A vaga é minha - “Oportunidade não se dá, se conquista” - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

- Bom dia! Tudo bem? – disse o entrevistador e possível chefe do entrevistado.

- Bom dia! Tudo ótimo, e com você? – respondeu Geraldo.

- Tudo bem, Geraldo. E aí, por que o interesse pelo setor de telecomunicações e pela vaga?

- Claro. Um amigo me indicou a vaga e disse que eu teria perfil para trabalhar aqui e com você. Ele lhe conhece bem. Aliás, fez tanto elogio que fiquei até ansioso para fazer parte da sua equipe.- disse Geraldo, com as duas mãos firmes em cima da mesa, olhar fixo no seu entrevistador.

- Agradeço a deferência. O Antônio me falou que lhe indicaria para esta vaga. Mas, qual é sua experiência no setor? Pelo seu currículo, vejo que tem uma boa experiência na área comercial, mas nada em telecomunicações. – Perguntou o entrevistador, com um misto de interesse e ceticismo.

- Olha, de fato não tenho experiência no setor, mas acredito que tenho uma enorme capacidade de aprender o que tiver que aprender, e bem rápido. Garanto que, em pouco tempo, estarei totalmente familiarizado com o setor. A minha história profissional e de vida me colocou vários desafios como este. Estou bem preparado. – respondeu Geraldo, mas uma vez sem piscar um olho e firme como uma rocha.

- Ah, é? Que bom! De fato, aprender coisas novas é um desafio quase diário neste setor. É muito dinâmico. As coisas acontecem muito rápido. – comentou o entrevistador, já com cara de quem estava gostando da segurança (sem prepotência) do entrevistado.

- Imagino que seja. Pelo que conheci da sua história, vi que você também está no setor há menos de dois anos e já se consolidou como um grande profissional. Pretendo fazer o mesmo se você me der esta oportunidade. – disse Geraldo.

A entrevista seguiu com o entrevistador conhecendo melhor as experiências passadas de Geraldo, suas pretensões de carreira para o futuro e suas competências. Ele, sempre respondendo tudo com muita sinceridade, segurança e determinação. Sempre que questionado sobre uma competência, passava segurança quando mostrava onde a mesma já foi testada e, quando não a tinha, repetia sempre quase da mesma forma: “Não sei, mas aprendo, e rápido”.

No final, a última pergunta:

- Geraldo, por fim, você gostaria de dizer algo ou perguntar algo?

- Claro, gostaria de dizer que essa conversa só me fez ter mais vontade de fazer parte da sua equipe e também gostaria de dizer que garanto um esforço contínuo e focado em rapidamente estar preparado para lhe ajudar a produzir grandes resultados para a nossa (como se já estivesse contratado) equipe. Muito obrigado pela oportunidade dessa entrevista. – Fechou Geraldo.

Após um forte aperto de mão, Geraldo saiu pela porta e se foi, deixando o seu entrevistador encantado com a sua postura firme e decidida.

Na sequência, mais duas entrevistas para a vaga, sendo uma delas com uma pessoa de experiência comprovada no setor, mas sem um décimo da postura firme do Geraldo. Por fim, a decisão, entre a experiência técnica e a atitude, foi pela segunda. Geraldo foi chamado no mesmo dia e começou na semana seguinte.

Essa história, embora um pouco romanceada, é verídica e mostra algo muito comum atualmente. Quem contrata hoje muitas vezes quer mais atitude do que conhecimento. Conhecimento se obtém, se aprende. Atitude é algo mais raro, principalmente atitudes firmes e ligadas à competência “comprometimento”.

No caso do Geraldo (nome real), a decisão foi correta. O cara foi longe na carreira, bem longe. E quem o contratou, hoje sente orgulho de ter dado a oportunidade para alguém que conquistou com firmeza, sinceridade e força. Aliás, Geraldo não ganhou a oportunidade, conquistou com as suas mãos. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

O conselho do Rei - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

 

“Quem se cerca de bajuladores é um péssimo líder”

 

Estava lá o Leão, rei da floresta, sentado no seu majestoso trono quando apareceu o macaco-prego, como sempre, todo falante.

- Majestade, majestade.  Bom dia, augustíssima pessoa!  A sua juba hoje tem algo de diferente, Senhor. Olha como ela está brilhando!? ! Vossa majestade, a cada dia que passa está mais galante, elegante, estimulante...

-  Diga logo o que deseja, Macaco, que não tenho todo o tempo do mundo. – disse o Leão impaciente.

- Temos aquele problema das hienas, chefe. Elas estão invadindo o nosso território e precisamos tomar alguma decisão sobre isso.

- É verdade. Já estamos demorando muito a tomar decisões sobre este problema...

- E como o Senhor sempre diz: a pior decisão é não tomar decisões, não é, Excelentíssimo?

- Claro que é. Diga aos diretores que estou convocando o conselho para essa tarde.

E assim foi o macaco-prego para a sua mesa enviar emails para todo o conselho. “Em caráter de urgência, eu estou convocando o conselho para essa tarde, ao pôr do sol. Assinado: ministro Macaco-prego.”

Na hora determinada, todos se reuniram no salão do reino e, sem muitas demoras, o rei apresentou o problema e esperou as sugestões da sua diretoria.

- Senhores, não há muitas alternativas. – disse o Leão. - Ou vamos para a batalha ou deixamos as hienas nas nossas terras. Eu gostaria que meu povo não sofresse novamente.

- Acho que devemos assinar um tratado de paz com as hienas. – disse o Hipopótamo. - Ninguém quer mais guerras.

- Considero um tratado de paz como a solução ideal. – proferiu a Girafa. – Vamos evitar derramamentos de sangue.

- Qual a sua opinião, Coruja? – perguntou o rei.

- Penso que vocês estão todos errados. Na verdade, estou com vergonha da covardia de vocês. Vocês sabem como as hienas procriam rapidamente. Em pouco tempo, a população delas será enorme e incontrolável. Elas vão ganhar mais território e comer todas as nossas provisões. É uma burrice sem tamanho deixar de agir energicamente agora. Deveríamos expulsá-las imediatamente.

- Eu discordo de você, Diretora Coruja. – soltou o Macaco. – Se o nosso imperador diz que não quer guerras, ele que está certo. O rei nunca erra. Apoiemos o rei.

E todos aplaudiram o discurso do ministro macaco.

A decisão foi por aclamação e, quase unânime. Só a Coruja manteve a sua posição e foi voto vencido.

Anos depois, a floresta era uma terra arrasada. As hienas ganharam força e destruíram tudo.

A Coruja estava certa, mas não havia mais ninguém para relembrar o seu conselho. Todos haviam migrado ou morrido. Mas, antes da partida, o Leão devorou o Hipopótamo, a Girafa e, é claro, o adulador Macaco-prego.

- Senhor, senhor, não me coma! Eu fui seu servo fiel, dedicado, submisso...

- Eu precisava de conselhos honestos, Macaco, e não de bajulação. – foram as últimas palavras que o macaco ouviu antes de ser abocanhado.

Moral da história: Evite os bajuladores. O seu colaborador mais leal pode ser justamente aquele que tem coragem de discordar de você. Ninguém está certo sempre. Líderes precisam de pessoas que os questionem sim. Sempre com bons argumentos, no fórum correto e da maneira correta. Não seja um bajulador e, se for líder de uma equipe, não se cerque de bajuladores. Esse é o caminho mais rápido para o fracasso. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Pequenos hábitos x Grandes resultados - Pontualidade - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Seja pontual – a sua carreira agradecerá”

 

- E aí, João, bom dia! Fazendo o que aí sozinho?

- Oi, Pedro! Temos reunião em 5 minutos. – respondeu João, ainda checando os emails no celular.

- Para com isso, cara! Você sabe que essa reunião mensal nunca começa no horário. Por que você não fica na sua mesa e volta daqui a 15 minutos? – disse Pedro, com cara de desdém.

- Não, prefiro ficar e esperar aqui. – Respondeu, calmamente, João.

- Tá bom, você manda! Mas só vou avisando uma coisa: Essa sua mania de ser pontual nessa empresa é coisa estranha, viu? Nem o chefe chega no horário! Por que você tem sempre esse péssimo hábito de chegar adiantado aos seus compromissos?

- Pedro, respeito a sua posição e agradeço o conselho. Mas prefiro ser pontual, mesmo que nem o meu chefe seja. A decisão de ser pontual é minha, não dele.

Pedro, novamente, fez cara de desdém e saiu da sala, voltando 20 minutos depois com todos os convocados para a reunião, que começou, como sempre, com 15 minutos de atraso.

Historicamente, nós brasileiros, não somos pontuais. Isso é quase cultural. Já morei em estados de norte a sul e garanto: pontualidade não é o nosso forte. Posso até dizer que para alguns, a pontualidade é quase uma ofensa.

Desde cedo, meu pai me ensinou a ser pontual e cumprir rigorosamente os horários combinados. Lembro-me até de algumas “punições” por não ser pontual na hora do jantar, no horário de cumprir com as tarefas da escola ou de ir dormir. Como sempre, quando somos crianças, não entendemos bem a razão de algumas coisas. Essa era uma delas. Pra que ser tão pontual? “Que chato!”

Por fim, formei-me, saí de casa e fui batalhar pela minha carreira. Aí todas as as respostas vieram, quase como um tsunami. Vi com meus olhos a importância de algumas coisas que antes pareciam bobagens ou perfeccionismos “idiotas”. A pontualidade foi uma delas.

Ser pontual significa várias coisas, não apenas cumprir horários. Ser pontual tem um papel enorme em várias competências que são necessárias para a sucesso profissional. Ser pontual é algo determinante para o sucesso de muitas relações profissionais e para a confiança que se estabelece em um profissional. E o bom (por um lado) disso tudo é que a concorrência nesse tema é muito baixa. Quase ninguém se interessa pelo assunto. A maioria segue a manada e entra na onda dos “15 minutos de tolerância”. Portanto, quem é pontual nada de braçada, praticamente sem concorrência.

Ser pontual (principalmente no Brasil) é mais uma questão de fé do que de ciência. Há poucas pessoas que cumprem seus horários à risca, e esses, assim com o o João, são quase motivo de chacota. Mas eu conheço, e muito bem, o que uma imagem de “ser uma pessoa pontual” vale ao longo de uma carreira. Vale muito, muito mesmo. Uma pessoa pontual é mais confiável. Se é mais confiável, é mais comprometida. Se é mais comprometida, pode receber mais responsabilidades. Se pode receber mais responsabilidades, pode produzir resultados mais expressivos. Se pode produzir resultados mais expressivos, vai crescer mais. Simples assim e, como sempre digo, quase matemático.

Pois essa é a mensagem de mais um texto da série “Pequenos hábitos x Grandes resultados” - Seja pontual sempre! Independente de quem quer que seja discordar, tirar sarro da sua cara ou tentar mudar a sua postura. Esteja em todos os seus compromissos com antecedência. Pode ter certeza que, aos poucos, as piadas irão se transformar em elogios. E mesmo que ninguém assuma, no dia em que pensarem em alguém para um projeto que precise de comprometimento e seriedade, o seu nome estará no topo da lista. Nesse caso, nadar contra a correnteza é um sinal de inteligência. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Versões e fatos - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

“Versão é versão. Fato é fato. Quem não sabe disso, aliena-se”

 

Praticamente toda história envolve embates. Desde a chamada revolução cognitiva há 70 mil anos, passando pelos séculos antes de Cristo até o dias atuais, o ser humano está se envolvendo em alguma disputa. Lutas por ideias, poder, dinheiro, terra, admiração, enfim, por tudo. O homem é e será sempre um competidor. Isso é da nossa natureza e do modelo de sociedade que montamos. As pessoas, geralmente, querem sempre mais. São ambiciosas ou gananciosas, e isso gera uma sociedade de embates constantes.

A questão que quero trazer hoje é exatamente a credibilidade das histórias que ouvimos e como nos posicionamos em relação a elas. Um ponto é bem fácil de entender: as histórias sempre são contadas (e escritas) pelos vencedores. Pare e pense, na imensa maioria dos casos, quem registra as batalhas são os vitoriosos. Raramente temos a oportunidade de entender a fundo o que realmente ocorreu. Por isso muitos historiadores gostam do termo “atribui-se”, ou seja, “como não temos 100% de certeza do que houve, atribuímos”. Gosto dessa visão menos totalitária, até pelo fato de que o que acontece entre quatro paredes só é conhecido por quem estava lá. Em alguns casos, nem existem vencedores ou perdedores, mas há um com maior palco para contar a sua história. Independente do caso, sempre tem alguém com uma versão mais “longa e detalhada”.

Bom, se os vencedores sempre contam a história, como você acha que as “batalhas” serão descritas? Como o vencedor geralmente apresenta as suas versões? Alexandre, o Grande, viajava sempre com cronistas que registravam (e aumentavam) suas as façanhas. Eles contavam as histórias das batalhas, sempre evidenciando a vitória de um exército menor sobre o maior, enaltecendo os valores de audácia, estratégia e coragem do famoso conquistador. A questão é simples: quem tem a "voz" diz sempre o que bem quer. Perdedores, por exemplo, são mudos.

Na vida pessoal e profissional, não é diferente. Todo santo dia ouvimos algo sobre alguém. Dependendo da força e da credibilidade da fonte, tendemos a acreditar. Mas isso pode ser uma grande armadilha, porque a fonte nem sempre é 100% confiável, nem sempre sabe de tudo e (quase) nunca é imparcial. Esses três ingredientes são suficientes para tomarmos um cuidado básico – não acreditar em tudo que se ouve. Dependendo da situação, até temos a oportunidade de ouvir a outra parte envolvida, mas na maioria das vezes não temos.

Acho incrível como as rodas de café nas empresas conseguem reunir pessoas com essa enorme capacidade de acreditar e disseminar mitos e versões equivocadas sobre fatos. Já debati esse tema com muita gente e a conclusão é uma só:  pessoas limitadas intelectualmente e normalmente invejosas, gostam de dedicar uma parte do seu tempo a diminuir os demais. Esse fenômeno é quase uma versão “light” da esquizofrenia, quando alguém cria um mundo paralelo e acredita nele.

Essa postura, se não eliminada, pode trazer prejuízos enormes na carreira e na vida. Acreditar em tudo o que se escuta sobre todos nos leva a tomar decisões equivocadas, emitir opiniões erradas sobre pessoas, negócios, produtos ou clientes. Acreditar em tudo nos torna manipuláveis, fracos diante de questões maiores e incapazes de liderar uma equipe. Ou seja, a carreira trava e viramos marionetes profissionais. As empresas estão cheias de profissionais deste naipe.

O convite hoje é para esta reflexão. Muito cuidado ao analisar uma história e tirar conclusões a partir dela, independente de quem lhe contou. Com o tempo, a gente conhece e reconhece com facilidade esse perfil de esquizofrênicos que gostam de criar mitos, histórias irreais e disseminá-las. Fuja desse time e dessas pessoas. Elas têm um poder enorme de destruição. É melhor ficar longe e não se aliar a essa turma.

Fatos são fatos. Versões são versões. Nem sempre coincidem. Portanto, ouça sempre com cuidado e análise crítica aquilo que ouve, e muito cuidado ao tomar decisões a partir de história contada por outros. Até o próximo!

 

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Não se esconda na crise - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Quem ficar na toca, vai dançar. Quem sair dela, vai colher”

 - Theo, Theo, onde você você vai? Que cara é essa? Parece transtornado!

- Vou sair por aí. Procurar comida, água e novos projetos.

- Você bebeu? Estamos todos aqui, juntos. Pra quê se arriscar? O chefe falou para ficarmos juntos nessa crise e não nos arriscarmos muito. Tá faltando comida, água, tudo por aqui. Vamos esperar tudo isso passar e seguimos em frente!

- Pois é, não concordo com ele. Ficar aqui, parado, esperando as coisas caírem do céu? Nem pensar. E tem mais, percebe o cheiro que fica no ar com todo esse bando junto, sem tomar banho há dias. Eu, heim! Vou nessa!

E assim Theo se mandou, sozinho, no meio da seca e do calor dos infernos, mas confiante que a crise do momento não deveria lhe estagnar ou acomodar.

Depois de algumas semanas, com o tempo melhor e a chuva dando sinais de que cairia, o bando de Gnus resolveu se mover. Todos sujos, entediados, desanimados e magros, saíram pelas savanas na direção da chuva e do verde. Depois de tanto tempo sem se exercitarem, alguns nem conseguiram mais levantar e morreram por ali mesmo. Os que conseguiram seguir, estavam magros, descontentes e com o raciocínio meio travado. Afinal, foram muitos dias sem encontrarem nada.

Mais adiante, avistaram de longe um grupo pequeno de Gnus. Todos fortes, felizes e dançando. Ao chegarem perto, quem dá um sinal? Theo. Ele mesmo.

- Theo! Tudo bem? Que bom vê-lo! Achávamos que você tinha morrido.

- Olá, queridos! Bom revê-los também. Pois é, confesso que também tive medo de morrer, mas acho que o medo também me ajudou a enfrentar a situação.

- O que você fez? Pra onde foi? Conta, conta!

- Bom, o que fiz foi simples. Fui em busca dos meus amigos e parceiros. Fui procurá-los para saber se tinham alguma oportunidade para mim ou um espaço em seus bandos. No início, tive um pouco de vergonha, mas depois fui ganhando confiança e mostrando os meus talentos. Sou um bom farejador, sabia? E tenho persistência! Eles curtiram essas habilidades.  Até que achei esse grupo. Eles precisavam exatamente que eu tinha para oferecer. E aqui estou.

- Caramba, Theo! Que legal. Parabéns pela coragem e iniciativa. Enquanto isso, nós ficamos lá, parados e esperando as coisas melhorarem. Que perda de tempo!

Essa fábula me veio à cabeça depois de uma mensagem que recebi nessa última semana. Uma ex-aluna me escreveu pedindo ajuda para escolher entre duas propostas de emprego que tinha nas mãos. Duas empresas grandes, dois cargos legais, dois possíveis futuros chefes competentes e uma dúvida: Qual escolher?

Veja:  no meio de uma crise, alguém com duas propostas fantásticas e tendo que escolher entre elas. Um caso raro? Não. Pode acreditar. Mesmo em momentos difíceis, há pessoas que estão encontrando oportunidades e crescendo. E a razão disso é que essas pessoas não estão enfiadas em uma toca esperando a crise passar. Estão ativando a sua rede de contatos, conversando com pares do mercado, estão atentas aos movimentos de algumas empresas e setores que já estão se preparando para retomar o crescimento.

A crise vai acabar. Não tenha dúvida disso. Já ouço rumores de que alguns setores já começam a pensar no segundo semestre de 2016 com apetite de contratar e crescer. O Brasil não vai afundar. O mundo não vai acabar.

Portanto, se você estiver na toca, saia já! Tome um banho, coloque suas armas (competências, habilidades) na cintura e vá encontrar um lugar onde possa fazer a diferença. Apresente-se, sem vergonha ou temor. Só não fique na toca, porque dali não sai nada. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

 marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo 

LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo - Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Fanatismo no comando - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

“Qualquer tipo de fanatismo é, por definição, burro”

 

Ainda estamos estarrecidos com os últimos atentados terroristas na França. Mais de uma centena de inocentes mortos por causa de fanatismo religioso. Está tudo meio estranho, meio confuso. O mundo virou um barril de pólvora. Nunca foi muito indicado se cultivar 100% de segurança e confiança em nada ou em ninguém, mas, ultimamente, parece que a situação está ainda mais complicada. Parece, na verdade, que vivemos a maior crise de descrédito dos últimos tempos. E o pior é que ninguém sabe como isso tudo vai acabar, se é que vai acabar. A crise de confiança é total.

Fiz um post recente na minha página do facebook recomendando um ótimo livro que estou lendo (Sapiens: Uma breve história da humanidade, autor Yuval Harari, 2014). Essa viagem pelos últimos 45.000 anos de história tem sido provocante, e até citei neste post uma reflexão do autor sobre os mitos e as ficções. Segundo o autor, um homo sapiens conseguia dominar um grupo de, no máximo, 150 pessoas. Isso há 15.000 anos.

A ferramenta desenvolvida para fazer com que pessoas desconhecidas pudessem colaborar de forma eficaz em uma causa foi o que o autor chama de mito ou ficção, ou seja, criar algo que as pessoas acreditassem e seguissem. Quanto melhor fosse contada a história, mais seguidores convictos ela faria. Essas entidades têm um poder enorme de colocar pessoas lutando pela sua causa e consolidar um líder no poder. Foi uma estratégia genial, segundo o autor. Isso foi determinante para o ser humano dominar o mundo e as outras espécies.

O autor acredita que as religiões surgiram dessa necessidade. Bem mais recente, a criação das empresas também representa outra ficção, ou seja, uma entidade criada para fazer com que estranhos colaborem. Obviamente estou aqui fazendo a síntese da síntese desse longo texto. Mas ao analisar o poder das religiões, das empresas, dos times de futebol, entre outras entidades que constroem verdadeiros exércitos, fico me perguntando: Essas entidades produziram mais o bem ou mais mal? Com certeza foram fundamentais para o desenvolvimento do mundo, mas a pergunta não deixa de ser provocante.

Tem muita gente criticando a religião A ou B, o posicionamento político A ou B. A intolerância com o diferente é total. Mas creio que a maioria se esquece da causa maior dos problemas – o fanatismo.

Na minha visão, cada um de nós tem o direito legítimo de seguir a causa que quiser, a orientação política que quiser, a religião que quiser e o time de futebol que quiser. Lutar por essa causa é bom e ajuda a dar sentido à vida. O problema é quando se perde o controle, ou seja, quando deixamos de ser seguidores e passamos a ser fanáticos. Nessa hora, quando perdemos o controle sobre o nosso desejo, viramos um animal irracional.

O fanatismo cega, não nos permite enxergar o outro e nos deixa manipuláveis por outros fanáticos. O resultado? Isso que está aí. Não só na França, mas na guerra da Síria, nos torcedores de times rivais se matando na rua, no conflito eterno em Israel e em vários outros locais e dimensões sociais. O problema não são as causas, mas o fanatismo por elas.

Nas empresas não é diferente. Algumas pessoas perdem o controle sobre o que significa uma relação saudável no trabalho. Algumas se matam pelas suas empresas, abdicam de ter uma vida equilibrada ou da família para se dedicar exclusivamente ao trabalho. Outras, compram os objetivos da empresa de forma tão cega e radical que esquecem de se perguntar qual é a função social de tudo. Há uma diferença básica entre comprometimento e fanatismo. O resultado do fanatismo? Está aí também. Empresas que não respeitam as leis, que exploram as pessoas e o meio ambiente de forma irresponsável. A causa? Mais uma vez, o fanatismo. Neste caso, o fanatismo pelo lucro a qualquer custo.

Embora triste com tudo o que vejo hoje, tenho dito aos meus alunos que este é um momento propício para cada de nós pensar um pouco no sentido que está dando para cada dimensão da sua vida e das suas ações. Será que não estou perdendo o controle sobre os meus desejos? Será que não estou fanático por algo que, no fundo, não é bom? Pense nisso. Defenda suas causas, mas sem fanatismo. Ele destrói mais do que constrói. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

 marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo 

LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo - Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333