A bebida deve ser conservada corretamente e consumida em seu auge para não se transformar em vinagre
Embora a expressão “envelhecer como vinho” tenha como objetivo ressaltar que algo está melhor ou mais belo atualmente em comparação com o passado, o vinho, ao envelhecer, nem sempre atinge seu esplendor.
Para que o consumidor não saia frustrado ao encontrar uma garrafa empoeirada na adega, antes mesmo de pensar em se aproveitar do rótulo, seja degustando ou revendendo a “relíquia”, é preciso descobrir se o vinho virou vinagre.
A cultura do envelhecimento da bebida foi essencial por milênios, pois, no passado, os vinhos jovens eram excessivamente duros e tânicos, difíceis de ingerir. Ao serem armazenados por longos períodos, eles se tornavam mais palatáveis.
Por que o vinho vira vinagre?
Quando a garrafa é inadequadamente armazenada por anos, ocorre a oxidação do vinho, o princípio básico para se fabricar o vinagre.
Para que a reação ocorra, o álcool presente no vinho (etanol) precisa reagir com as moléculas de oxigênio do ar. Se isso acontecer, o etanol oxida-se, transformando-se em ácido acético, principal componente do vinagre.
Ou seja, o contato do líquido no interior da garrafa com o ar pode estragar o vinho, independente do potencial de guarda que ele possui.
O que influencia no prazo de validade do vinho?
Ao escolher o exemplar em adegas, empórios e mercados, o consumidor encontra o prazo de validade do vinho estampado na garrafa, condição essencial para a comercialização de produtos alimentícios no país. No entanto, a validade aparece como “indeterminada”.
Isso ocorre porque cada vinho possui validade diretamente relacionada ao seu potencial de guarda e estado de conservação, entre outros fatores, e é preciso compreender essa relação para evitar que o vinho estrague.
Potencial de guarda
Ao adquirir um vinho, é interessante buscar informação sobre o potencial de guarda da bebida, ou seja, o prazo ideal para consumir o vinho no seu melhor estado. Passado esse tempo, o vinho começa a declinar e não é mais ideal para consumo.
Quando este período é distante, de mais de 10 anos, a bebida é considerada como um vinho de guarda. Seus aromas e sabores vão aumentar em complexidade com o passar do tempo, desde que a garrafa seja conservada corretamente.
Porém, a maioria dos vinhos conta com um potencial de guarda reduzido, entre 1 e 5 anos.
Para os vinhos brancos e rosés o ideal é apreciá-los em até dois anos, embora existam exemplares raros e de alto valor que podem ser armazenados por mais tempo.
Já os vinhos tintos possuem mais taninos em sua composição, o que auxilia a preservar a bebida. Neste caso, eles podem ser consumidos em até 5 anos.
Estado de conservação
O armazenamento correto das garrafas de vinho tem potencial de prolongar o prazo de validade das bebidas. É por isso que os enófilos apostam em sofisticadas adegas para a conservação.
O vinho deve ficar na posição horizontal, principalmente aqueles que possuem rolha de cortiça - isso impede o ressecamento do material e a entrada de oxigênio, que oxida a bebida.
O ideal é que a bebida seja conservada em um local estável, sem trepidações. Além disso, a garrafa deve estar protegida de fontes de luz.
É preciso evitar as alterações bruscas de calor. Se não houver uma adega climatizada, é possível colocá-los na geladeira, mas nunca na porta.
Qualidade da uva
Conhecer a qualidade da uva auxilia o consumidor a prever a longevidade da bebida.
Antes de levar um novo exemplar para casa, é possível consultar guias especializados para descobrir se a qualidade da safra estampada na garrafa foi boa ou ruim.
Rolha
Cerca de 5% da produção mundial de vinho é afetada pela bouchonnée, também conhecida como doença da rolha, que causa odor e gosto de mofo no vinho, tornando-o impróprio para consumo.
O problema é causado por uma substância que surge quando há presença de fungos na rolha de cortiça.
É impossível saber se a rolha apresenta esse problema antes de retirá-la completamente. O consumidor que não quiser contar com a sorte pode optar por rolhas sintéticas ou pelas tampas de rosca, que não interferem na qualidade da bebida.
Como saber se o vinho ainda está bom para consumo
O método infalível para detectar se o vinho está propício para o consumo é, sem dúvidas, conferir o seu sabor. Se estiver muito amargo ou ácido, o vinho estragou.
Porém, não é preciso colocar a bebida na boca para identificar se ainda é possível consumi-la.
A rolha é o primeiro sinal a se reparar. Se ela estiver despedaçando, seca ou com odor, desconfie. Odores fortes na bebida, como de vinagre ou acetona, indicam que o vinho provavelmente se oxidou.
A coloração também dá indícios do estado da bebida. Ao colocá-lo em uma taça, se for um vinho tinto, ele não deve apresentar tons acobreados; os brancos ganham tons rosados ou avermelhados quando estragados .
Ainda na garrafa, se o vinho diminuir de volume com o passar do tempo, ele pode ter sido exposto à radiação UV, o que também configura uma bebida imprópria para consumo.
Depois de aberto, o vinho dura, em média, de 2 a 3 dias na geladeira. Após esse período, ele naturalmente se oxida. É possível utilizar uma tampa à vácuo para remover o oxigênio da garrafa, e, assim, adicionar mais 1 ou 2 dias ao exemplar que não foi completamente consumido.
Fonte: Divinho