Fanatismo no comando - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

“Qualquer tipo de fanatismo é, por definição, burro”

 

Ainda estamos estarrecidos com os últimos atentados terroristas na França. Mais de uma centena de inocentes mortos por causa de fanatismo religioso. Está tudo meio estranho, meio confuso. O mundo virou um barril de pólvora. Nunca foi muito indicado se cultivar 100% de segurança e confiança em nada ou em ninguém, mas, ultimamente, parece que a situação está ainda mais complicada. Parece, na verdade, que vivemos a maior crise de descrédito dos últimos tempos. E o pior é que ninguém sabe como isso tudo vai acabar, se é que vai acabar. A crise de confiança é total.

Fiz um post recente na minha página do facebook recomendando um ótimo livro que estou lendo (Sapiens: Uma breve história da humanidade, autor Yuval Harari, 2014). Essa viagem pelos últimos 45.000 anos de história tem sido provocante, e até citei neste post uma reflexão do autor sobre os mitos e as ficções. Segundo o autor, um homo sapiens conseguia dominar um grupo de, no máximo, 150 pessoas. Isso há 15.000 anos.

A ferramenta desenvolvida para fazer com que pessoas desconhecidas pudessem colaborar de forma eficaz em uma causa foi o que o autor chama de mito ou ficção, ou seja, criar algo que as pessoas acreditassem e seguissem. Quanto melhor fosse contada a história, mais seguidores convictos ela faria. Essas entidades têm um poder enorme de colocar pessoas lutando pela sua causa e consolidar um líder no poder. Foi uma estratégia genial, segundo o autor. Isso foi determinante para o ser humano dominar o mundo e as outras espécies.

O autor acredita que as religiões surgiram dessa necessidade. Bem mais recente, a criação das empresas também representa outra ficção, ou seja, uma entidade criada para fazer com que estranhos colaborem. Obviamente estou aqui fazendo a síntese da síntese desse longo texto. Mas ao analisar o poder das religiões, das empresas, dos times de futebol, entre outras entidades que constroem verdadeiros exércitos, fico me perguntando: Essas entidades produziram mais o bem ou mais mal? Com certeza foram fundamentais para o desenvolvimento do mundo, mas a pergunta não deixa de ser provocante.

Tem muita gente criticando a religião A ou B, o posicionamento político A ou B. A intolerância com o diferente é total. Mas creio que a maioria se esquece da causa maior dos problemas – o fanatismo.

Na minha visão, cada um de nós tem o direito legítimo de seguir a causa que quiser, a orientação política que quiser, a religião que quiser e o time de futebol que quiser. Lutar por essa causa é bom e ajuda a dar sentido à vida. O problema é quando se perde o controle, ou seja, quando deixamos de ser seguidores e passamos a ser fanáticos. Nessa hora, quando perdemos o controle sobre o nosso desejo, viramos um animal irracional.

O fanatismo cega, não nos permite enxergar o outro e nos deixa manipuláveis por outros fanáticos. O resultado? Isso que está aí. Não só na França, mas na guerra da Síria, nos torcedores de times rivais se matando na rua, no conflito eterno em Israel e em vários outros locais e dimensões sociais. O problema não são as causas, mas o fanatismo por elas.

Nas empresas não é diferente. Algumas pessoas perdem o controle sobre o que significa uma relação saudável no trabalho. Algumas se matam pelas suas empresas, abdicam de ter uma vida equilibrada ou da família para se dedicar exclusivamente ao trabalho. Outras, compram os objetivos da empresa de forma tão cega e radical que esquecem de se perguntar qual é a função social de tudo. Há uma diferença básica entre comprometimento e fanatismo. O resultado do fanatismo? Está aí também. Empresas que não respeitam as leis, que exploram as pessoas e o meio ambiente de forma irresponsável. A causa? Mais uma vez, o fanatismo. Neste caso, o fanatismo pelo lucro a qualquer custo.

Embora triste com tudo o que vejo hoje, tenho dito aos meus alunos que este é um momento propício para cada de nós pensar um pouco no sentido que está dando para cada dimensão da sua vida e das suas ações. Será que não estou perdendo o controle sobre os meus desejos? Será que não estou fanático por algo que, no fundo, não é bom? Pense nisso. Defenda suas causas, mas sem fanatismo. Ele destrói mais do que constrói. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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As crianças precisam conhecer o Amor - Coluna espiritualidade por Rachel Abdalla

A infância é o período de construção do ser humano, momento de crescimento e desenvolvimento da criança, que acontece no dia a dia, embasado naquilo que ela vive, vê e ouve. Nesse momento da vida da criança, não importando de onde ou de quem vem a informação, ela cresce alimentada pelos fatos e pela vivência daquilo que seus olhos e ouvidos captam.


Se a criança vive num meio sadio fisicamente e emocionalmente, ela será saudável, caso contrário, seus princípios serão doentios e mal formados, pois um elemento doente no seu meio, nesse período da sua vida, é o suficiente para desestruturar a base que sustentará a sua vida.


Mas, quem são as pessoas responsáveis pelo seu desenvolvimento? A princípio, e desde sempre, essa responsabilidade é da família que muitas vezes terceiriza suas obrigações, delegando a essência da formação cultural, emocional, física e espiritual da vida de seus filhos. 


Assim, as crianças passam a ser fruto do meio diversificado de conteúdos morais, de ideias variadas e de valores duvidosos. Surgindo, daí, uma geração sem raízes, jovens inseguros, adultos infelizes porque não tiveram uma infância solidificada e embasada na família.
Mas, de que família estamos falando?


De pais que trabalham muito para dar tudo de material para seus filhos; pai e mãe separados e muitas vezes brigados; pais que não brincam com seus filhos e não os veem crescer; família onde a mãe é o pai ou o pai é a mãe, tirando da criança a referência de um ou de outro na sua vida; família de um só lado, formada por produção independente, gerando crianças sem pais ou sem mães; famílias mosaicos onde vivem juntos os meus, os seus e os nossos filhos; enfim, famílias do século XXI. 


Mas, é dentro dessas famílias que as crianças vivem e a infância sobrevive. E a vida continua seu percurso. As crianças continuam nascendo e o que nos consola é saber que todo homem e toda mulher tem, dentro de si, o sopro de Deus que inunda o seu ser e o remete para o Amor.

Por isso, mesmo em meio a tanta diversidade, com a presença do Amor, que é o elemento que sustenta a vida, que rege o ser humano desde sempre, aquele pelo qual foi criado e para ele se volta, sempre haverá a certeza de que o homem é capaz de amar e ser melhor. Sendo assim, devemos confiar nesse Amor que vem de Deus, no qual as crianças são tocadas, tornando sua geração muito melhor do que a nossa.

Assim devemos esperar, mas fazer a nossa parte enquanto elas crescem, mostrando onde está o verdadeiro Amor: no coração dos homens e na bondade de um Deus que é Pai, que se fez Homem para entre os homens amar, e que nos dá a vida como sinal do seu Amor.

Rachel Lemos Abdalla

Coluna Espiritualidade

Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor; é colaboradora daZENIT.org – O mundo visto de Roma, responsável pela Coluna Pequeninos do Senhor de orientação catequética; é membro da ‘Equipe de Trabalho’ do ‘Ambiente Virtual de Formação’ da Arquidiocese de Campinas; escreve para dois sites em Portugal (ABC da Catequese  e Laboratório da fé); e é membro da Equipe de Formação da Paróquia Nossa Senhora das Dores.