Conheça as 5 fazendas de uva mais antigas do Brasil e o quanto elas produzem hoje

A arte milenar da produção de vinhos encontrou um terreno fértil no Brasil. Saiba quais são as mais tradicionais vinícolas do País e por que você deve conhecê-las melhor

O vinho e a história do Brasil estão intrinsecamente conectados. Antes mesmo da chegada dos portugueses em terras tupiniquins em 1500, trazendo na bagagem uma grande experiência vinícola, nossos indígenas já produziam suas próprias fermentações a partir da mandioca.

Esta relação tão próxima pode ser uma das razões para comprovar a paixão do brasileiro pela bebida de Baco. Durante um ano de pandemia, a busca aumentou de maneira considerável: apenas em 2020, o consumo de vinho cresceu 18,4% no Brasil, de acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).

Neste artigo, vamos contar um pouco mais sobre o terreno fértil para a vinicultura que existe no Brasil e a história deste mercado, além de indicar as 5 vinícolas mais antigas do País que carregam tradição, sabor e história.

A história do vinho no Brasil

Hoje em dia, a região Sul é responsável pela maior produção de vinho do Brasil. Mas a história das vinícolas começa em outro lugar: as primeiras terras tupiniquins dedicadas à plantação de uvas eram onde hoje fica o bairro do Tatuapé, na zona leste da cidade de São Paulo (SP).

A primeira videira do Brasil foi trazida pelo português Brás Cubas, em 1532. As condições não eram as mais favoráveis, o que gerou um fracasso no projeto.Três séculos depois, em 1865, a atividade foi retomada por João da Silva Carrão, também na zona leste de São Paulo.

Mas foi com o fluxo imigratório de italianos para o Brasil, entre 1870 e 1875, que a produção vitivinícola começou a ganhar os contornos do que conhecemos hoje. 

Os imigrantes italianos se estabeleceram, inicialmente, em pequenos lotes de terra na região da Serra Gaúcha, onde viram uma boa oportunidade para tentar reproduzir os vinhedos de sua terra natal.

As condições mais favoráveis e o conhecimento sobre o correto cultivo das uvas européias fez com que os italianos se tornassem os grandes disseminadores do vinho pelo Brasil. 

Hoje, a região da Serra Gaúcha conta com algumas das mais tradicionais vinícolas do País, que unem sua longa história à alta tecnologia implementada para o desenvolvimento de vinhos de excelente qualidade - do plantio da uva ao engarrafamento do líquido.

O crescimento das vinícolas brasileiras

Até os dias de hoje, a tradição da vitivinicultura se mantém forte no Brasil, com regiões dedicadas ao cultivo das mais variadas espécies de uvas espalhadas por todo o território nacional - indo do principal polo produtor de vinhos do País, na Serra Gaúcha, até áreas mais improváveis, como no estado da Bahia, passando por regiões que ganham cada vez mais notoriedade, como o interior do estado de São Paulo.

Um estudo divulgado no início de 2021  pela Ideal Consulting, consultoria especializada no mercado nacional de vinhos, mostrou que o País conta, atualmente, com 1.003 vinícolas. O número crescente de produtoras é um reflexo do apetite do brasileiro por conhecer mais sobre os vinhos produzidos localmente.

Afinal, o vinho vem ganhando cada vez mais popularidade no dia a dia da população brasileira. E 2020 foi uma prova disso: o ano ficou conhecido como a Safra das Safras, com produção nacional de 24,2 milhões de litros de vinho, o que representou um aumento de 56,56% em comparação com 2019. Os dados são da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).

Tanto sucesso é resultado de uma história centenária, que teve início com pequenas famílias de agricultores imigrantes que encontraram um solo fértil para o plantio de uvas que, anos depois, virariam vinhos de sucesso.

Para homenagear tanta história da arte de fazer vinho e seu desenvolvimento no Brasil, listamos aqui as 5 vinícolas mais antigas do País e a sua contribuição para o desenvolvimento deste mercado.

As 5 fazendas de uvas mais antigas do Brasil

A história das vinícolas brasileiras como conhecemos começa em 1910, na Serra Gaúcha. Apesar disso, a produção de vinho no Brasil era feita de maneira mais informal desde muitos anos antes.

Você, com certeza, já ouviu falar de pelo menos uma das vinícolas abaixo. Elas ajudaram a elevar a qualidade do vinho no Brasil, fazendo com que rótulos nacionais ganhassem o mundo. Agora, é o momento de conhecer um pouco mais de suas histórias.

Vinícola Salton (Bento Gonçalves - RS) 

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Imagem: Instagram Salton

Fundada em 1910, a história da Vinícola Salton remete à chegada ao Brasil de seu fundador, Antonio Domenico Salton, ainda no século XIX. Ele e sua família se estabeleceram em terras gaúchas, mais especificamente na região de Dona Isabel.

O italiano criou uma “Casa di Pasto”, estabelecimento onde servia refeições, queijos, embutidos e vinhos das parreiras que havia plantado em seu terreno. Mas a Vinícola Salton começou a tomar forma em 1910, quando seus filhos decidiram expandir o legado do pai após seu falecimento.

Mais de cem anos depois, a Salton é uma das principais vinícolas brasileiras, além de ser a líder na comercialização de espumantes no Brasil. A quarta geração da família administra o negócio, inspirada pelo cuidado e simplicidade de seus fundadores.

Vinícola Peterlongo (Garibaldi - RS) 

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Imagem: Instagram Vinícola Peterlongo

Conhecida como a única marca oficial de espumantes do tipo Champagne do Brasil, a Vinícola Peterlongo foi fundada em 1915 por Manoel Peterlongo Filho, italiano apaixonado pela vinicultura, uma herança de sua família de produtores de espumantes. Ele se estabeleceu na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul.

Peterlongo utilizou em suas terras o mesmo método de produção dos espumantes franceses da região de Champagne, priorizando as caves subterrâneas, mais frias e úmidas. Em 1913, seu champanhe ganhou uma medalha de ouro na exposição de uvas de Garibaldi, iniciando uma história de sucesso para a Vinícola Peterlongo.

Cooperativa Vinícola Garibaldi (Garibaldi - RS) 

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Instagram: Cooperativa Vinícola Garibaldi 

Diferentemente das outras vinícolas, a Garibaldi se diferencia por ter surgido a partir de um sonho em comum de várias famílias de agricultores que buscavam melhores condições de vida no Brasil.

Fundada em 1931 na cidade de mesmo nome, a Vinícola Garibaldi conta com mais de 400 famílias produtoras que, geração após geração, investem em mais tecnologia e conhecimento para desenvolver produtos de alta qualidade e de maneira sustentável.

Vinícola Aurora (Bento Gonçalves - RS) 1931



Imagem: Site Vinícola Aurora

Localizada na cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, a Vinícola Aurora foi fundada em 1931 por 16 famílias de produtores de uvas, também no modelo de cooperativa. Atualmente, a Aurora é a maior vinícola do País.

Com cerca de 1.100 famílias associadas à cooperativa, os produtores buscam sempre ampliar o conhecimento técnico e tecnológico, com o objetivo de lançar produtos cada vez melhores e que possam trazer mais crescimento ao negócio.

Vinícola Góes (São Roque - SP) 

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Imagem: Site da Vinícola Góes

Saindo da região da Serra Gaúcha, a Vinícola Góes é uma das mais antigas do estado de São Paulo. Foi fundada pelo casal de imigrantes portugueses Benedito Moraes de Góes e Maria das Dores Lima de Góes em 1938 na cidade de São Roque.

O plantio teve início por volta de 1920, assim como a elaboração de vinhos da família. Com o desenvolvimento industrial e melhoria de estradas, foi em 1938 que a Vinícola Góes foi estabelecida como empresa e começou a distribuir seus produtos em todo o estado e, depois, para todo o País.

Agora que você já conhece mais sobre a história das vinícolas brasileiras, que tal se preparar para conhecer os rótulos produzidos por elas, comprar seu vinho e se deleitar com sabores especiais?

Fonte: Vinho Fácil