Faça suas escolhas e eu te direi quem és - Psicologia e Comportamento por Flavia Bertuzzo

Viver é escolher. Escolher é ser livre.

Quanto de liberdade há em uma escolha?

Para responder a essa pergunta e verificar as afirmações acima, primeiro precisamos pensar em quais os aspectos que constroem uma decisão.

Você passa a escolher assim e não assado, quando está suficientemente preenchido de informações que produzam um conceito, um julgamento, uma análise. A gente aprende a fazer isso muito cedo. Você se lembra da primeira vez que escolheu sua própria roupa? Foi quando, sem perceber, passou a usar todas as observações, exemplos e experiências sobre roupas, cores e admirações até então apreendidas, em um só raciocínio: eu gosto disso!

Com o tempo, a escolha da roupa vai tomando proporção e complexidade maiores, nos preparando e chamando a fazer escolhas bem mais complicadas, cheinhas de elementos e consequências aqui e acolá.

E como neste momento estará nossa capacidade de decidir?

Depende.

Se as suas experiências de escolher a própria roupa e assim por diante foram acontecendo com incentivo e orientação, sendo guiado na aventura de tentar, errar e levantar; se você foi estimulado a descobrir cores, texturas, diferentes pontos de vista e aromas, provavelmente você tem boa chance de ter se tornado um bom decisor.

O bom decisor é aquele que toma decisões que funcionam. Para funcionar é preciso que haja um bom conhecimento sobre a situação, sobre si mesmo e sobre as consequências a serem geradas por esta ou aquela alternativa.

E tem a emoção. Ah essa pegadinha da (in)evolução humana que mais atrapalha do que ajuda. Há essa dimensão perturbadora na emoção, a de ser capaz de nublar a percepção, distorcer a observação dos fatos. Quando a gente ama é assim e quando a gente odeia também. Tudo fica potencializado.

O bom decisor consegue escolher a partir de um nível mais controlado de emoção, no qual está ciente do envolvimento da mesma na questão. Autoconsciência, autocontrole.

Até aqui então temos que as escolhas são formadas pelo passado (o que aprendemos como referencias), pela consciência e pelo tipo de emoção envolvida. Agora adiciono o último ingrediente: a cultura.

Aonde quer que você esteja, este ambiente influenciará de maneira decisiva suas escolhas.

Agora podemos voltar para o início desta papo.

Viver é escolher? Parece que sim. Parece que a todo tempo somos convocados a escolher para mover, para andar mais um passo.

Mas nossas escolhas são livres?

Depende do seu conceito de liberdade, eu diria.

Nossas escolhas são amplamente determinadas por todos aqueles aspectos que descrevemos até agora. Isto faz delas “prisioneiras” do passado (aprendizagens), do presente (informações, fatos e o ambiente) e do futuro (consequências) e assim, pensando desse jeito, não me parece algo muito livre.

Creio que a liberdade está em aprimorarmos nossas capacidades de escolher, em cada dia mais conhecermos nossas limitações, subjuga-las ou aceita-las com resiliência, dependendo do caso.

Quanto mais eu me conheço mais livre sou, pois consigo saber até onde ir.

Não acredito que a liberdade seja resultado da falta de limitações e sim do amplo conhecimento destas entidades. Escolhe melhor quem conhece seus fantasmas e toma chá com eles.

Termino hoje com duas frases interessantes sobre o processo de escolher:

 

“Se consciência significa memória e antecipação, é porque consciência é sinônimo de escolha.”

Henri Bergson.

 

“Cada vez que você faz uma opção está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.”

C.S. Lewis.

 Boa liberdade à todos!

Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos

 

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Psicoterapeuta comportamental  de adultos e famílias, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil e proprietária da Villa Saúde – Psicologia & Cia, uma proposta multidisciplinar e inovadora de fazer saúde íntegra. Minha grande busca é transpor os limites do consultório, viver e aprender a psicologia em outras fronteiras, levar a ajuda e receber o aprendizado.  Contato:  villasaudepsicologia@gmail.com e Facebook: Villa Saúde - Psicologia & Cia