cara de desdém.

- Não, prefiro ficar e esperar aqui. – Respondeu, calmamente, João.

- Tá bom, você manda! Mas só vou avisando uma coisa: Essa sua mania de ser pontual nessa empresa é coisa estranha, viu? Nem o chefe chega no horário! Por que você tem sempre esse péssimo hábito de chegar adiantado aos seus compromissos?

- Pedro, respeito a sua posição e agradeço o conselho. Mas prefiro ser pontual, mesmo que nem o meu chefe seja. A decisão de ser pontual é minha, não dele.

Pedro, novamente, fez cara de desdém e saiu da sala, voltando 20 minutos depois com todos os convocados para a reunião, que começou, como sempre, com 15 minutos de atraso.

Historicamente, nós brasileiros, não somos pontuais. Isso é quase cultural. Já morei em estados de norte a sul e garanto: pontualidade não é o nosso forte. Posso até dizer que para alguns, a pontualidade é quase uma ofensa.

Desde cedo, meu pai me ensinou a ser pontual e cumprir rigorosamente os horários combinados. Lembro-me até de algumas “punições” por não ser pontual na hora do jantar, no horário de cumprir com as tarefas da escola ou de ir dormir. Como sempre, quando somos crianças, não entendemos bem a razão de algumas coisas. Essa era uma delas. Pra que ser tão pontual? “Que chato!”

Por fim, formei-me, saí de casa e fui batalhar pela minha carreira. Aí todas as as respostas vieram, quase como um tsunami. Vi com meus olhos a importância de algumas coisas que antes pareciam bobagens ou perfeccionismos “idiotas”. A pontualidade foi uma delas.

Ser pontual significa várias coisas, não apenas cumprir horários. Ser pontual tem um papel enorme em várias competências que são necessárias para a sucesso profissional. Ser pontual é algo determinante para o sucesso de muitas relações profissionais e para a confiança que se estabelece em um profissional. E o bom (por um lado) disso tudo é que a concorrência nesse tema é muito baixa. Quase ninguém se interessa pelo assunto. A maioria segue a manada e entra na onda dos “15 minutos de tolerância”. Portanto, quem é pontual nada de braçada, praticamente sem concorrência.

Ser pontual (principalmente no Brasil) é mais uma questão de fé do que de ciência. Há poucas pessoas que cumprem seus horários à risca, e esses, assim com o o João, são quase motivo de chacota. Mas eu conheço, e muito bem, o que uma imagem de “ser uma pessoa pontual” vale ao longo de uma carreira. Vale muito, muito mesmo. Uma pessoa pontual é mais confiável. Se é mais confiável, é mais comprometida. Se é mais comprometida, pode receber mais responsabilidades. Se pode receber mais responsabilidades, pode produzir resultados mais expressivos. Se pode produzir resultados mais expressivos, vai crescer mais. Simples assim e, como sempre digo, quase matemático.

Pois essa é a mensagem de mais um texto da série “Pequenos hábitos x Grandes resultados” - Seja pontual sempre! Independente de quem quer que seja discordar, tirar sarro da sua cara ou tentar mudar a sua postura. Esteja em todos os seus compromissos com antecedência. Pode ter certeza que, aos poucos, as piadas irão se transformar em elogios. E mesmo que ninguém assuma, no dia em que pensarem em alguém para um projeto que precise de comprometimento e seriedade, o seu nome estará no topo da lista. Nesse caso, nadar contra a correnteza é um sinal de inteligência. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Não se esconda na crise - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Quem ficar na toca, vai dançar. Quem sair dela, vai colher”

 - Theo, Theo, onde você você vai? Que cara é essa? Parece transtornado!

- Vou sair por aí. Procurar comida, água e novos projetos.

- Você bebeu? Estamos todos aqui, juntos. Pra quê se arriscar? O chefe falou para ficarmos juntos nessa crise e não nos arriscarmos muito. Tá faltando comida, água, tudo por aqui. Vamos esperar tudo isso passar e seguimos em frente!

- Pois é, não concordo com ele. Ficar aqui, parado, esperando as coisas caírem do céu? Nem pensar. E tem mais, percebe o cheiro que fica no ar com todo esse bando junto, sem tomar banho há dias. Eu, heim! Vou nessa!

E assim Theo se mandou, sozinho, no meio da seca e do calor dos infernos, mas confiante que a crise do momento não deveria lhe estagnar ou acomodar.

Depois de algumas semanas, com o tempo melhor e a chuva dando sinais de que cairia, o bando de Gnus resolveu se mover. Todos sujos, entediados, desanimados e magros, saíram pelas savanas na direção da chuva e do verde. Depois de tanto tempo sem se exercitarem, alguns nem conseguiram mais levantar e morreram por ali mesmo. Os que conseguiram seguir, estavam magros, descontentes e com o raciocínio meio travado. Afinal, foram muitos dias sem encontrarem nada.

Mais adiante, avistaram de longe um grupo pequeno de Gnus. Todos fortes, felizes e dançando. Ao chegarem perto, quem dá um sinal? Theo. Ele mesmo.

- Theo! Tudo bem? Que bom vê-lo! Achávamos que você tinha morrido.

- Olá, queridos! Bom revê-los também. Pois é, confesso que também tive medo de morrer, mas acho que o medo também me ajudou a enfrentar a situação.

- O que você fez? Pra onde foi? Conta, conta!

- Bom, o que fiz foi simples. Fui em busca dos meus amigos e parceiros. Fui procurá-los para saber se tinham alguma oportunidade para mim ou um espaço em seus bandos. No início, tive um pouco de vergonha, mas depois fui ganhando confiança e mostrando os meus talentos. Sou um bom farejador, sabia? E tenho persistência! Eles curtiram essas habilidades.  Até que achei esse grupo. Eles precisavam exatamente que eu tinha para oferecer. E aqui estou.

- Caramba, Theo! Que legal. Parabéns pela coragem e iniciativa. Enquanto isso, nós ficamos lá, parados e esperando as coisas melhorarem. Que perda de tempo!

Essa fábula me veio à cabeça depois de uma mensagem que recebi nessa última semana. Uma ex-aluna me escreveu pedindo ajuda para escolher entre duas propostas de emprego que tinha nas mãos. Duas empresas grandes, dois cargos legais, dois possíveis futuros chefes competentes e uma dúvida: Qual escolher?

Veja:  no meio de uma crise, alguém com duas propostas fantásticas e tendo que escolher entre elas. Um caso raro? Não. Pode acreditar. Mesmo em momentos difíceis, há pessoas que estão encontrando oportunidades e crescendo. E a razão disso é que essas pessoas não estão enfiadas em uma toca esperando a crise passar. Estão ativando a sua rede de contatos, conversando com pares do mercado, estão atentas aos movimentos de algumas empresas e setores que já estão se preparando para retomar o crescimento.

A crise vai acabar. Não tenha dúvida disso. Já ouço rumores de que alguns setores já começam a pensar no segundo semestre de 2016 com apetite de contratar e crescer. O Brasil não vai afundar. O mundo não vai acabar.

Portanto, se você estiver na toca, saia já! Tome um banho, coloque suas armas (competências, habilidades) na cintura e vá encontrar um lugar onde possa fazer a diferença. Apresente-se, sem vergonha ou temor. Só não fique na toca, porque dali não sai nada. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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O sapo e o escorpião - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 É difícil mudar a nossa essência

  

A chuva veio forte, muito forte. E quando se deu por conta, o escorpião estava ilhado em um pequeno espaço de areia, sem nenhuma linha de conexão com a margem da lagoa. Quando estava quase entrando em desespero, avistou um sapo nadando bem próximo, na direção do barranco. Não pensou duas vezes:

- Oi amigo, tudo bem? Você pode me ajudar?

- Oi, tudo bem? Ajudar em quê? – respondeu o sapo.

- Estou preso aqui e essa chuva não vai parar tão cedo. Não sei nadar e preciso chegar à margem antes disso tudo aqui ficar debaixo d´água e eu morrer. Você poderia me dar uma carona?

- Você está brincando, não é? Você acha mesmo que vou colocar um escorpião nas minhas costas?

- Como assim?- respondeu o escorpião. Só quero ser salvo. Não vou fazer nada com você. Aliás, por que acha que faria algo com alguém que salvaria a minha vida?

- Sei lá! – disse o sapo. Não confio em um escorpião.

- Ora, vamos lá! Deixa de bobagem. A água não para de subir. Me salva, vai! Prometo que não vou fazer nada de mal a você. Juro por tudo o que for mais sagrado. Assim vai fazer uma boa ação!

Após alguns segundos de reflexão, o sapo concordou em deixar o escorpião subir nas suas costas e nadar até a margem. Os dois seguiam lentamente, debaixo da chuva forte e chegaram bem. No entanto, antes de descer das costas do sapo, o escorpião cravou seu ferrão no pescoço do sapo e descarregou uma enorme dose de veneno. Ainda agonizando, mas consciente, o sapo falou:

- Poxa vida, você me traiu! Por que fez isso? Eu salvei a sua vida. Você me garantiu que não ia fazer nada de mal a mim. Seu idiota!

O escorpião olhou profundamente nos olhos do sapo, sabendo que ele morreria em segundos, e disse:

- Desculpe-me, mas não posso ir contra a minha natureza.

Essa história reflete bem uma dinâmica das relações que acho que todos já passaram alguma vez na vida. Refiro-me a todos os tipos de relações, pessoais ou profissionais. Situações em que nos sentimos absolutamente surpresos com alguns posicionamentos, mas que, no fundo, eram 100% previsíveis. O sapo, no caso, sabia qual era a natureza do escorpião. No fundo, no fundo, ele sabia. E dançou por acreditar que ela poderia ser mudada.

Não estou afirmando que pessoas ou convicções pessoais não mudem. Mudam sim, e muito. Mas algumas questões são tão, mas tão, enraizadas e fazem parte de um conjunto de convicções tão profundas, que não mudam nem sob tortura. Notem a postura de determinadas pessoas em relação à política ou religião. Percebam também os traços culturais e os códigos de conduta (escritos e não escritos) de empresas, ou até mesmo as convicções de pessoas ligadas a você (família, amigos). Se você pensar bem, vai encontrar valores e crenças que fazem parte da natureza dessas pessoas e organizações e que são como a postura do escorpião – na hora “H”, prevalecerão.

Essa história não é um alerta para ninguém. Apenas uma constatação de que o ser humano é um animal, que embora tenha inteligência e capacidade de raciocínio, também tem instintos naturais. É preciso entender isso, aceitar essa verdade e se prevenir contra “venenos de escorpião”. Como? Procurando conhecer bem e profundamente cada pessoa que entra na nossa vida, seja na dimensão pessoal ou profissional, entendendo quais são os seus valores mais profundos e a sua natureza. Isso se consegue com muita conversa, perguntas, respostas, discussões sobre os temas em comum e analisando o histórico de decisões e posturas dos outros. Nem sempre isso é suficiente e sempre poderemos nos surpreender, para o bem ou para o mal, mas ajuda a minimizar os riscos de morrer como o coitado do sapo. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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