Autoconhecimento liberta? Coluna autoconhecimento na prática por Maurício Duarte

Autoconhecimento liberta? Sim, liberta! Veja como.

Aline sempre foi criativa.

Desde criancinha inventava as brincadeiras mais incríveis e divertidas.

Falante e bem humorada, Aline era atenta a tudo o que acontecia ao seu redor e comentava de forma enfática sobre tudo e sobre todos. Seus comentários e observações eram de uma análise tão rica, que surpreendia à sua mãe.

Assim era com os amigos, com a família e também na escola.  Na escola, sua criatividade era inegável. Trabalhos impecáveis e com muita autoria.

Porém, apesar de toda essa energia utilizada de forma tão iluminada, residia um problema que, por vezes, arrancava umas madeixas de sua mãe: às vezes o pedido pela cartolina para aquele trabalho a ser entregue na segunda-feira, chegava no domingo às 22 horas. Mas, bastava colocar a cartolina em suas mãos, o resultado seria arrasador com toda certeza, só faltava uma certa organização.

Filha de uma mãe com afinidade com a Educação Infantil, Aline sempre recebeu o apoio para aprender a se organizar, não somente para cumprir os seus prazos, mas também para se lembrar do que deveria ser feito.

A saída foi brilhante. Usar post-its coloridos, por tipo de atividade. Coisas da escola tinham uma cor e, se fossem mais importantes que a outra, receberia nova cor, e assim por diante.

Aparentemente o problema estava resolvido, a menos que o post-it acabasse. Mas, resolver a situação fisicamente é uma coisa, psicologicamente é outra.

Apesar do problema ter sido parcialmente contornado, Aline sentia por dentro que aquela “prótese mental” era necessária porque ela tinha o que ela mesma considerava como um defeito.

Como assim, alguém que falava tão bem, que tinha uma mente inquieta e criativa, que entregava bons projetos, não conseguia dar conta de se lembrar, sem artifícios, de compromissos como todo mundo?

Seria algo a ser tratado de forma diferente? Como as coisas do coração e da autoestima só tendem a piorar em certos casos, com Aline não foi diferente.

Tendo se formado com méritos em Publicidade, veio o desafio do primeiro emprego. Ahhhh a coisa aí já era um pouco diferente e mais complicada para administrar, diante das expectativas de seus gestores com relação ao tempo.

Novas ideias não faltavam mas, como em toda empresa, uma demanda não aparece somente após o término de outra e aí se percebe que ‘o buraco é mais em baixo’, como se diz no popular, quando se tem que fazer escolhas sobre o quanto de tempo se pode dedicar a cada projeto e entregá-los a tempo.

Lembra da ajuda dos post-its? Pois bem, sendo considerado uma muleta ou algo que Aline não digeria bem, imagina ter  que usar esses artifícios no trabalho?! Poderia, de alguma forma, aparentar que ela não tinha controle sobre a sua própria agenda ou parecer algo infantil?

Não fazendo uso dos artifícios habituais, as coisas foram um pouco mais difíceis para ela, que acabava consumindo mais energia do que o necessário para gerenciar as demandas e lembrar de tudo a tempo.

Foi assim que Aline nos procurou há mais ou menos sete anos, com esses desconfortos e, principalmente, para entender o porquê deles a incomodarem tanto.

É aí que a chave do autoconhecimento a libertou das amarras da angústia e até um pouco da baixa estima.

Em seu Mapa Comportamental ficou comprovado que Aline tinha uma alta Influência, era do tipo falante, que tentava sempre influenciar as pessoas através da comunicação, mas também, era altamente influenciada pelo que as pessoas pensavam sobre ela. Aí reside o problema número um: em casos de atraso de prazo de entrega, Aline sempre tentava justificar pela conversa e nem sempre isso adiantava. Por outro lado, uma expressão de desaprovação por parte dos gestores a deixava muito chateada e constrangida.

 Um outro ponto a ser analisado em seu Mapa Comportamental, o fator Conformidade, fazia com que, apesar de ser muito observadora, nem sempre levasse em consideração as informações que obtinha para cumprir as demandas especificadas em termos de prazo, apesar sempre apresentar soluções inusitadas e altamente aplicáveis para o problema colocado.

Além da ansiedade, que era grande, e do apreço por coisas novas, a sensação de que ela tinha algum problema pessoal vinha à tona com grande facilidade.

De forma alguma havia um defeito!! O que há é uma característica a ser considerada na hora de se organizar.

 O problema dela estava no fato de que ela não conseguia olhar a ‘foto de seu perfil’ por outro ângulo. Sabe aquela conversa de que todos nós temos um ângulo melhor de fotografia? Pois é, às vezes estamos olhando o ângulo errado de nosso perfil que nos parece feio. Mas basta um especialista lhe ajudar a ver o outro lado, o ângulo bonito, que tantas vezes as pessoas insistem em desvalorizar, olhando o lado errado.

  Aline era comunicativa, gostava de desafios novos, criativa e tinha senso de urgência, mas esse último, é que ela não andava olhando direito.

 Ao se obrigar a ficar tentando lembrar das coisas que tinha a fazer, a gerenciar seus tempos de entrega e de criação, tudo de cabeça, ela ‘violentava’ a sua criatividade e, por medo da opinião dos outros, desprezava a ferramenta que a mãe lhe havia oferecido e que comprovadamente funcionava.

 Num mundo altamente digitalizado, onde aparentar ser imbatível, feliz, eficiente o tempo todo, pode fazer com que a gente perca a nossa essência. Pior ainda, a maioria das pessoas nem conhece direito a sua essência e fica tentando mostrar aquilo que não é. No caso de Aline, ela se desgastava mais tentando se autocontrolar do que, na realidade, soltar os seus talentos e usar uma ferramenta para adaptar aquilo em que não era tão boa.

 Não adianta você ser mestre em algo se as pequenas coisas não deixam você mostrar no que você é realmente bom e, infelizmente, somos medidos pelo que entregamos e não pelo que sabemos.

  Entender que era criativa e tinha um grande potencial comunicativo fazia diferença na carreira de Aline, mas ter consciência de que se importar demais com o que pensavam dela, pegar mais trabalho do que tinha capacidade de entregar até para ajudar a outros colegas não comprometidos e ainda ter problemas de gerenciar entregas sem as ferramentas de aviso, poderiam arruinar a sua entrega de trabalhos com qualidade.

 Tendo entendido isso, Aline se libertou das amarras que tinha consigo mesma de achar que tinha defeitos e não características perfeitamente contornáveis e, melhor, que poderiam lhe dar mais tempo e controle para entregar aquilo que fazia melhor, no que tinha talento e que lhe proporcionavam felicidade no trabalho.

 Então meus amigos, autoconhecimento bem orientado pode lhe oferecer a chave da liberdade de ação almejada, tanto na vida profissional quanto pessoal.

 Não se pode conseguir resultados diferentes fazendo as mesmas coisas. Portanto, se as coisas não estão acontecendo na sua vida como você sempre desejou, se os seus resultados não estão indo bem e a sua felicidade no trabalho está ‘escorrendo pelo ralo’, é hora de mudar. Conheça-se e seja mais feliz.

Até a próxima,

Maurício Duarte

Maurício Duarte

Coluna Autoconhecimento

Maurício Duarte é desde 2005, Analista de Perfis Comportamentais, Motivadores, Axiologia e Inteligência Emocional, formado pela TTI - Target Training International. Bacharelado em Comunicação Social pela PUC Campinas, é pós graduado em DPHO- Desenvolvimento de Potencial Humano nas Organizações e Psicanálise. Diretor da Antares Talentos - Desenvolvendo Talentos para a Vida www.antarestalentos.com.br