O último suspiro eleitoral da temporada, prometo! Psicologia e Comportamento por Flavia Bertuzzo

 

Muito bem. Inevitável falar de eleições novamente.

Inevitável falar de comportamento novamente e quais são as variáveis que mantém atuações tão distintas, em um mesmo povo.

A reeleição da presidente Dilma Rousseff instigou os coerentes a indagar: “Por que cargas d’água passamos vexame durante a Copa aos olhos de outros países, vaiando e xingando nossa mandatária? Fomos às ruas, invadimos o laguinho do Palácio do Planalto, depredamos ônibus, criamos uma nova classe da bandidagem brasileira, os Black Box, fechamos a Av. Paulista e outras no Rio e tantas outras nos estados, para meses depois reelegermos a quem excomungamos, nos abstermos de votar (20% de abstenções) e de realmente arrancar a mulher de lá, sem chiliques e caras pintadas?”

A resposta talvez seja simples.

Notem que aqui analiso o fenômeno comportamental, não o político.

As pessoas que se sentem lesadas pelo petrolão, mensalão, alta carga de impostos, impunidade à corrupção, déficit do crescimento econômico, instabilidade da moeda e aumento à olhos vistos da inflação, são justamente os que também não se sentem contemplados pelas estratégias políticas do governo vigente. Há dois descontentamentos pairando entre a classe média e produtiva deste país: descontentamento de valores e descontentamento de injustiça.

O governo do PT elegeu o pobre como a menina dos olhos. Delineou suas estratégias políticas para tirar o pobre da pobreza, basicamente através de subsídios. OK, os pobres neste país são maioria e precisam de cuidados, diria mais, precisam de PREPARO.

Mas por outro lado, em qualquer gestão inteligente e inclusiva, se cuida muito bem TAMBÉM dos que PRODUZEM, pois são estes os que alavancam a criação de empregos diretos e indiretos  para todas as classes sociais, inclusive as mais baixas.

 Traduzindo: é funcional para o país cuidar bem dos que formalmente contribuem para seu crescimento, dos que pagam impostos, constroem ideias e alavancam a competitividade e boa imagem da nação no cenário mundial. O PT, e isto é uma observação empírica e não ideológica, peca nesse aspecto. A classe média sistematicamente é esmagada e afogada em tributação altíssima,  esquecida e maltratada por serviços sociais pobres ou inexistentes. Agora esta mesma classe media flagelada é tida como separatista e a “burguesia paulistana” (Oi? Estamos na época do Marx?) é taxada de homofóbica, xenofóbica e imunda.

Não podemos esquecer que a classe média também faz parte do país e parcela muito importante do motor dessa nação. Como qualquer categoria humana, quando é humilhada e desconsiderada, a classe média também se levanta e ataca. E o desabafo ficou para os nordestinos. Não é desejável, mas eleitor nordestino se tornou o alvo instintivo natural, diante do cenário eleitoral. Moralmente é censurável, porém comportamentalmente é compreensível.

Falando já no Nordeste, maior eleitorado da atual administração, se comporta nesta situação a partir de outras contingências.

Lá, o petrolão, mensalão, impunidade, e déficit de crescimento não têm significado tão relevante para sua tomada de decisão.  Lá,  a cultura predominante é a do convívio diário com as adversidades da pobreza, por vezes da fome e não da economia brasileira.

O fato é que a pobreza representada pelo povo do nordeste (e que não se limita àquela região) foi  aliviada pelos programas assistencialistas e, como efeito colateral e principal, tornou-se refém destas mesmas estratégias.

Pior. São reféns contentes e “adoradores de seus algozes”.

Conhecem o procedimento para continuar recebendo o auxílio, mas não desenvolvem boas ideias de como produzir novas fontes de renda. Apresenta-se a consequência pronta e priva-se o povo de aprender a construí-la.

Inevitavelmente, vejo um país dividido e, sinceramente, do ponto de vista comportamental que me cabe, com poucas chances de comunhão.

As variáveis que mantém as crenças e atuações destes grupos de pessoas são tão distintas e longínquas como a água do vinho. Incomunicáveis.

Solução? Um governo que priorizasse todas as classes de cidadãos. Que em sua maioria o povo se sentisse considerado pelos seus cuidadores. Nem sei se já houve algum assim.

Vou mais longe. Para governar tem que ter autoestima. Essa característica proporciona neutralidade, exclui a idéia de um partido para uma categoria, como se algo tivesse de ser corrigido na história, ou injustiças tivessem de ser compensadas.

Porém quem fala, é uma mera analista do comportamento.

Política é outra (cons)ciência.

Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos

 

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Psicoterapeuta comportamental  de adultos e famílias, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil e proprietária da Villa Saúde – Psicologia & Cia, uma proposta multidisciplinar e inovadora de fazer saúde íntegra. Minha grande busca é transpor os limites do consultório, viver e aprender a psicologia em outras fronteiras, levar a ajuda e receber o aprendizado.  Contato:  villasaudepsicologia@gmail.com e Facebook: Villa Saúde - Psicologia & Cia

 

 

 

 

Eleições, Copa do Mundo e Carnaval - Coluna Psicologia e Comportamento por Flavia Bertuzzo


Vamos falar de eleições, mas não de política.

Vamos falar do aspecto comportamental deste processo de escolha que, a meu ver, teve um sabor diferente neste fim de semana, em relação pelo menos aos últimos anos.

 Senti de novo desde as Diretas Já, um imenso clima de patriotismo, envolvimento emocional e engajamento. Era uma criança na época da eleição de Tancredo Neves para presidente, mas me lembro perfeitamente da atmosfera de revolução, mudança e “brasileirismo” na veia.

 Há uma semelhança de contingências daquela época e nesta eleição. Ambas ocorreram em situações de comoção nacional e necessidade de libertação do atual sistema ou governo vigente. O povo clama.

O que comove, une e fortalece as escolhas. Não quer dizer que as melhores decisões sejam tomadas, mas a dúvida desaparece, o envolvimento emocional encoraja o caboclo.

 A eleição de um governante, por outro lado, deveria ser pautada na escolha consciente do melhor programa de governo e/ou do candidato mais preparado para a gestão, mas observa-se que o aspecto que influencia historicamente tal processo é prioritariamente emocional, que expressa ou a necessidade pessoal, ou a necessidade nacional:

 “eu voto em quem me tira da miséria com o bolsa-família”


“eu voto em quem me tira da miséria com o bolsa-família”

ou

“votamos para tirar a corrupção instituída no poder. Muda Brasil!”

 

Há claro, eleições mais discretas, de manutenção de governos já instalados e funcionais, por exemplo, e nestes casos o fator emocional fica mantido, mas sem característica de virar a mesa.

 Neste domingo foi diferente. Teve clima de Copa do Mundo e torcida na apuração feito escola de samba do Rio de Janeiro.

 Toda decisão que é invadida por um sentimento mais intenso, seja ele na forma de necessidade ou reação, tende a desviar ou nublar o encadeamento racional das idéias. Ontem, ao final da apuração para o governo de Pernambuco, quem o povo queria ver, ouvir e tocar era a família do extinto Eduardo Campos. A viúva e seus filhos viraram uma espécie de Igreja por lá. O novo governador, que por sinal foi apoiado pelo clã do ex-candidato à presidência ficou em segundo plano.

 O brasileiro então vota errado? Não sabe escolher?

 Difícil uma análise imparcial entre o bem e o mal.

 O brasileiro vota assim como torce por seu time, ele adota, ele adora.

 Collor, (re) eleito para o senado, só pode ser um time de futebol, que joga mal, cai para a terceira divisão, é mal administrado e o fulano continua lá, apoiando, comparecendo e pagando a mensalidade de sócio-torcedor.

 Por outro lado, se ele não tem um time de coração, ele é capaz de se unir a tantos outros e lutar por uma mudança real, porque aí, a comoção vem de outro lugar, da indignação dos iguais a ele.

 Esse é o povo brasileiro.

 Educá-lo a escolher o melhor seria educá-lo a entender sua emocionalidade e o quanto esta atua em suas decisões.

Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos

 

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Psicoterapeuta comportamental  de adultos e famílias, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil e proprietária da Villa Saúde – Psicologia & Cia, uma proposta multidisciplinar e inovadora de fazer saúde íntegra. Minha grande busca é transpor os limites do consultório, viver e aprender a psicologia em outras fronteiras, levar a ajuda e receber o aprendizado.  Contato:  villasaudepsicologia@gmail.com e Facebook: Villa Saúde - Psicologia & Cia

 

 

 

 

 

 



As eleições, as redes sociais e a sua carreira - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

É melhor colocar as suas posições políticas nas urnas

 

A copa acabou. A ressaca já está passando e as atenções se voltam para as eleições. Um momento muito importante e que vai determinar os rumos do país nos próximos anos. Agora é pesquisa de opinião toda semana e em breve começa a propaganda na TV e no rádio. Especulações de todos os lados e alguns desavisados (ou descuidados) emitindo opiniões e se expondo desnecessariamente. O banco Santander que o diga. Deixou que uma carta fosse enviada a seus clientes indicando que a economia irá piorar se o governo atual for reeleito. Você deve ter visto na mídia a confusão que foi. O presidente mundial do banco teve que se explicar. Os envolvidos foram demitidos.  Agora imagine se o contrário acontecer e o governo atual for mantido no poder. Como você acha que pode dar o troco no banco? Dá até medo de pensar...

Candidatos postos, planos de governo começando a serem apresentados e, como sempre, os ataques mútuos começaram. E a coisa promete esquentar bastante. Cada um com a sua artilharia pesada e seus dossiês prontos para serem expostos. A briga promete.

Nas redes sociais, começo a ver o assunto aparecer, ainda que tímido. Notícias começam a ser compartilhadas nas páginas pessoais. Algumas, com comentários a favor deste ou daquele candidato ou endossando notícias de fontes duvidosas. Alguns mais “ousados” querendo pegar carona na popularidade de amigos do facebook para que suas opiniões tenham mais visibilidade. Na semana passada tive que bloquear uma pessoa que ficava publicando quase diariamente na minha página (e de outros professores que têm milhares de “amigos” no facebook) notícias a favor de um candidato. Cortei a amizade, bloqueei e ponto. Como regra de conduta nas redes sociais, não concordo com quem fica postando coisas nas páginas de outros com intenção de dar visibilidade ao tema. Ao descobrir que não poderia mais me usar como mídia, ele ainda me enviou uma mensagem “in box” dizendo que a minha atitude não era democrática e que eu deveria dar visibilidade para as suas opiniões, mesmo que não concordasse. Nem respondi.

Outro fato me chamou a atenção na semana passada. Um ex-aluno, de aproximadamente 30 anos de idade, executivo de uma grande empresa e com a carreira em uma das fases mais decisivas. Pois bem, ele compartilhou uma notícia sobre uma acusação feita a um candidato e fez um comentário, endossando a notícia e ainda xingando o dito cujo, usando palavras que me recuso a repetir aqui. Bom, quero deixar claro que não sou contra a liberdade de expressão. Muito pelo contrário, acho que as redes sociais representam hoje um dos melhores espaços de debates e discussões e que esta eleição será fortemente impactada pelo que acontecer na web. Entretanto, não vejo como este tipo de posicionamento político possa ajudar na carreira. Este é o tipo de assunto, assim como religião, orientação sexual, entre outros, que deve ser debatido sim, mas de forma equilibrada e nos fóruns corretos. Compartilhar uma notícia, endossar a mesma sem ter 100% de certeza de que é verídica, e ainda xingar publicamente um candidato, não traz nada, absolutamente nada de bom para a imagem pessoal e profissional de ninguém.

Esta é a minha visão. E deixo aqui um conselho aos meus leitores, alunos e ex-alunos – Muito cuidado ao emitir opiniões políticas nas redes sociais, principalmente quando desconhecer o assunto ou não tiver 100% de certeza de que o fato é verídico. Nada de ficar compartilhando acusações, dossiês, xingamentos e coisas do gênero. Defenda suas posições políticas de forma equilibrada, nos fóruns corretos, preferencialmente em debates olho no olho e sem se expor ou correr o risco de expor a sua empresa ou seu departamento. As eleições vão passar. A sua carreira não. E não se esqueça que o melhor lugar para se posicionar e onde tudo será decidido é na urna, no dia da votação. Até o próximo!

Marcelo Veras

 

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
Contato: (011)98435-0011 ou (011)99482-3333
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